Coleção Schiaparelli “Back to the Future” une estilos do passado ao futuro
Daniel Roseberry desafiou o tempo na abertura da Semana de Alta-Costura de Paris Outono/Inverno combinando o surrealismo com uma visão elegante e futurista

A coleção da Schiaparelli batizada de “Back to the Future”, é um testemunho da genialidade de Daniel Roseberry em reinterpretar o legado da maison. Apresentada nesta segunda (7), no histórico Petit Palais em Paris, a coleção, embora não remeta diretamente ao filme homônimo, mergulha em uma “viagem no tempo” conceitual.
“Sci-chic”: glamour vintage e elementos futuristas
Roseberry transportou a audiência para junho de 1940, quando Elsa Schiaparelli partiu de uma Paris em guerra para Nova York, misturando essa resiliência histórica com um futuro de estética tecnológica óbvia.
A paleta de cores dominante é preto, com toques de branco, vermelho intenso e prata, evocando uma sensação de “Polaroid antiga”. As silhuetas remetem aos anos 1940, com bainhas curtas e fluidas, e também incorporam a opulência dos anos 80 em ombros exagerados e ternos acolchoados.
Coleção "Back to the Future" de Daniel Roseberry para Schiaparelli reinterpreta o legado da grife unindo elementos surrealistas e futuristas (Víde: reprodução/Instagram/@schiaparelli)
O surrealismo reinventado
O surrealismo, que é a alma da Schiaparelli, foi reinventado. Daniel Roseberry mergulhou nos arquivos da maison para trazer códigos icônicos inspirados nas colaborações de Elsa com Salvador Dalí. Um dos grandes destaques é o vestido com o “coração pulsante” nas costas, baseado em uma obra de Dalí de 1953, que parece imitar um coração real com pulsações mecânicas. Outra peça hipnotizante é um vestido escultural vermelho que cria uma ilusão de ótica de que a modelo está andando de costas.
“O coração pulsante da alta-escultura” por Daniel Roseberry (Vídeo: reprodução/Instagram/@danielroseberry)
A capa “Apollo of Versailles” de 1938 foi reimaginada com explosões metálicas que remetem a galáxias e constelações. A ausência de corsets rígidos, uma marca de coleções anteriores de Roseberry, permite uma fluidez e liberdade maiores, refletindo uma evolução no estilo do designer. Os acessórios, como brincos descoordenados em latão martelado e sandálias com bordados de fita métrica metálica, adicionam um toque final à estética surreal e luxuosa.
Schiaparelli, inverno 2025 alta-costura/Capa da coleção Zodiac do inverno de 1938-39 está no The Metropolitan Museum of Art em NY/Elsie de Wolfen na década de 1930 usando a capa "Apollo of Versailles" (Foto: reprodução/schiaparelli)
A apresentação no número 21 da Place Vendôme, onde Elsa Schiaparelli fundou seu ateliê, solidificou a conexão da coleção com a rica história da casa de moda. A presença de celebridades como Dua Lipa e Cardi B na primeira fila sublinhou o impacto e a relevância cultural desta coleção que, sem dúvida, deixará sua marca na história da alta-costura.