Matthieu Blazy faz estreia na Chanel com coleção primavera/verão 2026

Uma das estreias mais aguardadas do mundo da moda, aconteceu ontem (06) em Paris. Matthieu Blazy, substituindo Virginie Viard, fez sua estreia com a coleção primavera/verão 2026, com peças repaginadas. Bruna Marquezine, Pedro Pascal, Naomi Campbell, Nicole Kidman e outras celebridades, estava presentes na Fileira A do desfile para a grande estreia do novo diretor criativo de uma das maisons mais tradicionais e famosas.

Matthieu Blazy aposta em looks repaginados

Logo no início do desfile, Matthieu Blazy apresentou um conjunto de alfaiataria clássico da maison Chanel, reimaginado com um caimento diferente, mais relaxado e com mais volume. Trazendo seu próprio estilo para a marca, o diretor criativo trouxe looks clássicos para o presente, porém, com caimentos novos, dando um ar ainda mais elegante para as peças. Além da alfaiataria, peças com risca-de-giz, estampas florais e até mesmo a clássica camisa branca, também estavam presentes na coleção, em um misto de nostalgia e futuro.


Estreia de Matthieu Blazy em Paris (Foto: reprodução/Anne-Christine Poujoulat/Getty Images Embed)

Aproveitando os ateliês de trabalho artesanal que a Chanel tem em Paris, Matthieu conseguiu trazer diversos elementos para as peças: plumas, penas e bordados. As cores também estavam presentes nas peças, combinando com o cenário de sistemas planetários, fazendo o público viajar no próprio universo do diretor criativo.


Estreia de Matthieu Blazy em Paris (Vídeo: reprodução/Instagram/@chanelofficial)

Os acessórios também foram um show à parte. Se para a produção de beleza foi optado um visual mais clean, os acessórios tomaram o caminho contrário. Broches de flores, gargantilhas e brincos gigantes, completavam os looks das modelos. Além disso, as bolsas maxi também chamaram atenção do público.

Sobre Matthieu Blazy

Nascido na França e filho de uma historiadora e um especialista em Artes, Matthieu estudou em Bruxelas, na escola La Cambre, em 2006. Antes de se formar, ele fez um estágio na Balenciaga, que tinha Nicolas Ghesquière como diretor criativo da época. Logo após isso, trabalhou com Raf Simmons, na marca homônima do designer belga. Em 2011, ele foi para a Maison Margiela, onde criou a máscara de cristais, uma de suas criações mais famosas dentro da casa. Em 2014, trabalhou ao lado de Phoebe Philo, na Céline. Dois anos depois, voltou a trabalhar com Simmons da Calvin Klein.

Em 2018, após ser desligado da Calvin Klein, Matthieu largou a moda e trabalhou ao lado do artista plástico Sterling Ruby. Em 2020, Daniel Lee o contratou para trabalhar ao seu lado na Bottega Veneta. Um ano depois, Lee saiu da direção criativa da marca, e Matthieu o substituiu. Nesta época, Blazy já tinha um currículo extenso, porém foi sua primeira oportunidade à frente de uma marca. Isso fez com que seu nome fosse mais reconhecido no cenário da moda, se tornando um dos nomes mais importantes da atualidade.

Louis Vuitton transforma o Louvre em casa de memórias e intimidade

A Louis Vuitton escolheu um cenário que mistura grandiosidade e afeto para apresentar sua coleção primavera/verão 2026: os apartamentos de Anne da Áustria, no coração do Louvre. Ali, entre painéis dourados e tetos pintados, Nicolas Ghesquière revelou mais uma faceta de sua longa trajetória na Maison. O diretor criativo não se apoiou em reinvenções radicais, mas em algo mais íntimo: a ideia de que estar bem consigo mesmo é o maior dos luxos.

A voz de Cate Blanchett abriu o desfile, recitando versos de This Must Be The Place, dos Talking Heads, como um convite à introspecção. A partir daí, cada look parecia costurar passado e presente, tradição e frescor. Tecidos macios criavam silhuetas-casulo, vestidos remetiam a lingeries delicadas e robes evocavam o conforto caseiro. As estampas lembravam papéis de parede antigos, trazendo uma nostalgia que não pesa — pelo contrário, acolhe. Nos pés, slippers e botinhas acolchoadas reforçavam essa sensação de estar “em casa”, mesmo em um dos palácios mais célebres do mundo.

Intimidade traduzida em moda

Se o espírito era de acolhimento, os detalhes carregavam a energia vibrante da Louis Vuitton. Cada cinto com bolsos monogramados parecia mais do que um acessório funcional: era um gesto de praticidade envolto em sofisticação. As pedrarias coloridas aplicadas em casacos macios acrescentavam um toque lúdico, quase como pequenos brilhos guardados para momentos especiais. Essa sutileza contrastava com a atmosfera intimista do desfile, reforçando que luxo também pode nascer no detalhe inesperado.


Desfile da coleção primavera verão 2026 da Louis Vuitton (Vídeo: reprodução/Instagram/@tonigunns)

Os acessórios, por sua vez, foram protagonistas. O novo modelo Express retornou à passarela com ares de desejo imediato, enquanto clássicos como Speedy e Side Trunk reafirmaram sua força atemporal. Bolsas de ombro apareceram repaginadas, usadas como clutches improvisadas, em uma liberdade que reforça o espírito contemporâneo da Maison. Nesse diálogo entre tradição e reinvenção, Ghesquière mostrou que até a intimidade pode ser celebrada em grande estilo.

Entre tempos e referências

As referências temporais se entrelaçaram como um mosaico: drapeados que lembravam togas romanas, saias com ecos do século XVIII, brocados setentistas reinventados em cortes modernos. Tudo isso em harmonia, sem excesso, em um jogo de contrastes que é marca registrada de Ghesquière.

No fim, a coleção deixou claro que intimidade não é monotonia. Pelo contrário, pode ser palco de exuberância, cor e liberdade criativa. Em meio ao esplendor histórico do Louvre, a Louis Vuitton mostrou que “casa” é também um estado de espírito — e que o verdadeiro luxo está em sentir-se confortável na própria pele. Mais do que roupas, Nicolas Ghesquière apresentou uma narrativa sobre pertencimento: como o vestir pode traduzir quem somos quando nos permitimos habitar nossos próprios espaços, internos e externos, com naturalidade.


Nicolas Ghesquière e modelos com algumas das peças destaque da coleção Primavera Verão 2026 da Louis Vuitton (Foto: reprodução/Instagram/@louisvuitton)

Ao transformar referências históricas em peças de desejo contemporâneo, a Maison reafirmou sua capacidade de fazer do passado combustível para o futuro. A coleção não buscou apenas adornar, mas criar conexões — entre corpo e memória, entre tradição e modernidade, entre a grandiosidade de um palácio e a simplicidade do lar. Foi nesse contraste que a Louis Vuitton encontrou sua força: provar que a intimidade, quando elevada ao território da moda, pode ser tão espetacular quanto qualquer gesto de ousadia.