Relatório dos EUA questiona políticas do Brasil e cita sistema PIX

Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira (15) a abertura de uma investigação formal para apurar se o Brasil adota práticas comerciais desleais que prejudicam empresas americanas. O relatório, divulgado pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR), destaca o sistema de pagamentos eletrônicos PIX como um dos pontos centrais da apuração.

Lançado em 2020 pelo Banco Central, o PIX transformou o sistema de pagamentos no Brasil ao permitir transferências instantâneas. No entanto, para o USTR, a forte divulgação de serviços de pagamento apoiados pelo governo brasileiro poderia prejudicar concorrentes estrangeiros. Entre as queixas apontadas estão subsídios indiretos e barreiras técnicas que favoreceriam exclusivamente o sistema nacional.

Relatório questiona políticas brasileiras

Segundo Jamieson Greer, representante dos EUA para o comércio, a apuração foi iniciada a pedido do presidente Donald Trump. No relatório, ele afirma que o Brasil adota condutas desleais no setor de pagamentos eletrônicos ao privilegiar, entre outras medidas, a promoção de suas próprias plataformas governamentais.


Reportagem sobre as investigações (Vídeo: reprodução/YouTube/@CNNbrasil)

A investigação não se restringe ao campo financeiro. Ainda segundo o documento, serão examinadas práticas relacionadas a propriedade intelectual, combate à corrupção, acesso ao etanol, uso de tarifas, comércio digital, desmatamento ilegal e políticas ambientais que impactem o comércio internacional.

Outro ponto da investigação

O relatório também chama atenção para a tradicional Rua 25 de Março, em São Paulo, apontada pelos EUA como “um dos maiores mercados de produtos falsificados do mundo”. Apesar das operações de fiscalização realizadas nos últimos anos, o USTR afirma que a oferta de itens pirateados persiste de forma significativa nas bancas do centro paulistano.

Nas próximas semanas, o governo federal deverá articular internamente uma resposta técnica e diplomática, buscando preservar a imagem do PIX e demonstrar que suas políticas de comércio e inovação estão conforme as normas internacionais. Contudo, o Escritório do Representante de Comércio dos EUA não apresentou evidências substanciais que comprovem as supostas práticas comerciais injustas.

TI recebeu R$ 15 mil para facilitar fraude de R$ 541 mi no Pix, segundo a polícia

A Polícia Civil de São Paulo prendeu, na quinta-feira (3), João Nazareno Roque, operador de TI na empresa C&M Software, apontado como peça-chave no maior ataque ao sistema Pix da história. Ele teria recebido R$ 15 mil para entregar suas credenciais e facilitar o acesso dos hackers, que desviaram R$ 541 milhões de contas reservadas gerenciadas pela BMP Instituição de Pagamentos.

Credenciais vendidas por R$ 15 mil

Segundo a investigação, Roque foi abordado por um intermediário em março. Em um primeiro pagamento via motoboy, recebeu R$ 5 mil por suas credenciais corporativas. Duas semanas depois, criou uma conta no Notion e continuou executando comandos em seu computador para os hackers — pelo que recebeu mais R$10 mil. Ao todo, somam R$ 15 mil em dinheiro vivo, pagos em cédulas de R$ 100.

A C&M Software integra sistemas de instituições financeiras ao Banco Central e é responsável pela conexão ao Pix. O acesso indevido permitiu que os hackers usassem a infraestrutura da empresa para gerar transferências automatizadas por meio do sistema, enquanto os criminosos sacaram os valores desviados.

Desvios e reação policial

As transferências fraudulentas somaram R$ 541 milhões, segundo a Polícia Civil . Após o incidente, o Banco Central determinou a suspensão do acesso da C&M aos sistemas Pix, que só foi autorizado novamente após reforço de segurança e auditoria na sexta-feira (4).

Durante as investigações, policiais cumpriram mandados de busca e prisão no bairro City Jaraguá, zona norte de São Paulo, e apreenderam equipamentos usados no ataque. Também bloquearam R$ 270 milhões em contas suspeitas, intermediadas pela quadrilha.


Hacker é preso em São Paulo (Foto: Reprodução/Istagram/@portalg1)

O ataque causou grande turbulência no mercado financeiro e chamou atenção do Banco Central, que discutiu ajustes emergenciais nos protocolos de autorização e monitoramento do Pix. A confiança nas empresas de TI que operam o sistema ficou abalada, intensificando críticas à C&M Software, que, por sua vez, afirmou que não foi a origem do problema .

A Polícia Federal investiga os demais integrantes da quadrilha e busca recuperar os recursos desviados. O caso destaca vulnerabilidades no sistema PIX e reforça a necessidade de implementação acelerada de autenticação mais robusta e redundâncias de segurança em plataformas financeiras.

Clientes da Caixa enfrentam problemas com PIX

Logo no início da semana, inúmeros clientes da Caixa Econômica Federal manifestaram descontentamento devido a problemas com o PIX. Conforme os relatos, certas transferências realizadas no domingo (15) não se concretizaram, apesar do dinheiro já ter sido retirado das contas. As queixas se intensificaram nas redes sociais, com diversos usuários exigindo justificativas e o ressarcimento dos montantes transferidos.

Reclamações nas redes sociais

No domingo, notamos os primeiros indícios de que algo estava errado, mas a situação piorou de vez na segunda, entre a manhã e o começo da tarde. Muitos clientes da Caixa foram ao X e ao Facebook dizer que não conseguiam sacar o dinheiro e que o banco não dava nenhuma explicação.

Houve diversos relatos indicando que o dinheiro estava sendo retirado das contas dos clientes, porém, os beneficiários dessas transferências não estavam recebendo os montantes, o que causou preocupação entre os usuários.


Clientes da Caixa Econômica Federal enfrentam problemas com pagamentos (Foto: Reprodução/X/@JovemPanNews)

Caixa Econômica confirma instabilidade e promete regularização

Após ser questionada pela mídia, a Caixa Econômica Federal admitiu que seus apps tiveram problemas de funcionamento no domingo, dia 15. Em comunicado oficial divulgado no portal g1, o banco informou que os serviços que apresentaram falhas já foram normalizados e operam sem problemas desde então.

Conforme o comunicado, o banco garantiu que está apurando cada operação que não pôde ser concluída e que qualquer problema detectado será resolvido, garantindo que os valores em aberto sejam devidamente acertados. Mesmo com a promessa de solução, muitos clientes continuam insatisfeitos e pedem mais agilidade na devolução de seus recursos.

Até o momento, o banco não explicou a causa técnica da instabilidade nem informou um período específico para o término da análise e realização dos estornos. A Caixa orienta os clientes prejudicados a verificar suas transações financeiras pelos canais digitais do banco ou a entrar em contato com a instituição para tirar dúvidas.