Jimmy Kimmel revela detalhes da suspensão de seu talk show

O programa de entrevistas de Jimmy Kimmel, que leva seu nome, teve seu retorno durante a última semana, alcançando uma marca inédita. Em entrevista, o apresentador e comediante trouxe bastidores da situação e detalhes que envolveram a suspensão do “Jimmy Kimmel Live!” após os comentários sobre Charlie Kirk, além da primeira reação referente à notícia.

Uma surpresa apavorante

Esta terça-feira (30) foi marcada por uma conversa com Jimmy Kimmel no “The Late Show with Stephen Colbert, onde o comediante foi questionado e relembrou o momento em que foi informado sobre a suspensão de seu programa — decisão tomada em conjunto pela ABC e pela Walt Disney.

Kimmel disse que foi verdadeiramente uma montanha-russa de emoções e confirmou relembrando o horário exato. “Era por volta das 3h da tarde. Nós filmamos às 4h30. Eu estava em meu escritório digitando como sempre quando recebo uma ligação. Era a ABC dizendo que queria falar comigo. ”, relatou Jimmy, ressaltando que percebeu algo estranho, já que sabia que a empresa não reconhecia a existência do talk show.

Segundo ele, se direcionou ao banheiro para ter a conversa, pois seu escritório é bastante povoado. “Durante o telefonema com os executivos da ABC, eles me disseram que estavam preocupados com o que eu diria naquela noite, e decidiram que o melhor caminho era tirar o show do ar.”, contou o humorista. Ele continuou dizendo que tentou convencê-los de que não era uma boa ideia, mas que foi decidido por meio de votação.


Jimmy Kimmel no The Late Show (Vídeo: reprodução/YouTube/The Late Show with Stephen Colbert)

Reações de uma possível queda

Ao encerrar a ligação, Kimmel volta para o escritório e reúne os produtores executivos para entregar a notícia. Neste instante, Molly McNearney, sua esposa, descreveu o humorista como pálido, pois, segundo ele mesmo, significava o fim de sua carreira na televisão.

O cancelamento do programa chegou tão repentinamente que atingiu até mesmo os integrantes da plateia, que já se encontravam em seus lugares há algumas horas. Seu chef, Christian Petroni, já preparava o prato para o dia, enquanto Howard Jones, compositor escalado, preparava a música.

No fim, o apresentador norte-americano conta que a gravação aconteceu independentemente de enviarem a audiência presente para casa. Um fato curioso é que a canção tocada na frente dos funcionários se chamava “Things Can Only Get Better”, ou, em uma tradução direta, “As Coisas Podem Somente Melhorar”, algo que Jimmy, devido aos acontecimentos posteriores, enxerga de forma esperançosa.

Fallon e Colbert saem em defesa de Kimmel e acusam censura após suspensão

A suspensão de Jimmy Kimmel por comentários sobre um aliado de Donald Trump transcendeu o âmbito do entretenimento e se transformou em assunto político: em apoio ao colega, Jimmy Fallon e Stephen Colbert utilizaram seus programas de entrevistas para criticar a emissora, denunciar a censura e destacar a influência do ex-presidente na mídia dos Estados Unidos.

Fallon ironiza suspensão e expõe risco de censura

A interrupção do programa de Jimmy Kimmel deu início a uma reação em cadeia na televisão americana. Nesta semana, seus colegas de palco e concorrentes de audiência, Jimmy Fallon e Stephen Colbert, dedicaram parte de seus talk shows para apoiar o apresentador e questionar as razões que o afastaram da televisão.

Kimmel foi afastado da ABC após declarações controversas sobre o ativista conservador Charlie Kirk, que é próximo ao presidente Donald Trump. O incidente, rapidamente convertido em combustível político, provocou pressão de aliados republicanos e culminou com a penalidade aplicada ao humorista.


Jimmy Fallon demonstra apoio a Kimmel em seu programa (Vídeo: reprodução/X/@DiscussingFilm)

Fallon optou por seguir o caminho da sátira. Entre uma piada e outra, destacou a fama de Kimmel por sua bondade fora das câmeras e sugeriu que a suspensão pode ser interpretada como uma tentativa de censura. Em um momento, simulou uma interrupção repentina da transmissão, uma maneira divertida de alertar o público sobre a fragilidade da liberdade de expressão quando confrontada com interesses políticos.

Colbert sobe o tom em defesa de colega

Já Colbert escolheu um espetáculo separado. Ele apresentou uma paródia de “A Bela e a Fera”, com um visual de musical da Broadway, para criticar a decisão da emissora e criticar a influência de Trump nos bastidores. Com um tom áspero, chamou o presidente de “ditador” e destacou que a questão não se resumia a Kimmel, mas também ao direito dos apresentadores de desempenharem suas funções sem receio de represálias.


 Stephen Colbert apresentou uma paródia de "A Bela e a Fera" em seu programa (Vídeo: reprodução/X/@DemocraticWins)

A mensagem final ficou clara. “Hoje, todos somos Jimmy Kimmel, afirmou Colbert, arrancando aplausos do público e resumindo a insatisfação da classe artística com o episódio.


 Stephen Colbert durante a abertura de seu programa (Vídeo: reprodução/X/@CalltoActivism)

A suspensão, que poderia ser somente mais uma crise na televisão, desencadeou uma discussão mais ampla: até onde a liberdade de expressão pode ir quando a política se envolve?