Coreia do Norte exibe novo míssil do seu arsenal de guerra em desfile militar

Durante o desfile em Pyongyang que celebrou os 80 anos do partido governista, o líder norte-coreano Kim Jong-un acompanhou a exibição do novo míssil balístico intercontinental Hwasong-20, apresentado pela imprensa estatal como o “mais poderoso sistema estratégico nuclear” do país, em uma demonstração de força destinada a reforçar o poder militar da Coreia do Norte diante de rivais internacionais.

A exibição da Coreia do Norte com novo míssil

Nesta sexta-feira (10), Pyongyang sediou um desfile militar da Coreia do Norte, exibindo seus mais recentes mísseis intercontinentais, em celebração aos 80 anos do Partido dos Trabalhadores da Coreia, informou a agência estatal KCNA.


Presidente da Coreia do Norte Kim Jong-un discursando em seu país (Foto: reprodução/ Instagram/ @marshallkimjongun)

Segundo a agência estatal KCNA, neste sábado (11), o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, acompanhou pessoalmente um desfile militar de grande porte, durante o qual foi apresentado o novo míssil balístico intercontinental, na presença de autoridades internacionais de alto escalão.

O primeiro-ministro da China, Li Qiang, o ex-presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, e o líder do Partido Comunista do Vietnã, To Lam, estavam ao lado de Kim durante o desfile, enquanto outros convidados internacionais observavam o evento.

Durante o desfile militar, a Coreia do Norte mostrou seu mais avançado míssil balístico intercontinental, o Hwasong-20, considerado pela KCNA o “mais potente sistema de armas nucleares estratégicas” do país.

A linha de ICBMs Hwasong permite que o país alcance qualquer ponto do território continental dos Estados Unidos. No entanto, ainda existem incertezas quanto à precisão do sistema de orientação e à resistência da ogiva durante a reentrada na atmosfera.

“O Hwasong-20 representa, até o momento, o auge das ambições da Coreia do Norte em termos de capacidade nuclear de longo alcance. Espera-se que o sistema seja testado antes do fim deste ano”, afirmou Ankit Panda, do Carnegie Endowment for International Peace, dos Estados Unidos.

Segundo ele, o míssil provavelmente foi desenvolvido para transportar múltiplas ogivas, o que aumentaria a pressão sobre os sistemas antimísseis americanos e reforçaria a capacidade de dissuasão que Kim busca diante de Washington.

Outros armamentos exibidos incluíram mísseis balísticos hipersônicos, mísseis de cruzeiro, um novo tipo de lançador múltiplo de foguetes e um dispositivo lançador de drones suicidas, informou Hong Min, especialista em Coreia do Norte do Instituto Coreano para a Unificação Nacional.

Durante o desfile, Kim Jong-un fez um discurso incentivando calorosamente as tropas norte-coreanas envolvidas em operações no exterior, ressaltando que o heroísmo militar não se limita à defesa do país, mas também se estende a “postos avançados da construção socialista”, conforme noticiou a KCNA.

“Nosso exército deve seguir se tornando uma força invencível, capaz de eliminar todas as ameaças”, declarou Kim.

Na sexta-feira, mais cedo, o líder norte-coreano se reuniu com Medvedev, que afirmou que o sacrifício de soldados norte-coreanos na campanha militar russa na Ucrânia demonstra a confiança existente entre os dois países.

Kim afirmou a Medvedev que deseja continuar fortalecendo a cooperação com a Rússia e manter uma estreita colaboração em diversos setores para atingir objetivos compartilhados, segundo informou a KCNA.

Além disso, Vietnã e Coreia do Norte firmaram acordos de cooperação em várias áreas, envolvendo seus ministérios da Defesa, Relações Exteriores e Saúde, sem que a KCNA tenha fornecido mais detalhes.

A grande potência militar do país

Um parlamentar da Coreia do Sul afirmando, com base em informações da agência de inteligência sul-coreana, que a Coreia do Norte possui plutônio e urânio suficientes para fabricar pelo menos algumas dezenas de armas nucleares.

Lee Seong-kweun, membro do comitê parlamentar de inteligência da Coreia do Sul, afirmou que a agência também considera possível que a Coreia do Norte realize um sétimo teste nuclear após a eleição presidencial dos EUA, marcada para 5 de novembro.

Em julho, um estudo da Federação de Cientistas Americanos indicou que Pyongyang poderia ter fabricado material suficiente para até 90 ogivas nucleares, embora provavelmente tenha conseguido montar cerca de 50.

Lee destacou que é incomum a mídia estatal norte-coreana divulgar visitas do líder Kim Jong-un a instalações de enriquecimento de urânio, sugerindo que o relatório divulgado no início do mês teria a intenção de enviar uma mensagem a Washington durante o período eleitoral.

Irã suspende cooperação com agência nuclear da ONU após trégua com Israel

Em um movimento que pode acirrar ainda mais os ânimos no Oriente Médio, o Irã suspendeu oficialmente sua cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), responsável por monitorar o desenvolvimento de programas nucleares no mundo. A decisão foi tomada pelo Parlamento iraniano no dia 24 de junho deste ano, apenas um dia após o cessar-fogo com Israel, que pôs fim a 12 dias de confrontos diretos entre os dois países, e divulgada oficialmente nesta quarta-feira (2).

Irã endurece postura após trégua militar

O Parlamento de Teerã aprovou uma nova legislação que determina a suspensão imediata das inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e a retirada das câmeras de vigilância instaladas em instalações nucleares sensíveis do país. Segundo o presidente do Parlamento, Mohammad Bagher Ghalibaf, a medida é uma resposta à “passividade da comunidade internacional diante das agressões israelenses” e ao que o país classifica como “violações dos compromissos nucleares por parte do Ocidente”.

A segurança nacional do Irã não será refém de acordos desequilibrados”, afirmou Ghalibaf durante a sessão parlamentar transmitida pela televisão estatal iraniana.

Segundo a rede Al Jazeera, a AIEA confirmou que seus inspetores foram retirados de algumas instalações e que está em diálogo com autoridades iranianas para avaliar os impactos da medida. Já os Estados Unidos, por meio do Departamento de Estado, afirmaram estar “profundamente preocupados” com a decisão, que classificaram como “um retrocesso significativo nos esforços diplomáticos”.


Presidente americano Donald Trump confirma 
cessar-fogo em entrevistas (Foto: Reprodução/Chip Somodevilla/Getty Images Embed)

Especialistas temem avanço sem transparência

A decisão iraniana reacende temores de que o país possa acelerar seu programa nuclear sem supervisão internacional. Para o analista em segurança internacional Ali Vaez, do International Crisis Group, “sem a presença da AIEA, o mundo terá menos clareza sobre as intenções e capacidades nucleares do Irã, o que pode aumentar a possibilidade de novos conflitos na região”.

O Irã afirma que seu programa nuclear tem fins exclusivamente pacíficos, mas países como os EUA e Israel veem com ceticismo essa declaração, especialmente diante da retomada de atividades que violam o acordo nuclear de 2015 — do qual os Estados Unidos se retiraram em 2018.

Segundo a “BBC”, a AIEA já enfrentava dificuldades para obter acesso irrestrito às instalações iranianas nos últimos meses. A suspensão formal da cooperação marca, segundo especialistas, “um novo e perigoso capítulo” na já conturbada relação entre Irã, Israel e o Ocidente.

Israel realiza nova ofensiva aérea em território iraniano e alerta população local

Nesta quinta-feira (19), forças israelenses intensificaram uma ofensiva aérea contra o Irã, atingindo áreas estratégicas como Teerã, Arak, Natanz e Isfahan. Os ataques, voltados principalmente para instalações nucleares e infraestruturas militares, ocorrem em meio a uma escalada de tensões entre os dois países iniciada no início do mês.

Além dos bombardeios, as autoridades israelenses emitiram ordens de retirada imediata para civis nas regiões afetadas, alegando risco direto à segurança da população.

Israel intensifica ações no Irã e pede evacuação de civis

As Forças de Defesa de Israel iniciaram, nesta quinta-feira (19), uma nova série de ofensivas aéreas em diferentes regiões do Irã, incluindo a capital, Teerã. As operações foram confirmadas pelas autoridades militares israelenses, que classificaram a ação como parte de uma estratégia contínua para atingir alvos militares do regime iraniano.

Entre os locais sob risco está a região de Arak, situada no oeste iraniano, que abriga uma instalação nuclear composta por um reator e uma central de produção de óxido de deutério. Essa substância pode ser utilizada na produção de plutônio, que representa uma alternativa técnica na construção de armamentos nucleares. Além de Arak, a cidade de Khandab também está sob alerta.

As autoridades israelenses emitiram mensagens diretas aos civis que habitam essas regiões, instruindo-os a deixarem imediatamente suas casas. O comunicado alerta que a permanência nesses locais representa uma ameaça direta à segurança da população.

Fontes do governo israelense indicam que os bombardeios são parte de uma campanha mais ampla de ações militares no território iraniano, realizada nos últimos dias, visando neutralizar capacidades estratégicas ligadas à infraestrutura militar do Irã.

Conflito iniciou em 13 de junho

A atual fase do confronto iniciou-se na sexta-feira (13). Nesse dia, Israel lançou a operação “Rising Lion” contra mais de cem alvos no Irã, entre eles centros nucleares e militares. Em resposta, o Irã lançou centenas de mísseis e drones contra cidades israelenses como Tel Aviv e Jerusalém, incluindo ataques que causaram danos residenciais e atingiram a embaixada norte-americana. 


Episódio de podcast que explica o início do conflito (Áudio: reprodução/Spotify/ O Assunto)

Na quarta-feira (18), um míssil iraniano atingiu o hospital Soroka, em Be’er Sheva, no sul de Israel, provocando ao menos 40 feridos e danos extensos. Desde então, a reação israelense tem incluído novos bombardeios, sobretudo contra instalações nucleares, com o objetivo declarado de desmantelar a estrutura de comando iraniana considerada uma ameaça existencial.

Israel ataca Irã e atinge bases nucleares

Na noite da última quinta-feira (12), horário de Brasília, o governo de Israel realizou um ataque a instalações nucleares iranianas. Segundo o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a ação foi motivada pelo avanço do desenvolvimento nuclear do Irã, o que, de acordo com Netanyahu, representa uma forte ameaça a Israel

Após o ataque, o governo de Israel publicou um vídeo assumindo a autoria. Até o momento, segundo as informações divulgadas pelas Forças de Defesa israelenses, foram utilizados 200 aviões de combate, que atingiram mais de 100 regiões do país, incluindo a capital iraniana, Teerã. 

Ainda no vídeo divulgado por Israel, Benjamin Netanyahu afirmou que a capacidade nuclear no Irã está cada vez maior, e o país poderá produzir uma arma nuclear em um prazo muito curto”, fato que justificaria a necessidade de ataque. O primeiro-ministro também destacou que a operação poderá permanecer por tempo indeterminado.  

Após a realização do ataque, autoridades israelenses destacaram que o país está em estado de emergência, com seu espaço aéreo fechado, devido ao risco de retaliação.


Irã promete reagir ao ataque de Israel  (Vídeo: Reprodução/YouTube/CNN Brasil)

Resposta do Irã

Autoridades iranianas destacaram que o país irá responder ao ataque. O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo iraniano, afirmou, por meio de pronunciamento na TV estatal do país, que Israel “deve esperar punição severa”. De acordo com as Forças de Defesa de Israel (FDI), o governo iraniano já iniciou sua retaliação, com um ataque de 100 drones ao território israelense. 

Já o porta-voz das Forças Armadas iranianas, general Abolfazl Shekarchi, endossou a fala do líder nacional, acrescentando que os Estados Unidos também serão punidos. Aliado de Israel, o governo norte-americano classificou o ataque como “unilateral”, e, apesar de autoridades estadunidenses saberem da sua idealização, o país afirma que não se envolveu diretamente no episódio.  

Autoridades iranianas mortas no ataque

Segundo a mídia estatal iraniana, o chefe das Forças Armadas do país, Mohammad Bagheri, e da Guarda Revolucionária, Hossein Salami, foram vítimas da operação. Além dessas autoridades, o ataque israelense vitimou pelo menos dois cientistas nucleares iranianos.