Trump mantém laranja e petróleo fora do tarifaço e expõe limites do protecionismo

Ao manter a laranja e o petróleo fora do tarifaço Donald Trump expõe os limites do protecionismo e evidência o poder da interdependência econômica, Donald Trump decidiu aplicar uma tarifa de 50% a uma grande quantidade de produtos brasileiros. Anunciada em 30 de julho, a decisão provocou forte turbulência nos mercados e trouxe à tona o debate sobre os rumos da política comercial entre Brasil e Estados Unidos.

Apesar da atitude severa, existem exceções que chamam a atenção: a laranja e o petróleo ficaram fora do aumento tarifário. Não se trata de uma escolha aleatória, ela escancara que há um cálculo pragmático por trás do discurso protecionista do presidente americano.

Laranja e petróleo

O suco de laranja brasileiro tem uma vital importância na indústria de bebidas dos EUA. A produção da Flórida está em crise há mais de dez anos devido a uma série de acontecimentos, entre eles, pragas, eventos climáticos e perda de competitividade. Com isso, o país importa mais de 40% do que o Brasil exporta do produto. Portanto, uma tarifa nesse item encareceria alimentos e pressionaria a inflação, um resultado negativo para um momento politicamente delicado na economia americana.

Já no caso do petróleo, a questão ultrapassa as fronteiras do comércio. Desde que o Brasil descobriu o pré-sal, o país se tornou um fornecedor estratégico de óleo leve, produto de extrema importância para as refinarias americanas na composição de misturas específicas. Nesse caso, esse fluxo seria penalizado pela tarifação, a energia dos EUA ficaria mais cara e isso poderia impactar o mercado financeiro global. Tendo em vista que gigantes como Chevron e Exxon Mobil mantém operações bilionárias no Brasil, um atrito desse porte traria custos diretos para a economia americana.


Laranjas (Foto: reprodução/Bloomberg/Getty Images Embed)
Laranjas (Foto: reprodução/Bloomberg/Getty Images Embed)

Impactos e riscos

É verdade que a exclusão dos citados produtos amorteceu os danos, mas os setores de carnes, calçados e manufaturados brasileiros poderão registrar perdas relevantes de até US$ 9 bilhões. A Amcham calcula que 43% das exportações do Brasil ficaram de fora da nova tarifa. A reação inicial no mercado financeiro, foi a volatilidade do dólar que disparou, o índice Bovespa recuou, mas com a exclusão da laranja e do petróleo, papéis vinculados a esses setores se mantiveram estabilizados. Para os EUA, o tarifaço tem um efeito duplo: no curto prazo, fortalece o discurso político, imprimindo pressão sobre os parceiros comerciais. Porém, a médio prazo, a tendência é encarecer produtos e diminuir a competitividade interna.

Efeitos futuros

O que se espera para as próximas semanas são tentativas de negociação, já que o governo brasileiro sinalizou que pretende recorrer à Organização Mundial do Comércio e vem buscando diversificar mercados com foco em China, Índia, Indonésia e países árabes. No mercado financeiro, os investidores ficarão atentos à evolução de um diálogo bilateral, bem como à oscilação do dólar e aos preços internacionais de commodities.


Imagem de refinaria brasileira de petróleo (Foto: reprodução/Bloomberg/Getty Images Embed)

Interdependência

A exclusão da laranja e do petróleo esclarece que, ainda num contexto de retórica nacionalista, os limites das ações políticas são impostos pela interdependência econômica. Portanto, não há tarifação que, uma vez usada como arma política, deixe de produzir danos domésticos, tendo em vista que, num mundo de cadeias produtivas globais, a interdependência funciona como uma espécie de freio para determinadas ações.

Loewe produz roupas sustentáveis de casca de laranja

A Loewe, sob a visão criativa de Jonathan Anderson, tem se destacado por suas iniciativas de sustentabilidade, e uma das mais recentes e inovadoras é a utilização de tecidos feitos a partir de cascas de laranja. Essa iniciativa faz parte da coleção Paula’s Ibiza 2025 e representa um conceito de luxo que une sustentabilidade e inovação tecnológica.

Do resíduo à alta costura

A mágica acontece por meio de parcerias com a fabricante Pyratex, uma empresa espanhola de P & D têxtil, e com a Orange Fiber, uma empresa italiana pioneira que transforma os subprodutos da indústria de sucos em um fio têxtil de alta qualidade. Esse material inovador é então combinado com polpa de madeira para criar o Citrea, um tecido que além de sustentável, também possui um toque incrivelmente macio.

Com uma tonalidade laranja suave e terrosa, o tecido oferece propriedades funcionais impressionantes: ação antibacteriana, proteção UV, controle de temperatura e absorção de umidade. Ele pode passar pelo processo de branqueamento, comum na indústria têxtil, utilizado para remover qualquer cor natural ou impurezas, deixando o tecido pronto para receber qualquer pigmentação. Tudo isso o torna perfeito para as peças leves e respiráveis que a Loewe tem lançado, como tops e camisetas.


Loewe mostra o processo de produção da camiseta de fibra de cascas de laranjas (Vídeo: reprodução/Instagram/@loewe)

Investimento que vale a pena

Embora o custo dessas peças de alta costura seja elevado, a iniciativa visa conscientizar sobre as possibilidades da moda sustentável e incentivar a indústria a buscar alternativas mais ecológicas. A Orange Fiber e a Pyratex possuem certificações importantes que atestam a sustentabilidade e a responsabilidade de seus processos. Esses processos de produção adotam plenamente o conceito de economia circular, aquela mesma que muitos de nós aprendemos na escola, que se baseia nos 4 Rs (Repensar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar), minimizando o impacto ambiental e garantindo rastreabilidade desde a origem.

Essa aposta da Loewe nas cascas de laranja não é um caso isolado, mas parte de uma estratégia mais ampla que inclui a coleção Eye/LOEWE/Nature, o uso de couros certificados e a reciclagem de materiais excedentes. Jonathan Anderson prova que é possível aliar criatividade, luxo e um futuro mais verde.