MP investiga Bolsonaro por associar Lula a regime de ex-ditador Bashar al-Assad

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) iniciou uma investigação no intuito de averiguar a ligação do ex-presidente Jair Bolsonaro, em mensagem que associa o atual presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, à quebra de normas dos direitos humanos. Também está sendo apurado se o ex-presidente Bolsonaro cometeu crime contra a honra do presidente Lula. A inspeção foi iniciada por solicitação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.

O que desencadeou a investigação

Há suspeitas de que Bolsonaro tenha compartilhado, em um aplicativo de mensagens WhatsApp, uma ilustração que relaciona Lula ao regime de Bashar al-Assad, ex-ditador da Síria, vinculando-o aos assassinatos de pessoas LGBT+. A possível infração tornou-se conhecida por meio de uma denúncia anônima.

A investigação foi iniciada no dia 7 de julho, após o Ministério da Justiça e Segurança Pública acionar que a Polícia Federal (PF) apurasse possíveis crimes contra a honra do presidente Luis Inácio Lula da Silva, “além de eventuais crimes conexos”, conforme informado pelo ministério. Com base em uma avaliação de atribuições, o caso foi encaminhado pela Polícia Federal ao Ministério Público, que optou por abrir a investigação a ser coordenada pela Polícia Civil do DF, com supervisão da 5ª Vara Criminal de Brasília. O caso ganhou repercussão pela gravidade da acusação, envolvendo figuras centrais do cenário brasileiro. A investigação segue em andamento para esclarecer os fatos.


Atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: reprodução/EVARISTO SA/Getty Images Embed)

Quem é Bashar al-Assad?

Com o nome de Lula associado a Bashar al-Assad, a investigação se tornou detalhada, avaliando possível crime contra a honra do presidente. Bashar al-Assad é um ex-ditador conhecido por governar a Síria com muita rigidez, é acusado internacionalmente por seu regime violar os direitos humanos, incluindo repressão violenta contra opositores, uso de armas químicas na guerra civil síria e perseguição de minorias, como a comunidade LGBT+. Após grupos rebeldes anunciarem a tomada do poder da Síria, Bashar al-Assad deixou o país em 2024, depois de 24 anos no poder, porém muito ainda se fala sobre seu governo ter sido autoritário e ditatorial.

 

Israel ataca a Síria com bombardeios

Israel lançou um bombardeio contra o prédio do Ministério da Defesa da Síria, localizado na capital Damasco, nesta quarta-feira (16). O ataque foi registrado ao vivo por um canal de televisão, o Al Jazeera. Segundo informações da AFP, três pessoas morreram e 34 ficaram feridas. O governo sírio afirma que entre as vítimas estão mulheres e crianças.

No vídeo divulgado pela empresa de comunicação, é possível ver uma fumaça escura em volta da estrutura, além de destroços sendo arremessados após as explosões. Já em um programa da “TV Syria” o momento da explosão foi documentado a partir da visão da janela do estúdio.

Motivos

O governo israelense atacou a Síria durante essa semana, motivado pela proteção dos drusos, de acordo com Israel. Os drusos são uma comunidade religiosa árabe que vivem no sul da Síria e em regiões ocupadas por Israel, como as Colinas de Golã. Ambos os países dividem fronteira.

A Síria enxerga o ataque como “uma política sistemática adotada pela entidade israelense para inflamar a tensão, criar caos e minar a segurança na Síria“.


Vídeo da explosão (Vídeo: reprodução/Instagram/TV Syria/@vireijornalista)

O que dizem

O Ministério das Relações Exteriores e Expatriados da Síria publicou uma nota na rede social X (antigo Twitter) repudiando os atos realizados pelo país vizinho. “A República Árabe Síria condena nos termos mais fortes a traiçoeira agressão israelense que teve como alvo instituições governamentais e instalações civis na capital“.

Ainda na carta, o Ministério apela à comunidade internacional para medidas urgentes para pôr fim às agressões ao território israelense.

Já o Porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Oren Marmorstein, escreveu também via X: “[o ministro] enfatizou o fenômeno recorrente de massacres e ataques contra minorias na Síria: alauítas, curdos, drusos e cristãos – tanto por forças do regime sírio quanto por gangues jihadistas que o apoiam“, ou seja, que o Ministro Sa’ar conversou com a Alta Representante da União Europeia para Relações Exteriores, assim como de outros países.

Homem-bomba ataca igreja em Damasco e mata pelo menos 20 pessoas

Um atentado suicida durante uma cerimônia religiosa deixou ao menos 20 mortos e 52 feridos na manhã deste domingo (22), em uma igreja na região metropolitana de Damasco, capital da Síria. O atentado atribuído ao grupo Estado Islâmico é o primeiro desse tipo desde a queda do ex-presidente Bashar al-Assad e ocorre em um momento de grande tensão no país.

Explosão interrompe missa e espalha pânico

O atentado aconteceu na Igreja Ortodoxa Grega Mar Elias, no bairro de Dweil’a, durante um momento de oração. Segundo relatos de testemunhas e informações de autoridades locais, o agressor entrou no templo armado, abriu fogo contra os fiéis e em seguida detonou o colete explosivo que carregava. Entre os mortos e feridos há crianças, conforme a imprensa local.

As equipes de resgate chegaram rapidamente ao local, enquanto vídeos nas redes sociais mostravam cenas de desespero dentro e ao redor da igreja. O Ministério do Interior da Síria confirmou que o autor do atentado era ligado ao Estado Islâmico. A ação interrompe um período de relativa calma em Damasco, desde que forças rebeldes tomaram o poder em dezembro.


Ataque suicida contra igreja na Síria deixa ao menos 20 mortos (Vídeo: reprodução/YouTube/InfoMoney)

Transição instável e avanço do extremismo

O novo governo, liderado por Ahmad al-Sharaa, enfrenta dificuldades para exercer controle sobre o país e garantir segurança, especialmente para as minorias religiosas. Desde que assumiu o poder em janeiro, o presidente tem prometido proteger comunidades cristãs e outros grupos vulneráveis, mas o atentado deste domingo expõe a fragilidade dessa promessa.

A tragédia provocou reações internacionais. O governo da Grécia divulgou um comunicado condenando o ataque e pedindo que as autoridades sírias tomem medidas imediatas para garantir a segurança das minorias. Episódios como esse reacendem memórias de outros ataques promovidos pelo Estado Islâmico, como o atentado a peregrinos xiitas em Sayeda Zainab, em 2016.