MPF quer diminuir pena e multa de Léo Lins por piadas ofensivas a minorias

O Ministério Público Federal (MPF) se posicionou a favor da redução da pena do humorista Léo Lins, condenado a 8 anos e 3 meses de prisão por disseminar conteúdo ofensivo as minorias e grupos vulneráveis em suas apresentações.

A condenação foi resultado de ação movida pelo próprio MPF em 2023, após a divulgação do especial “Perturbador” no YouTube, no qual o comediante faz piadas envolvendo escravidão, perseguição religiosa, idosos, pessoas com deficiência e outras minorias.

Em parecer apresentado no início de setembro, o procurador regional da República Vinícius Fermino manteve a acusação quanto à autoria e materialidade dos crimes, mas destacou a necessidade de rever a dosimetria da pena e o valor das indenizações.

Concurso formal x continuidade delitiva

O MPF defende que os delitos sejam enquadrados como concurso formal, e não como continuidade delitiva. Na sentença, a juíza considerou que Léo Lins cometeu diversos crimes de preconceito ao fazer piadas contra diferentes grupos.


Sentença de Leo Lins (Vídeo: reprodução/YouTube/@domingo espetacular)

Por isso, a juíza aplicou a regra da continuidade delitiva, que entende que o humorista praticou diversos crimes separados, em diferentes momentos, o que resultou no aumento da pena por repetição da conduta. O Ministério Público, no entanto, discorda desse entendimento e argumenta que houve uma única ação criminosa: a publicação do vídeo que atingiu vários grupos ao mesmo tempo.

Nessa perspectiva, o caso se enquadra em concurso formal, quando um único ato resulta em vários crimes simultaneamente. Essa interpretação, em geral, torna o cálculo da pena mais favorável ao réu.

MPF pede revisão de multa e indenização

O MPF propôs que os crimes previstos na Lei 7.716/1989, que trata de delitos motivados por preconceito de raça, cor, etnia e religião, sejam contabilizados seis vezes na determinação da pena, em vez de oito, e que o crime de discriminação contra pessoas com deficiência seja considerado apenas uma vez.

Na decisão de primeira instância, a Justiça havia estabelecido multa de 1.170 salários mínimos da época (R$ 1.212 em 2022), totalizando pouco mais de R$ 1,4 milhão. No parecer enviado ao Tribunal Regional Federal, o MPF solicitou a redução desse valor, propondo a atualização da multa para cerca de 44 salários mínimos, equivalentes a pouco mais de R$ 53 mil, além da diminuição da indenização por danos morais coletivos.

Starlink vai bloquear internet de garimpo ilegal na Amazônia

O Ministério Público Federal firmou nesta semana um acordo inédito com a SpaceX para impedir o uso da tecnologia de internet via satélite por garimpeiros ilegais na Amazônia.
Para cumprir com o acordo, a empresa vai passar a exigir documentos de novos usuários, repassar dados de geolocalização para autoridades brasileiras e bloquear o sinal que está sendo usado para cometer crimes nos estados do Amazonas, Acre, Roraima e Rondônia.

MPF quer dificultar a comunicação de garimpeiros

O principal objetivo do acordo é dificultar a comunicação de garimpeiros ilegais na Amazônia Legal Brasileira.

Segundo o MPF, o garimpo ilegal tem usado a internet de alta velocidade produzida pela Starlink para melhorar a comunicação entre garimpeiros ilegais que atuam em terras indígenas e unidades de conservação ambiental.


Tecnologia da Starlink será usada para combater o garimpo ilegal (Foto: Reprodução/Instagram/@starlink_brasilbr)

O acordo começa a valer em janeiro de 2026, onde caso sejam identificados acessos nessas áreas e se comprovados uso para atividades ilegais, a empresa terá de bloquear de forma instantânea o uso de sua internet nessas áreas onde está sendo usada para fins ilícitos.

A Starlink também colocará em seu contrato de adesão e em seus termos de uso dos serviços, cláusulas proibindo o uso da tecnologia para atividades criminosas.

Acordo prevê uso de material apreendido

O acordo ainda traz outra novidade que é a utilização dos equipamentos da Starlink apreendidos nas operações de combate ao garimpo ilegal e outros crimes ambientais, seja utilizado para ações de fiscalização contra esses crimes após a apreensão.

De acordo com desembargadores que trabalham com o garimpo ilegal, afirmam que o acordo é importante para combater a rápida expansão do crime organizado nessas áreas e fazer com que os órgãos públicos consigam combater de forma rápida o crime organizado.