Sou de Algodão apresenta visuais preto e branco no SPFW 

A semana da moda de São Paulo traz, à frente das passarelas, diferentes marcas e projetos, apresentando suas apostas para o mundo da moda. Na semana passada, na sexta-feira (17), foi a vez da Sou de Algodão assumir o palco em uma performance que uniu os maiores propósitos do projeto: a moda e a sustentabilidade. Para a confecção das peças, o movimento contou com algodão rastreável, seis estilistas convidados e, além disso, do preto e o branco como destaque.

Sou de Algodão no SPFW

O dia 13 de outubro marcou o início da nova temporada do São Paulo Fashion Week, que se estende até o dia 20 de outubro. Nesses dias, marcas e estilistas se unem para participar de um dos maiores eventos de moda da América do Sul. Esta edição de número 60 reflete um momento especial para o evento que celebra 30 anos de existência.

O movimento “Sou de Algodão” assumiu as passarelas paulistas em um desfile para apresentar sua nova coleção, que aposta na moda com elegância e conscientização. O projeto nasceu em 2016, por iniciativa de instituições como a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA) e conta com o apoio do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA). Com o objetivo de realizar a conscientização de seus consumidores para a importância do algodão, confecciona as peças de maneira sustentável e preserva a matéria orgânica.


Desfile Sou de Algodão no SPFW (Foto:reprodução/Instagram/@__the_vault___)

No desfile que ocorreu na semana passada, o projeto expressou sua moda, trazendo suas vestimentas. Seu principal objetivo é conscientizar o público. Em uma apresentação intitulada “Trajetórias”, foram apresentados 36 visuais diferentes, que representavam a história do movimento com sustentabilidade, fortalecendo seu discurso sobre a importância do algodão, confeccionando peças com a matéria orgânica sendo 100% rastreável, cultivada em fazendas de diferentes estados do Brasil.

Apostas no preto e branco

A proposta uniu seis estilistas convidados; entre os nomes estão Aluf, Amapô, Fernanda Yamamoto, Alexandre Herchcovitch, Davi Ramos e Weider Silveiro. Cada um dos artistas foi responsável por criar seis peças para a coleção apresentada. Contando com a direção de Paulo Martinez, o stylist foi o responsável por definir o conceito para que os estilistas tivessem um ponto de partida. Inclusive, a escolha do stylist foi que o preto fosse um destaque para a confecção das vestimentas. 

Na passarela, os visuais apresentados mostram que os estilistas focaram no conceito, ausentando as cores fortes e vibrantes, trazendo o preto como um grande destaque nas peças. Mas, em alguns dos visuais, a cor escura não foi apresentada sozinha, trazendo o branco, contrastando com a cor, mostrando uma combinação clássica entre o preto e o branco.


Desfile Sou de Algodão no SPFW (Foto:reprodução/Instagram/@__the_vault___)

A união de diferentes estilistas trouxe a apresentação das vestimentas, apostas que conversavam entre si, mas, ao mesmo tempo, traziam uma diversidade em visuais, passeando desde looks com mangas longas, vestidos, alfaiataria e sobreposição. Nas tonalidades, o preto se destacou em boa parte, mas, além disso, alguns estilistas apostaram em ousar nas estampas, sem sair da proposta inicial, confeccionando peças estampadas com xadrez e listras. A apresentação do projeto demonstrou que a moda, a elegância e a sustentabilidade podem andar lado a lado na passarela.

Matéria por Dandara Carvalho do portal InMagazine

Lucas Caslú transforma moda em performance na Casa de Criadores

No primeiro dia da 56ª edição da Casa de Criadores, quem roubou a cena foi Lucas Caslú. Vencedor da última edição do Desafio Sou de Algodão, o designer goiano estreou no line-up oficial do evento com a coleção “Experimentos”, uma explosão de criatividade, coragem estética e sensibilidade artística.

Mais que um desfile, a Caslú apresentou uma performance cheia de vida. A passarela da sala Tarsila do Amaral, no Centro Cultural São Paulo, se tornou um palco para uma narrativa visual intensa, onde moda, artes plásticas e música se comunicavam em tempo real. Máscaras cenográficas, texturas contrastantes e composições ousadas deram o tom da apresentação – um espetáculo em que cada look parecia, à sua maneira, reivindicar o direito de ser arte.

Estreia com peso e poesia

Natural de Goiânia, Lucas Caslú tem moldado sua linguagem autoral ao misturar o cotidiano com o onírico. Em “Experimentos”, o estilista se aprofundou em seu próprio repertório pessoal para criar peças que resgatam seus mais diversos croquis antigos, seus estudos já esquecidos e ideias que ressurgem com novos significados. O resultado disso tudo foi uma coleção que não buscou uma coerência formal, mas sim uma harmonia espontânea de forma quase instintiva, como se estivesse costurando lembranças com o fio da invenção.


 


Criação de Lucas Caslú (Foto: Reprodução/Instagram/@lucascaslu)

Diferente do que encontramos no desafio anterior, onde os looks se destacavam pela leveza e harmonia, Caslú agora nos surpreende com uma proposta rica em contrastes e surpresas. Cada look carrega uma identidade própria, sem medo do excesso. Jeans, sarja, tricoline e voil se encontram em sobreposições nada convencionais, criando texturas e volumes que desafiam as convenções da silhueta.



As máscaras que os modelos usaram – que realmente chamaram a atenção do público e da crítica – não são apenas um acessório, mas sim uma extensão do conceito central: o sujeito híbrido, fragmentado e em constante transformação. Algumas delas foram criadas em colaboração com artistas visuais, como Ivaan Hansen, o que reforça o desejo de Caslú de ultrapassar as fronteiras entre moda e arte.

Moda que se move com o tempo

A Casa de Criadores é voltada sobre valorizar a autoria e a expressão da identidade, os princípios que se refletem de maneira poderosa no trabalho de Caslú. Optar pelo algodão como material principal vai além de uma escolha técnica; é uma decisão política que reafirma a conexão com um tecido que representa ancestralidade, sustentabilidade e a transformação cultural no Brasil.


Finalização do desfile de Lucas Caslú na 56ª edição da Casa de Criadores (Vídeo: Reprodução/Instagram/@mosomagazine)

Mais que roupas, o que se viu na passarela foram verdadeiras manifestações. Franzidos, babados, costuras manuais, assimetrias e recortes inusitados compuseram um grandioso mosaico visual que parecia pulsar com urgência na passarela. Há algo de teatral em “Experimentos”, mas sem perder o vínculo com a rua – um equilíbrio raro entre o conceitual e o possível.

Nova geração, novos caminhos

Com a estreia de Lucas Caslú, a Casa de Criadores se reafirma como um espaço que destaca uma nova geração de estilistas brasileiros, que enxergam a moda como um gesto tanto político quanto poético. Caslú representa essa juventude vibrante e cheia de referências, que não se satisfaz em apenas “estar na moda”, mas busca realmente transformá-la.


Lucas encerrando seu desfile na 56ª edição da Casa de Criadores (Foto: Reprodução/Instagram/@lucascaslu)

Com formação em Moda pela Universo e uma passagem pela Universidade Federal de Goiás no curso de Artes Visuais, o designer representa perfeitamente a diversidade do seu tempo: ele é artista, artesão, performer e comunicador. E mais do que prometer, já entrega consistência e personalidade.

Como o próprio estilista declarou antes do desfile, esse momento marca não apenas uma estreia, mas uma permanência. “Sinto que é aqui que preciso estar, onde posso fazer moda com significado”, disse Caslú em entrevista.

Sua performance deixou claro: o futuro da moda brasileira já começou — e ele veste máscaras, algodão cru e coragem.