Schiaparelli primavera/verão 2026: Daniel Rosberry celebra legado da maison

Talvez um dos desfiles mais aguardados da Paris Fashion Week, a Schiaparelli subiu ontem nas passarelas, no Centro George Pompidou, que abriga o Museu Nacional de Arte Moderna e uma biblioteca pública. A escolha do local, casou com a coleção ‘Dance in the Dark’, que apresentou peças de alfaiataria, poás e silhuetas marcantes. Foi neste mesmo local, que Rosberry viu uma exposição do escultor romeno Constantin Brancusi, que serviu de inspiração para a coleção prêt-à-porter.

Reforço do legado com toque moderno

A abertura do desfile apresentou um par de terninhos e saia, trazendo a modernidade e a alfaiataria para o catwalk. Além disso, a coleção também apresentou vestidos com recortes modernos. Os vestidos também foram um show a parte. Com recortes modernos e um “quê” de alta costura, Rosberry mostrou que a coleção prêt-à-porter veio para ficar na maison. Os vestidos longos, mostraram um lado mais surreal, com estrutura e detalhes diferenciados.


Desfile primavera/verão 2026 da Schiaparelli (Vídeo: reprodução/Instagram/@schiaparelli)

Rosberry também homenageou a fundadora da maison, Elsa Schiaparelli, através de vestidos com pequenos rasgos. A peça, teve como inspiração, um vestido criado por Elsa Schiaparelli e Salvador Dalí. Também fez parte da coleção, peças com transparências em lugares estratégicos, trazendo um toque sensual. Já o romance, ficou por conta de modelos com poá e bolinhas. Kendall Jenner desfilou com um modelo transparente, com detalhes de bolinhas e uma luva combinando.

Valorização do prêt-a-porter

Daniel Rosberry assumiu a direção criativa da Schiaparelli em 2019, porém, foi apenas em 2023 que a maison passou a fazer peças prêt-à-porter. “No início havia muita discussão interna aqui de que o prêt-à-porter parecia muito com alta-costura, mas agora a situação se inverteu. O que antes parecia um obstáculo, agora se torna um superpoder quando se trata do desempenho das roupas com os clientes.”, disse Daniel em entrevista para Vogue. O estilista também reforçou que sua intenção, desde 2023, sempre foi valorizar o prêt-à-porter, para que ele tivesse espaço na casa.

Ainda, em entrevista para a revista Milano Finanza, o diretor criativo reforçou a importância de peças prêt-à-porter, dizendo que elas agregaram ainda mais valor à marca, que antes trabalhava apenas com Haute Couture. Com mais um desfile, Rosberry mostra um dos motivos por estar à frente da maison, mostrando o brilho da Schiaparelli e adicionando um toque pessoal em seu legado na história da moda.

Museu britânico exibe exposição em homenagem à Elsa Schiaparelli

O museu Victoria and Albert Museum, de Londres, anunciou a exposição “Schiaparelli: Moda se Torna Arte”, em tradução livre, que vai narrar a história da maison italiana durante seu período comandado pela fundadora Elsa Schiaparelli até os dias atuais, com a marca sob a direção criativa do americano Daniel Roseberry.

Com previsão de início para o dia 21 de março, a mostra fica em exibição até o dia 1 de novembro. A venda dos ingressos começa ainda em 2025, no mês de outubro.

A exposição é dedicada a Elsa Schiaparelli e sua arte desde a década de 1920. Segundo a instituição, mais de 200 objetos, como vestuário, joias, acessórios, fotografias, pinturas, perfumes, arquivos e até móveis, farão parte do acervo disponível.

Vanguarda

Os primeiros anos da grife foram marcados pelo surrealismo e parcerias icônicas promovidas por Elsa Schiaparelli. Uma das mais lembradas é a amizade – que pulou para os looks – surrealista com o pintor espanhol Salvador Dalí. O resultado foram obras absurdas que desafiavam o que era considerado belo na época.

Entre eles estão o vestido lagosta e o vestido lágrimas, este que possui véu e diversos materiais não tradicionais na composição, e outros acessórios emblemáticos, como o chapéu em forma de salto alto.

Porém, a estilista italiana não se contentou com a moda e também alterou o curso da perfumaria. Em 1937, ela criou o perfume Shocking, com a embalagem inspirada no corpo da atriz americana Mae West. O diferencial é que na propaganda do produto, uma nova cor surgia: o rosa-choque, criado por Schiaparelli. Para obter o tom forte, ela misturou magenta, vermelho e branco.

Desde então, o rosa-choque não saiu dos olhos do mundo, seja na famosa boneca Barbie ou na clássica comédia romântica dos anos 1980, “A Garota de Rosa-Shocking”.


Veja looks icônicos da grife (Foto: reprodução/Instagram/@vamuseum)

A marca

A Schiaparelli foi fundada em 1927 e no começo se concentrava na confecção de suéteres. Conforme a empresa foi atingindo capital comercial e uma quantidade considerável de funcionários foi contratada, Elsa Schiaparelli começou a arriscar e lançou modelos surrealistas já no começo da década de 1930, em parceria com o artista Jean Cocteau.

Ao longo da trajetória da casa de moda, o absurdo sempre se fez presente, até mesmo após a morte da sua criadora, em 1973. Atualmente, a marca está sob domínio de Diego Della Valle, que a adquiriu em 2007. A primeira coleção neste período foi conduzida pelo francês Christian Lacroix, em 2013.

Atualmente, o diretor criativo Daniel Roseberry segue com os looks extravagantes. Celebridades e grandes nomes da indústria surgem em tapetes vermelhos usando roupas da marca, como Dua Lipa, Miley Cyrus e a atriz Hunter Schafer.