Políticos brasileiros iniciam retorno ao Brasil após ficarem retidos em Israel

Uma comitiva de políticos brasileiros, composta por prefeitos e secretários municipais, começou a retornar ao Brasil nesta segunda-feira (16), após dias de tensão em Israel devido ao agravamento do conflito com o Irã. O grupo, que participava da Expo Muni Israel 2025, ficou retido no país e precisou buscar abrigo em bunkers durante os ataques.

Resgate e a rota de saída

A operação de resgate foi articulada pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), Ministério das Relações Exteriores e Palácio do Planalto, com apoio do governo israelense. Inicialmente, 13 dos cerca de 47 integrantes da comitiva foram transferidos de ônibus à Jordânia. Segundo fontes, uma pessoa desistiu de embarcar de última hora e preferiu ficar no alojamento em uma universidade israelense. O próximo passo será tirar as outras 35 pessoas, que não quiseram correr o risco da travessia.

A rota escolhida, cruzando a fronteira, se mostra a mais segura após o fechamento do espaço aéreo israelense pelos bombardeios que começaram na madrugada da última sexta-feira (13).


Secretário de Natal Vagner Araújo registra retirada de Israel para a Jordânia por via terrestre | Reprodução/X/@correiocarajas

Da Jordânia, a comitiva seguirá para a Arábia Saudita, onde embarcará em um voo particular com destino ao Brasil. Alguns membros do grupo também poderão seguir para o Catar em voos comerciais, de onde se conectarão para Guarulhos, São Paulo. A lista de participantes inclui nomes como Álvaro Damião (prefeito de Belo Horizonte), Cícero Lucena (prefeito de João Pessoa) e Johnny Ribeiro (prefeito de Nova Friburgo), entre outros. O deputado federal Mersinho Lucena (PP-PB) viajou para o Oriente Médio para dar suporte ao pai, o prefeito Cícero Lucena.

Desafios diplomáticos e logísticos

A saída foi dificultada pela ausência de um embaixador brasileiro em Israel, o que, segundo o senador Carlos Viana (Podemos-MG), coordenador do Grupo Parlamentar Brasil-Israel, dificultou as negociações iniciais para o resgate. Além dos políticos, a preocupação se estende a turistas brasileiros que se encontram na região. A assistência consular está sendo prestada pelas embaixadas brasileiras em Amã (Jordânia) e Riad (Arábia Saudita).

Israel transfere 13 autoridades brasileiras para a Jordânia em meio à tensão com Irã

Com o aumento da tensão entre Israel e Irã, as Forças de Defesa de Israel estão transferindo um grupo de 13 autoridades brasileiras para a Jordânia na manhã desta segunda-feira (16), conforme informou o senador Carlos Viana (Podemos-MG), presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Israel. As negociações para a transferência ocorrem com a embaixada israelense no Brasil.

A medida ocorre diante do agravamento do conflito na região, levando as autoridades brasileiras a buscar uma rota segura para deixar Israel. De acordo com Viana, as negociações estão sendo feitas diretamente com a representação diplomática israelense devido a entraves nas relações atuais entre os governos do Brasil e de Israel.

O grupo parlamentar também divulgou nota acusando o governo brasileiro de omissão diante da gravidade do cenário e afirma que a postura do Executivo estaria dificultando os esforços para retirar os brasileiros da área de confronto.

Tensão militar entre Irã e Israel coloca região em alerta

Nos últimos dias, o conflito entre Irã e Israel se intensificou, com ataques aéreos mútuos que resultaram em dezenas de vítimas e feridos. O Irã respondeu a ofensivas israelenses com mísseis lançados contra áreas civis, enquanto Israel mantém sua estratégia de bombardear instalações estratégicas iranianas.


Imagens do novo ataque a mísseis do Irã a Israel (Vídeo:reprodução/Youtube/CidadeAlertaRecord)

Permanência e incertezas

Embora a expectativa seja de que 13 pessoas integrem o primeiro grupo a deixar Israel por via terrestre, nem todos os brasileiros optaram por sair do país neste momento. Maryanne Mattos, vice-prefeita de Florianópolis e secretária de Segurança Pública, e Paulo Rogério Rigo, secretário de Proteção Civil de Joinville, decidiram permanecer no país.  Ambos estão em Kfar Saba, a cerca de 26 quilômetros de Tel Aviv.

Segundo Maryanne, a escolha foi motivada por questões de segurança, já que, conforme orientações locais, deslocar-se por estradas pode representar risco maior do que permanecer abrigado na cidade. Paulo Rigo também optou por não seguir com a escolta até a Jordânia, pois não há garantias de proteção após cruzar a fronteira.

Ao todo, cerca de 41 representantes brasileiros, entre prefeitos, vice-prefeitos, secretários e outros gestores públicos, participavam de uma feira de tecnologia em Israel quando os ataques do Irã intensificaram a tensão na região. Eles deveriam retornar ao Brasil no dia 20 de junho, mas com o fechamento do espaço aéreo e a escalada do conflito, ainda não há previsão oficial de repatriação. A Comissão de Relações Exteriores do Senado encaminhou um pedido à Força Aérea Brasileira (FAB) para viabilizar a repatriação dos brasileiros.