INSS investiga fraudes causadas por associações
Descontos no INSS sem autorização atingem mais de 170 mil segurados; governo investiga uso de áudios falsos e cobra documentos válidos de associações

Mais de 170 mil beneficiários do INSS estão denunciando descontos indevidos realizados por associações diretamente em seus pagamentos mensais. A maioria afirma nunca ter autorizado qualquer filiação ou débito em folha. Ainda assim, os valores foram descontados sem aviso prévio, atingindo aposentados, pensionistas e beneficiários de programas como o BPC (Benefício de Prestação Continuada).
A situação se agrava, porque nos extratos bancários, os nomes das associações aparecem abreviados ou com siglas difíceis de identificar, o que dificulta ainda mais detecção das cobranças. Muitos dos atingidos são idosos ou pessoas com pouco acesso à internet, o que aumenta a vulnerabilidade diante da fraude. O número de reclamações cresceu significativamente nos últimos meses, chamando a atenção de autoridades federais e de entidades de defesa do consumidor.
Associações apresentam provas questionáveis
As associações envolvidas alegam que os descontos são legais e que houve autorização formal dos beneficiários, no entanto, investigações apontam inconsistências, em um dos casos. O CPF de um beneficiário foi encontrado em um documento que trazia o nome de outra pessoa. Em outro caso, uma gravação de voz apresentada como prova era, na verdade, o áudio de um terceiro, levantando suspeitas de clonagem de identidade.
Aplicativo Meu INSS (Foto: reprodução/Pinterest/@Perfilcom)
O INSS já iniciou auditorias internas e está exigindo que as entidades envolvidas apresentem documentos válidos e rastreáveis. A Defensoria Pública e o Procon também acompanham os casos e orientam os segurados sobre como proceder. Aplicativos, cartilhas e plataformas digitais estão sendo atualizados para facilitar o atendimento e o envio de reclamações por parte dos cidadãos prejudicados.
Governo quer impedir novas fraudes
Para conter os abusos já registrados, o governo federal pretende implantar regras mais rígidas e ampliar a fiscalização sobre as associações que realizam descontos nos benefícios do INSS. A proposta é que qualquer desconto só ocorra mediante autorização expressa, registrada e comprovável, garantindo maior transparência e segurança aos beneficiários.
Além disso, o plano inclui a implementação de sistemas tecnológicos para monitorar, em tempo real, os débitos automáticos, evitando fraudes e cobranças indevidas. Especialistas reforçam que os beneficiários devem acompanhar seus extratos com frequência, utilizando sempre canais oficiais, como o site do INSS, o telefone 135 ou as agências dos Correios, para esclarecer dúvidas e denunciar irregularidades.
O governo também prevê campanhas educativas para orientar os segurados sobre seus direitos e as formas corretas de contestar cobranças suspeitas.