Lula emite comunicado sobre morte de brasileira na Indonésia

A morte da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, na Indonésia, gerou uma onda de comoção no Brasil e levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a se manifestar. Lula afirmou que recebeu “com muita tristeza” a notícia de que Juliana foi encontrada sem vida na manhã desta terça (24), após passar quatro dias desaparecida em um penhasco no Monte Rinjani, um vulcão ativo na ilha de Lombok.



Presidente Lula manifesta condolências à Juliana Marins e família (Reprodução: X/@ErikakHilton)

Acidente de Juliana e seus desdobramentos

Nascida em Niterói, formada em Publicidade e Propaganda pela UFRJ e atuante como dançarina de pole dance, Juliana estava em uma viagem pela Ásia e realizava uma trilha guiada no Monte Rinjani, vulcão ainda ativo que se eleva a 3.721 metros de altitude e ao seu redor tem um lago, um destino popular entre aventureiros.

Na madrugada de sábado (21) a jovem se desequilibrou e caiu em uma área de difícil acesso, a centenas de metros da borda da cratera. Testemunhas relataram que, após a queda, Juliana ainda apresentava sinais de vida, conseguindo mover os braços e olhar para cima, tendo ainda registrado a cena em vídeo de drone. A notícia do acidente chegou à família no Brasil cerca de três horas depois do ocorrido.

As operações de busca e salvamento enfrentaram desafios, incluindo o terreno acidentado, as condições climáticas adversas com neblina intensa e quedas bruscas de temperatura, além da falta de equipamentos adequados.

Durante os quatro dias de buscas, a família de Juliana viveu momentos de angústia e expectativa, acompanhando o caso à distância e mobilizando esforços para pressionar as autoridades indonésias a intensificarem o resgate.

As reclamações da família e as suspeitas de negligência



Deputada Federal Erika Hilton (PSOL) denuncia negligência do Estado indonésio (Reprodução: X/@ErikakHilton)

Desde o início das buscas, a família de Juliana Marins tem levantado sérias questões sobre a condução do resgate, apontando indícios de negligência por parte das autoridades indonésias e do guia turístico.

Logo no início das operações de resgate, começaram a surgir relatos e vídeos que afirmavam que ela já havia sido localizada e, inclusive, que havia recebido água, alimentos e agasalhos. A irmã de Juliana, Mariana, precisou vir a público diversas vezes para corrigir as informações, esclarecendo que as equipes de resgate ainda não haviam conseguido chegar até ela, e chegou a relatar que até mesmo vídeos “forjados” foram enviados à família, aumentando a confusão e a dor.

Outro ponto levantado foi a falta de equipamentos adequados, com relatos da irmã de Juliana, Mariana, indicando que as cordas utilizadas nas tentativas de resgate não eram longas o suficiente para alcançar a jovem. Além disso, surgiram contradições nos relatos sobre a atuação do guia, com a família afirmando que ele teria sugerido que Juliana “descansasse” e seguisse viagem, versão negada pelo profissional.

Advogados e juristas apontam que pode haver responsabilidade do Estado indonésio e da agência de turismo/guia local. Em situações semelhantes, no Brasil, prestadores de serviço teriam uma “responsabilização enorme”. Para que o Estado brasileiro atue formalmente, é necessário esgotar os recursos internos na Indonésia e fazer uma solicitação formal.

Juliana Marins é encontrada sem vida em vulcão na Indonésia

No fim da manhã desta terça-feira (24), Juliana Marins, brasileira natural de Niterói, no estado do Rio de Janeiro, foi encontrada morta após despencar em um penhasco no Monte Rijani localizado na Indonésia. Somente hoje (24), após quatro dias de tentativas de resgate, a equipe conseguiu alcançar o ponto onde Juliana estava.

O que aconteceu

Juliana estava em uma viagem popularmente conhecida como “mochilão” percorrendo países asiáticos desde o mês de fevereiro deste ano e, antes de chegar à Indonésia, ela já havia passado pelo Vietnã, Filipinas e Tailândia.

A área onde Juliana se acidentou fica na ilha de Lombok, no Monte Rijani, onde está o vulcão ativo com cerca de 3.721 metros de altura. O local atrai muitas pessoas durante o ano, pois a paisagem é atrativa e conta com um lago ao seu redor, porém a trilha do percurso é difícil e exige bastante preparo e cautela.

Na tarde de sexta-feira (20), horário do Brasil, Juliana sofreu a queda do penhasco na trilha. Ela estava caminhando com mais seis turistas acompanhados por dois guias, mas se sentiu cansada e pediu para aguardar um pouco. Segundo a irmã de Juliana, Mariana Marins, todos seguiram a caminhada, inclusive o guia, que a deixou para trás.

Informações do parque dizem que Juliana teria se desesperado e não soube para onde ir ou o que fazer, e no momento em que o guia voltou para buscá-la, percebeu que ela havia caído.

Reportagem Juliana Marins (Vídeo: reprodução/YouTube/@bandjornalismo)

O relato do guia

Ali Musthofa, o guia que acompanhava o grupo naquele dia, contou em entrevista ao jornal O Globo que falou para Juliana descansar por alguns momentos enquanto ele seguiria caminhando, mas que esperaria ela em um ponto mais a frente.

Ali disse que estava apenas três minutos à frente de Juliana e que após aguardar entre 15 e 30 minutos achou a demora muito grande e voltou para buscá-la, foi nesse momento que ele percebeu que ela havia caído porque viu a luz da lanterna ao menos 150 metros de profundidade enquanto Juliana pedia por socorro. “Tentei de forma desesperada pedir que Juliana aguardasse ajuda”, disse ele.

O resgate

Na manhã seguinte a queda, turistas utilizaram drones para localizar Juliana e constaram que ela estava a cerca de 200 metros de profundidade na montanha. Juliana se movia e está foi sua última imagem com vida.

A partir deste momento uma grande mobilização pelo resgate dela foi iniciado. Aqui no Brasil, uma rede de apoio via redes sociais tomou uma enorme proporção de modo a pressionar as autoridades indonésias e trazer visibilidade para o caso.

Infelizmente, notícias falsas foram divulgadas tanto por autoridades no país asiático como da Embaixada do Brasil em Jacarta, que Juliana havia recebido suprimentos via drone. A família constatou que era mentira.

Devido as más condições climáticas do local, o terreno muito instável e alguns percalços, como a extensão insuficiente da corda usada em uma das tentativas, dificultou demais o socorro da turista brasileira e ela continuou a deslizar pelo penhasco.

Somente hoje a equipe de resgate conseguiu chegar até o ponto em que ela estava após conseguirem fixar uma base avançada de suporte que os permitiu seguir com os trabalhos durante a noite. Juliana foi encontrada a cerca de 650 metros abaixo do local da primeira queda.

Buscas por Juliana, brasileira presa em vulcão, ganham apoio de alpinistas

Na manhã desta segunda-feira (23), dois alpinistas experientes passaram a integrar a equipe de resgate que busca localizar Juliana Marins, brasileira que sofreu uma queda no vulcão durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, no último sábado (21). Segundo familiares, os profissionais estão a caminho da área onde ocorreu o acidente.

O perfil @resgatejulianamarins, criado pela família no Instagram e único canal oficial de informações, informou que ainda não há confirmação sobre a continuidade do resgate durante a noite. No entanto, destacou que a operação conta com reforço de equipamentos específicos para apoiar a equipe já presente na região.

Família cobra agilidade no resgate

O Parque Nacional do Monte Rinjani está localizado na Ilha de Lombok, na Província de Sonda Ocidental, com um fuso horário de 11 horas adiantado em relação à Brasília. Às 5h desta segunda-feira (horário de Brasília), meio da tarde na Indonésia, a família informou que as buscas haviam sido novamente interrompidas, três dias após o acidente, e que ainda não tinha informações sobre o estado de Juliana.

De acordo com a página oficial, ela estaria entre 500 e 600 metros abaixo no desfiladeiro. A família demonstrou frustração com a lentidão do resgate, relatando que, após um dia inteiro de buscas, a equipe avançou apenas 250 metros e acabou recuando, mesmo restando cerca de 350 metros para alcançar Juliana. Eles reforçaram o apelo por ajuda, destacando a urgência em chegar até ela quanto antes.

Além disso, expressaram indignação com a continuidade das atividades turísticas no parque, enquanto Juliana permanece sem resgate, em situação crítica e sem informações sobre seu estado de saúde.

No Brasil, Mariana, irmã da jovem, manifestou preocupação ao desmentir informações de que Juliana teria recebido mantimentos e agasalhos. Segundo ela, a equipe de resgate ainda não conseguiu alcançá-la devido à falta de cordas com comprimento adequado e à baixa visibilidade na região.


Família reclama da lentidão do resgate (Foto: reprodução/Instagram/@resgatejulianamarins)

Último registro de Juliana foi feito por drone

Juliana foi vista pela última vez por volta das 17h30 (horário local) do sábado, em imagens feitas por turistas com drone. Registros que, segundo a família, são autênticos e mostram a jovem caída na trilha.

Em publicação nas redes sociais, Mariana relatou que ela fazia a trilha com cinco pessoas e um guia local. No segundo dia da caminhada, ao dizer que estava cansada, o guia orientou que descansasse e seguiu com o grupo.

Mariana esclareceu que, ao contrário do que foi inicialmente informado, o guia não permaneceu com Juliana e que a queda ocorreu após ela ter sido deixada sozinha e ter ficado desesperada.

Desde fevereiro, a jovem realizava um mochilão pela Ásia, com passagem por países como Filipinas, Vietnã e Tailândia, antes de seguir viagem para a Indonésia.