Desemprego no Brasil atinge novo mínimo no terceiro trimestre

O mercado de trabalho brasileiro segue com trajetória de recuperação. Segundo alguns dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que, no terceiro trimestre de 2025, a taxa de desemprego ficou em 5,6%, repetindo o menor patamar da série histórica.

Principais mudanças e números apresentados

O grupo de pessoas desempregadas no Brasil ficou em 6,045 milhões, representando uma queda de 3,3% em relação ao trimestre anterior e de 11,8% em comparação ao ano. O resultado reflete a continuidade da recuperação do mercado de trabalho e na consolidação do país em um dos menores patamares de desemprego já registrados.

Já o número de pessoas trabalhando alcançou 102,433 milhões, um recorde histórico. O resultado mostra uma leve alta de 0,1% no trimestre e de 1,4% em relação ao mesmo período do ano passado, indicando estabilidade no ritmo de geração de empregos formais e informais.

No setor privado, por sua vez, teve um total de empregados com carteira assinada subindo para 39,229 milhões, um crescimento de 0,5% no trimestre. Por outro lado, o número de trabalhadores sem carteira apresentou uma pequena queda de 0,3%, sinalizando uma leve redução na informalidade.

A renda média habitual dos trabalhadores foi registrada em R$3.507, o que representa um aumento de 0,3% no trimestre e de 4,0% em relação ao mesmo período do ano anterior. O dado reforça a tendência de melhoria na remuneração e no poder de compra da população.

O que esses dados indicam

A combinação entre a taxa de desemprego baixa, ocupação em patamar elevado e renda em crescimento sugere que o mercado de trabalho no Brasil está em uma fase de bastante forte. Isso ajuda a sustentar o consumo interno e pode ter efeito de enfraquecer uma possíveis queda econômica.

Por outro lado, analistas apontam que devem ter cuidados ao fato de a taxa estar no mínimo histórico pela terceira vez consecutiva, pode indicar que o ritmo de expansão do emprego está chegando a um ponto de equilíbrio ou ao seu pico de crescimento.


Taxa de desemprego (Vídeo: reprodução/YouTube/@CNNbrasil)


A coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE, Adriana Beringuy, ressaltou que o fato de a taxa de desemprego permanecer em 5,6% pela terceira vez consecutiva não significa necessariamente que o indicador tenha atingido um piso, já que ainda existem movimentos de mercado e fatores sazonais, como o aumento de contratações temporárias no fim do ano. Já o economista sênior do Banco Inter, André Valério, avaliou que a estabilidade da taxa por três meses seguidos pode indicar que o desemprego chegou ao seu pico de redução, sinalizando uma possível estabilização do mercado de trabalho.

Contexto econômico e desafios à frente

A manutenção de uma taxa de desemprego tão baixa enquanto os juros permanecem elevados representa um desafio para o Banco Central do Brasil. De um lado, o mercado de trabalho em alta impulsiona o consumo e dá força à economia, esse movimento pode dificultar o controle da inflação, o que exige cuidado do Banco Central nas próximas decisões. Mesmo com os bons números, há sinais de que o ritmo pode estar diminuindo e a taxa parada em 5,6% sugere que o país talvez tenha chegado perto do limite dessa recuperação, e que novas vagas devem surgir de forma mais lenta, concentradas em setores específicos.

A sazonalidade também tem peso nesse contexto. No fim do ano, é comum o aumento das contratações temporárias para atender à demanda de datas comemorativas e maior consumo, o que pode gerar um impulso passageiro que não se mantém nos meses seguintes.

Para garantir uma recuperação mais sustentável, será essencial acompanhar a diversificação dos setores que geram empregos e verificar se o crescimento dos salários reais continua avançando, fortalecendo o poder de compra e reduzindo as vulnerabilidades entre os trabalhadores brasileiros.

A importância dessa taxa para a sociedade

Para os trabalhadores, a queda no desemprego é uma ótima notícia. Com menos gente procurando vaga, quem está no mercado ganha mais poder de negociação sobre o seu trabalho, o que pode render salários melhores, benefícios e mais estabilidade no emprego.

Para as empresas, o cenário também tem dois lados. O aumento da renda e do consumo impulsiona as vendas e o crescimento dos negócios, mas, ao mesmo tempo, eleva os custos, já que fica mais difícil e caro atrair e manter profissionais qualificados em um mercado mais competitivo.

Já para o governo, o desafio é manter o equilíbrio. Um mercado de trabalho muito aquecido ajuda a economia, mas também pode pressionar a inflação. Por isso, é preciso encontrar um ponto de equilíbrio para seguir gerando empregos sem descontrolar os preços do mercado.

Desemprego recua e atinge 5,6%, o menor nível já registrado pelo IBGE

O Brasil alcançou em julho uma das marcas mais expressivas desde o início da série histórica da Pnad Contínua, em 2012. A taxa de desemprego recuou para 5,6% no trimestre encerrado, resultado que representa a menor proporção de desocupados já registrada pelo IBGE. No trimestre anterior, encerrado em abril, o índice estava em 6,6%, enquanto no mesmo período de 2024 havia sido de 6,9%.

A redução da desocupação corresponde a cerca de 1 milhão de pessoas a menos em busca de trabalho em comparação com o trimestre anterior. Ao todo, o número de desocupados chegou a 6,11 milhões, o menor patamar desde o fim de 2013. Esse cenário reforça o avanço da inserção de trabalhadores no mercado, com destaque para setores ligados à administração pública, educação, saúde e serviços sociais, que sozinhos geraram mais de 500 mil vagas.

Outro fator relevante foi a expansão da ocupação formal. O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado chegou a 39,1 milhões, o maior já registrado. Esse crescimento ajudou a reduzir o desemprego e deu mais robustez ao mercado de trabalho brasileiro, que se mantém resiliente mesmo em um contexto de desaceleração econômica gradual.


Comparativo dos índices de desemprego por regiões no Brasil em 2023 (Foto: Reprodução/Instagram/@minutosdevalor)

Informalidade perde espaço, mas se mantém elevada

Apesar da melhora dos indicadores, a informalidade ainda responde por uma parcela significativa do mercado. O levantamento do IBGE aponta que 38,8 milhões de brasileiros estão em ocupações informais, seja como empregados sem carteira assinada, seja como trabalhadores por conta própria. O total representa 37,8% da população ocupada, uma leve queda em relação ao mesmo período de 2024, quando o índice estava em 38,7%.

O trabalho por conta própria, em especial, vem crescendo. No trimestre encerrado em julho, 25,9 milhões de pessoas se enquadravam nessa categoria, recorde da série histórica. Esse aumento mostra que, embora a formalização esteja avançando, a busca por alternativas de renda fora do vínculo empregatício ainda é expressiva.

Para analistas do IBGE, o movimento atual reflete um mercado em reestruturação. A expansão de empregos formais, embora significativa, não elimina a relevância da informalidade como porta de entrada ou complemento de renda. Mesmo assim, a queda da taxa geral de informalidade indica que há espaço para maior estabilidade no emprego e avanços no nível de proteção social.

Renda cresce e sustenta consumo das famílias

O bom desempenho do mercado de trabalho se refletiu também no crescimento da renda. O rendimento médio habitual do trabalhador foi estimado em R$ 3.484 no trimestre, aumento de 1,3% em relação ao período anterior e de 3,8% em comparação com o mesmo trimestre de 2024. Já a massa de rendimentos alcançou R$ 352,3 bilhões, um novo recorde, com alta de 6,4% no acumulado de um ano.

Esse fortalecimento da renda tem efeito direto sobre o consumo das famílias, especialmente em setores mais sensíveis à demanda, como comércio e serviços. Segundo economistas, a expansão da massa salarial ajuda a sustentar a economia mesmo em um cenário de juros elevados, contribuindo também para conter a inflação de serviços.

No entanto, especialistas alertam que a fase de forte expansão pode estar próxima da estabilização. O número de ocupados atingiu 102,4 milhões, recorde histórico, mas tende a mostrar sinais de acomodação nos próximos meses. Ainda assim, a queda do desemprego, a melhora da formalização e a alta na renda consolidam um retrato positivo do mercado de trabalho brasileiro em 2025.