Países sulamericanos se alinham aos EUA em meio a tensão com a Venezuela

Em meio a crescente das tensões entre Estados Unidos e Venezuela, países sulamericanos começam a se posicionar na tensão entre os presidentes Donald Trump e Nicolás Maduro.

A informação deste posicionamento partiu de Marco Rubio, secretário de estado do governo Trump, que classificou o apoio internacional como incrível.

Apoio vem contra cartel de drogas

O apoio internacional vem após os Estados Unidos, um suposto grupo criminoso que trafica drogas internacionalmente chamado Cartel de los Soles é liderado pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro estaria em franca atuação no continente.

O Equador foi o primeiro país a se posicionar a favor dos EUA, classificando o Cartel de los Soles como uma organização terrorista e uma ameaça a segurança nacional. Com isso, o serviço de inteligência equatoriano investiga a influência desse grupo sobre as gangues do crime organizado identificadas e classificá-las.

A Argentina também classificou o cartel como organização terrorista e afirmou que sua decisão é baseada em relatórios sólidos sobre o grupo e que os países devem fortalecer a cooperação entre si para combater o cartel.

Além desses, o Paraguai também classificou como organização terrorista, mas diferente dos outros classificou como uma organização internacional e também defendeu a cooperação entre os países para combater o crime transnacional.

Venezuela e Colômbia afirmam que cartel não existe

Para Maduro, a acusação é infundada e o tal cartel se quer existe e afirma que o objetivo dos EUA é atacar a soberania venezuelana. Além disso, o ministro do interior da Venezuela também questionou a decisão dos países.

A Colômbia seguiu o posicionamento da Venezuela afirmando que o cartel não existe e questionando o interesse de Trump em combater o tráfico de drogas na América do Sul, afirmando que este posicionamento é uma estratégia da extrema-direita quando um líder não a obedece.


Venezuela busca apoio contra medidas dos EUA no Brasil (Foto: Reprodução/Instagram/@cancilleria.ve)

O Brasil até o momento não se posicionou, mas na quarta-feira(27) os ministros das Relações Exteriores dos dois países conversaram por ligação telefônica para discutir a situação do continente e das Zonas de Paz proclamadas pela CELAC em 2014 e das disposições do Tratado de Tletaco de 1967.

Oposição a Maduro comemora

As medidas de combate ao Cartel de los Soles e as declarações anti Maduro feita pelos países nos últimos dias foram comemoradas pela oposição ao presidente Nicolás Maduro.

A líder da oposição Maria Corina Machado saudou a iniciativa dos países sulamericanos e agradeceu principalmente aos presidentes Santiago Peña do Paraguai e Javier Millei da Argentina, afirmando que as medidas ajudam a desmantelar o sistema de governo da Venezuela.

Massacre em bar no Equador deixa 17 mortos

No último domingo (27), um grupo de homens armados deu fim à vida de pelo menos 17 pessoas e feriu outras 11 em um brutal ataque a um bar na cidade de El Empalme, que fica na província costeira de Guayas, no Equador. O ocorrido chocou o país e reforçou a alarmante violência ligada ao narcotráfico e ao crime organizado. Entre as vítimas está uma criança de 12 anos.

A procuradoria equatoriana recuperou mais de 40 peças de evidência balística no local, indicando o uso de pistolas e fuzis. A ação, que também resultou na morte de outras duas pessoas a poucos quilômetros do bar antes do ataque principal, sugere seletividade dos alvos, em um cenário de retaliação entre facções.

Território de disputas sangrentas

Localizado entre a Colômbia e o Peru, os maiores produtores de cocaína do mundo, o Equador se tornou um corredor estratégico para o tráfico de drogas, gerando uma intensa disputa entre grupos criminosos. A província de Guayas, onde o ataque ao bar “La Clínica” aconteceu, é um epicentro dessa violência, com gangues como Los Choneros, Los Lobos e Los Pepes vivendo uma guerra territorial pelo controle do contrabando. A taxa de homicídios no país subiu de 6 para 38 a cada 100 mil habitantes de 2018 para 2024, com um pico de 47 em 2023. Em 2025, foram registrados 4.619 assassinatos nos primeiros seis meses, um aumento de 47% em relação ao ano anterior.


A polícia invade uma casa em busca de um membro de gangue em 13 de fevereiro de 2024 em Esmeraldas, Equador (Foto: reprodução/John Moore/Getty Images Embed)

O ocorrido se une ao rol de casos que ilustram a barbárie que assola o país, como o assassinato de 12 pessoas disfarçadas de militares em uma rinha de galos em abril, e os confrontos que mataram 15 pessoas em 12 horas em Manabí devido à extradição do traficante “Fito”, em julho. Ataques a velórios, cemitérios e massacres em prisões, que já vitimaram cerca de 500 detentos desde 2021, completam um cenário de profunda insegurança e desestabilização social.

Resposta do governo

Diante da crise, o presidente Daniel Noboa declarou “conflito armado interno” em janeiro de 2024, classificando 22 grupos criminosos como organizações terroristas. Medidas foram implementadas como estados de exceção, toques de recolher e o envio de 2.000 soldados a Manabí, em julho. O governo busca uma postura de linha-dura, inclusive com parcerias internacionais, como a “aliança estratégica” com Erik Prince, fundador da Blackwater, e um pedido de apoio de forças especiais de países aliados.

Em junho, a Assembleia Nacional aprovou a concessão de mais poderes legais ao governo, para desmantelar as redes de tráfico de drogas. No entanto, a violência persiste atingindo diretamente a vida dos equatorianos, que vivem com medo e são forçados a fechar seus comércios e restritos de circular em cidades como Guayaquil e Quito.