Polícia localiza fábrica ligada à morte de duas pessoas intoxicadas por metanol em SP

Nesta sexta-feira (10), a Polícia Civil de São Paulo localizou a fábrica ilegal de onde saíram as bebidas alcoólicas que causaram a morte de duas pessoas intoxicadas por metanol. Na operação, uma mulher foi presa.

O etanol era comprado nos postos de gasolina e estaria com metanol em sua composição, o que causou a intoxicação e a grande comoção na mídia e na população nas últimas semanas.

As investigações dos responsáveis pelo crime da adulteração

As investigações começaram após a morte de duas pessoas que consumiram vodca no mesmo bar, que fica na Zona Leste de São Paulo. Ao localizar os fabricantes e o local que funcionava para a fabricação de bebidas falsas, a polícia entrou com mandados de busca e apreensão, desmontando também a fábrica irregular.

A polícia confirmou que a proprietária, que foi presa em flagrante pela adulteração, será autuada por falsificação, corrução, adulteração de substâncias ou produtos alimentícios, tornando-os nocivos à saúde, ou diminuindo seu valor nutritivo. A mulher pode pegar de 4 a 8 anos de prisão, além de multa.

O dono do bar onde Marcos Antônio Jorge Junior e Ricardo Lopes Mira, mortos pela intoxicação por metanol, confessou que comprou garrafas de fábrica clandestina. No estabelecimento, localizado na Mooca, Zona Leste de São Paulo, foram apreendidas nove garrafas (uma de gin e oito de vodca), sendo detectadas a presença do metanol em oito garrafas.


Fábrica clandestina é fechada pela Polícia Civil (Vídeo: Reprodução/YouTube/CNN Brasil

Ainda existem suspeitas de envolvidos

A Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), através de nota, suspeita de envolvimento do Primeiro Comando da Capital (PCC) na adulteração bebidas, alegando que o metanol encontrado nelas são utilizados também para adulterar combustíveis.

Essa possibilidade é descartada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e a Polícia Civil trabalha com duas hipóteses: que o metanol usado seria para higienizar as garrafas reaproveitadas e que a ideia era de adicionar o etanol de postos de gasolina, para aumentar o volume da produção, sem saber que o material continha o metanol na composição

Perícia revela que metanol encontrado em garrafas apreendidas em SP foi adicionado

Os peritos oficiais do Estado de São Paulo analisaram dois grupos de garrafas de bebidas alcoólicas destiladas apreendidas durante operações de fiscalização na capital paulista. A perícia identificou níveis de metanol nas amostras e concluiu, pela concentração encontrada, que a substância não surgiu naturalmente, mas foi adicionada de forma proposital.

Normalmente, pequenas quantidades de metanol se formam durante o processo de destilação de álcool, entretanto, neste caso, a perícia descobriu que a quantidade era acima do normal, o que indicia adulteração.

A quantidade de garrafas analisadas, os tipos de bebidas e o local da apreensão não foram divulgadas.

“O Instituto de Criminalística da Polícia Científica de São Paulo trabalha 24h nas perícias de constatação e concentração das amostras apresentadas pela Polícia Civil, assim como na análise documentoscópica de rótulos e lacres dos recipientes. Pode-se afirmar, até o momento, e conforme as concentrações encontradas, que o metanol foi adicionado, não sendo, portanto, produto de destilação natural”, complementou.

Força tarefa analisa garrafas apreendidas

O Instituto de Criminalística montou, na última sexta-feira (3), uma força-tarefa dedicada a examinar bebidas apreendidas em operações de fiscalização. O objetivo é apurar se houve adulteração e contaminação por metanol. Dados do governo de São Paulo indicam que, desde o dia 29, mais de 16 mil garrafas já foram apreendidas.


Metanol em garrafas apreendidas foi adicionado (Vídeo: reprodução/YouTube/@Band Jornalismo)

Durante o processo de análise, é feito a checagem das embalagens para descobrir se houve rompimento ou reaproveitamento das mesmas. Após, a bebida passa pela separação de seus componentes em um equipamento. Apenas o laudo final pode confirmar se há ou não a presença de metal e qual sua quantidade.

O metanol é um tipo de álcool usado em solventes e outros produtos químicos, o que torna perigoso quando ingerido. A substância ataca o fígado, transformando em substância tóxica que pode comprometer o cérebro, o nervo óptico e a medula, a substância pode provocar insuficiência renal e pulmonar, além de causar cegueira, coma e morte.

Casos em São Paulo

O estado de São Paulo confirmou nesta terça-feira (08) 18 casos de intoxicação por metanol. 158 casos estão sendo investigados e 38 já foram descartados. Nesta segunda-feira (06) em Vila Formosa, Zona Leste de São Paulo, a força-tarefa do governo paulista apreendeu mais de 100 mil garrafas vazias em galpão clandestino.


Policia fecha bares em SP (Vídeo: reprodução/YouTube/@SBT News)

Já foram fiscalizados cerca de 18 estabelecimentos desde a semana passada, desses, 11 foram interditados de forma cautelosa por questões sanitárias.

Seis distribuidoras e dois bares tiveram a inscrição estadual suspensa de forma preventiva. Entre os estabelecimentos estão a Bebilar Comercial e Distribuidora de Alimentos e Bebidas (com quatro inscrições), a Brasil Excellance e Exportadora de Bebidas, o BBR Supermercados, a FEC Alves Mercearia e Adega, além da Lanchonete Ministro.

Oruam se torna réu por tentativa de homicídio qualificado contra policiais

A Justiça do Rio de Janeiro aceitou a denúncia do Ministério Público e tornou o rapper Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, conhecido como Oruam, e Willyam Matheus Vianna Rodrigues Vieira réus por tentativa de homicídio qualificado contra dois policiais civis: o delegado Moyses Santana Gomes e o oficial Alexandre Alves Ferraz.

O ocorrido foi em 22 de julho, durante uma operação na mansão de Oruam, no Joá, Zona Oeste do Rio. A juíza Tula Correa de Mello, do III Tribunal do Júri da Comarca da Capital, além de receber a denúncia, também decretou a prisão preventiva de ambos, e citou a conduta de Oruam como uma “afronta ao estado democrático de direito” e um risco à ordem pública.

As acusações contra Oruam

Após a apreensão na residência de Oruam de “Menor Piu”, suspeito de envolvimento com tráfico de drogas e roubo de carros, Oruam, Willyam e outras sete pessoas teriam reagido violentamente. Eles arremessaram pedras grandes, uma delas com 4,85 kg, contra os policiais de uma altura de 4,5 metros, a partir da varanda. A pedra com potencial letal, capaz de causar fraturas cranianas graves, atingiu o oficial Alexandre Alves Ferraz nas costas e no calcanhar, enquanto o delegado Moysés Santana Gomes quase foi atingido na cabeça.



Oruam em foto após ser preso (Foto: reprodução/Instagram/@rezervaoruam)

O Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou Oruam e Willyam por tentativa de homicídio qualificado, argumentando que os réus agiram com dolo eventual, ou seja, assumiram o risco de matar os policiais ao lançarem objetos perigosos de tal altura. A promotoria ressaltou que os atos foram motivados por “motivo torpe” e usaram “meio cruel“, podendo enquadrar o crime na Lei dos Crimes Hediondos. Além da tentativa de homicídio, Oruam já responde por outros sete crimes relacionados ao mesmo episódio: tráfico de drogas, associação ao tráfico, resistência qualificada, desacato, dano qualificado, ameaça e lesão corporal, que juntos podem somar até 25 anos de prisão.

Comportamento e influência de Oruam

A situação foi agravada por ações de Oruam nas redes sociais. Ele publicou vídeos durante e após a operação em sua casa, inclusive, desafiando os agentes a irem ao Complexo da Penha, área controlada pelo Comando Vermelho. Em um dos vídeos, ele aparece golpeando uma viatura policial e proferindo insultos, o que foi usado como prova pelo MPRJ para sustentar a denúncia.

A juíza Tula Correa de Mello determinou a prisão preventiva de Oruam e Willyam, justificando a necessidade de preservar a ordem pública, garantir a instrução do processo e assegurar a aplicação da lei penal. A magistrada enfatizou Oruam como artista e a repercussão negativa de suas ações, ao dizer que “tal comportamento constitui uma afronta ao estado democrático de direito, criando uma narrativa distorcida e ilegal, com o objetivo de criminalizar um artista que, na verdade, é um legítimo cidadão“. Ela também destacou que a postura do rapper poderia “incitar a população à inversão de valores” e servir de “referência para outros jovens” agirem de forma audaciosa contra as forças de segurança. Oruam se entregou à Polícia Civil em 22 de julho e está detido na Penitenciária Dr. Serrano Neves (Bangu 3), classificado como preso de “alta periculosidade”.

O que diz a defesa de Oruam

A defesa de Oruam nega veementemente a acusação de tentativa de homicídio. Os advogados alegam que o rapper agiu em “extremo desespero e legítima defesa“, após ser supostamente ameaçado de morte, agredido fisicamente e ter sua casa revirada sem um mandado judicial válido. A equipe jurídica aponta que a operação policial foi marcada por abusos, como o uso de viaturas descaracterizadas e a realização fora do horário permitido, configurando, em tese, abuso de autoridade. A defesa também reforça que Oruam é réu primário, possui bons antecedentes e que foi absolvido em duas acusações anteriores semelhantes, o que, para eles, sugere um padrão de acusações infundadas.

 

Contraventor Vinicius Drumond é ferido durante atentado no Rio de Janeiro

O bicheiro Vinicius Drumond foi vítima de um atentado na Barra da Tijuca, bairro da do Rio de Janeiro, nesta sexta-feira (11). A tentativa de assassinato ocorreu no final da manhã na Avenida das Américas, via importante na região, próximo à estação de BRT Ricardo Marinho, quando o carro blindado que Vinicius estava foi alvo de mais de vinte tiros, que causaram pânico aos que estavam no local. As portas e janelas do carro foram atingidas, mas o veículo protegeu o contraventor, que sofreu lesões leves.

Mais acerca do atentado

Após o ocorrido, as equipes da 16ª DP foram acionadas e ao chegar ao local do tiroteio não encontraram o carro de Vinicius, nem qualquer outro veículo que pudesse estar envolvido no crime. Posteriormente, o carro do bicheiro foi localizado em um hospital, onde recebeu atendimento médico e foi ouvido pela polícia informalmente.


Marcas dos tiros direcionados ao bicheiro Vinicius Drumond (Foto: reprodução/Raoni Alves/G1)

O atentado interferiu no trânsito da região e uma área da pista central da Avenida das Américas foi interditada pela polícia. Depois de uma breve perícia, a via foi liberada. A investigação da tentativa de execução está sobre comando da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que deve ouvir o depoimento oficial do contraventor.

“O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), embora não tenha havido vítima fatal na ação criminosa. A perícia foi feita no local e o veículo será levado para a sede da DHC. O alvo do ataque foi identificado e será ouvido. Agentes realizam diligências para apurar a autoria e a motivação do crime”, declarou a Polícia Civil.

Saiba mais sobre Vinicius Drumond

Vinicius Pereira Drumond, reconhecido como um dos principais membros da contravenção no Rio de Janeiro, é filho e herdeiro dos pontos do bicho de seu pai, o também contraventor Luizinho Drumond, ex-presidente da Imperatriz Leopoldinense, escola de samba da Zona Norte, morto em 2020.


Anúncio de Vinicius Drumond como patrono da escola de samba Em Cima da Hora (Foto: reprodução/Instagram/@gresech)

Além de bicheiro e patrono recém-nomeado da Em Cima da Hora, escola da Série Ouro, Drumond foi alvo da investigação da Polícia Civil por envolvimento com o furto de petróleo em dutos da Petrobras para revenda como matéria-prima, em fevereiro deste ano. Vinicius foi identificado como um dos chefes da quadrilha e utilizava dinheiro da contravenção para financiar o esquema de roubo.