Resgate de turista brasileira no Monte Rinjani expõe histórico de mortes em trilhas
Jovem está presa há mais de três dias em penhasco; região já registrou outras mortes recentes em trilhas não oficiais ou sem equipamentos adequados

Juliana Marins, de 26 anos, está isolada em um penhasco no Monte Rinjani, na Indonésia, desde sábado (21), após cair durante uma trilha. As operações de resgate enfrentam dificuldades causadas pelo terreno acidentado e pelas condições climáticas adversas. O caso destaca um histórico de acidentes graves na região, que registrou ao menos três mortes entre 2022 e 2025.
Resgate enfrenta limitações técnicas e climáticas
Juliana fazia a trilha com um grupo de turistas e um guia local. Durante o segundo dia da caminhada, pediu para descansar e se separou do grupo. Momentos depois, caiu de um penhasco e permaneceu desaparecida até ser localizada por drones de equipes de resgate. Ela está a aproximadamente 500 metros abaixo da trilha principal, imóvel entre rochas e vegetação densa.
As condições climáticas dificultam o uso de helicópteros e reduzem a visibilidade no terreno. Tentativas anteriores de resgate foram interrompidas por neblina e falhas no uso de cordas, que não atingiram a profundidade necessária. A trilha principal foi interditada para facilitar o acesso das equipes, mas outras rotas da região permanecem abertas.
A família da brasileira afirma que ela está sem alimentos, água ou roupas adequadas. Críticas foram direcionadas ao ritmo do resgate e à falta de estrutura. O governo brasileiro enviou representantes à região além de solicitar reforços ao governo indonésio. Dois alpinistas experientes foram integrados à operação, mas até a noite de segunda-feira (23) não havia confirmação de sucesso nas ações.
Reportagem sobre o caso da turista brasileira (Vídeo: reprodução/YouTube/Domingo Espetacular)
O caso ganhou repercussão internacional, com mobilizações nas redes sociais em apoio à brasileira. O embaixador do Brasil na Indonésia reconheceu falhas iniciais de comunicação com autoridades locais, e o Itamaraty segue acompanhando as operações.
Histórico de acidentes na região do Rinjani
O Monte Rinjani, segundo vulcão mais alto da Indonésia, possui trilhas que exigem preparo físico e orientação adequada. Desde 2022, ao menos três mortes foram registradas em rotas da região. Em 2022, um turista português de 37 anos caiu de uma altura de 150 metros ao tentar tirar uma foto próximo ao cume. Seu corpo foi resgatado após quatro dias de buscas.
Em 2024, uma turista suíça percorreu uma trilha não oficial no Monte Anak Dara e foi encontrada morta após cair em um barranco. Em 2025, um cidadão da Malásia caiu de uma ravina de 80 metros na trilha de Torean. Nos três casos, foram identificadas condições como clima instável, trilhas inseguras e ausência de equipamentos adequados.
Além desses episódios, o Monte Rinjani é conhecido por sua instabilidade climática, presença de desníveis acentuados e histórico de atividades vulcânicas. Em 2016, cerca de 400 turistas precisaram ser evacuados por conta de sinais de erupção. Mesmo com os riscos, a região continua atraindo milhares de visitantes todos os anos.