Advogados de Cassie apontam falhas na condenação de Diddy

A recente decisão judicial que resultou na prisão do rapper P.Diddy reacendeu debates sobre abuso de poder e responsabilização na indústria musical. O caso, acompanhado por depoimentos e repercussões públicas, teve impacto direto na trajetória de Cassie Ventura, cuja equipe jurídica se pronunciou na última sexta-feira (3), após a sentença, destacando o peso emocional de todo o processo.

Pronunciamento dos advogados de Cassie Ventura

Após a condenação do rapper e empresário Sean “Diddy” Combs a quatro anos e dois meses de prisão, a equipe jurídica da cantora e ex-namorada do rapper Cassie Ventura, divulgou uma nota oficial sobre o caso. O artista foi sentenciado por duas acusações de transporte para fins de prostituição, conforme a Lei Mann, legislação norte-americana que criminaliza esse tipo de conduta interestadual.

Os advogados de Ventura afirmaram que a decisão representa um avanço no reconhecimento das violações cometidas, mas ressaltaram que a sentença “não repara os danos emocionais e psicológicos” sofridos pela cantora. Segundo o comunicado, o veredito reconhece o impacto do caso na vida de Cassie e de outras possíveis vítimas.


Advogados de Cassie reagem à sentença do rapper (Video:Reprodução/YouTube/@enews)

Durante o julgamento, a ex-companheira de Diddy atuou como testemunha principal, relatando episódios de controle, coerção e agressões físicas e psicológicas atribuídas ao rapper. O tribunal considerou esses depoimentos essenciais para a condenação em duas das cinco acusações apresentadas, enquanto outras denúncias, como tráfico sexual e associação criminosa, foram rejeitadas pelo júri.

Decisão judicial e justificativas da sentença

O juiz federal responsável pelo caso, Arun Subramanian destacou, durante a audiência em Manhattan, que o músico “prejudicou irreparavelmente duas mulheres” e manteve os abusos por mais de uma década, utilizando sua influência e recursos financeiros para silenciar as vítimas. Além da pena de prisão, o magistrado impôs uma multa de US$ 500 mil, valor máximo previsto pela legislação.

Combs, que já estava preso preventivamente desde setembro de 2024, reconheceu parte dos abusos em sua fala final. Em lágrimas, pediu desculpas à família e às vítimas, alegando problemas com drogas e saúde mental. O juiz, no entanto, considerou o discurso insuficiente e manteve a pena como forma de responsabilização.

A condenação marca um ponto de inflexão na carreira do rapper de 55 anos, antes considerado um dos nomes mais influentes da música norte-americana , agora associado a um dos casos mais emblemáticos de abuso e poder na indústria cultural.

Caso Diddy: advogado de defesa minimiza abusos sofridos por Cassie Ventura em declaração final

O advogado de defesa do rapper P. Diddy, Marc Agnifilo, fez as declarações finais nesta sexta-feira (27), no julgamento em que o cantor responde por diversos crimes de violência sexual. Entre as vítimas, a sua ex-namorada e também cantora Cassie Ventura, forçada a se envolver sexualmente com vários homens por anos, enquanto Diddy registrava tudo para servir de chantagem.

Diddy e Cassie viviam “história de amor”

A base da argumentação de Marc durante as quatro horas de sua fala era de que Sean Combs e Cassie Ventura viviam uma “grande história de amor moderna”, e que a relação criminosa, que ele chama de “complicada”, era, na verdade, baseada no amor. O advogado ainda afirmou que Diddy deu a Cassie oportunidades para ela sair da relação, mas que não saiu porque estava “apaixonada por ele”, e que a paixão era mútua.

Apesar disso, Agnifilo reconhece o caso de violência doméstica em 2016, flagrada por câmeras de segurança do hotel, onde Diddy arrastou Cassie pelos cabelos. Sobre a agressão, justificou: “Nós somos responsáveis pela violência doméstica”, mas garantiu que seu cliente não cometeu os crimes de tráfico sexual e extorsão, e que ele vai lutar até a morte para se defender.


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Marc Agnifilo, advogado de defesa de Diddy (Reprodução/Michael M. Santiago/Getty Images Embed)

Ele alegou ainda que o término dos dois em 2018 foi uma “escolha adulta” de Cassie, e que as mensagens trocadas por ambos no dia do término eram lindas e que fariam o júri chorar de emoção.

Sobre as chamadas “freak-offs”, as festas de Diddy regadas a drogas pesadas e sexo, Agnifilo reduziu a um simples “estilo de vida swinger”, e que ambos concordavam em ter relações com múltiplos parceiros, e que todas as relações sexuais eram consentidas por todos os participantes. Sobre os vídeos que Diddy gravava de sua namorada e outras pessoas, o advogado chamou de “pornografia caseira”, e que ele não era o único homem dos Estados Unidos a fazer isso.


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Sean Combs e Cassie Ventura enquanto namoravam (Reprodução/Jeff Vespa/Ethan Miller/Getty Images Embed)

Ventura é uma “gângster”

Marc ainda chamou Ventura de “gângster”, e disse que ela era igual à Diddy. Também mencionou que o caso inteiro não é sobre crime, mas sobre dinheiro, e que Cassie e as outras vítimas querem extorquir Diddy, já que nenhuma delas denunciou à polícia. Marc Agnifilo ainda se referiu ao pedido do processo em US$ 30 milhões, e que Ventura só teria pedido esse valor “porque Sean Combs tem”. No fim, Agnifilo ainda pediu a absolvição da prisão de Diddy, pedindo que a justiça o deixe voltar à sua família.

Novas testemunhas depõem em caso do rapper P.Diddy

O julgamento do rapper Sean “Diddy” Combs segue após quase um mês, quando começou em maio, e, nesta sexta-feira (20), o júri ouviu novas testemunhas interrogadas. A expectativa é que até a próxima quinta-feira (25) sejam apresentadas as alegações finais.

Mensagens do cantor com sua ex-companheira Cassie Ventura foram analisadas pelo júri. Nelas, a mulher falava sobre ter “medo” quando Diddy ficava com raiva e que se sentia como uma “prostituta” para ele: “Você me arrastou pelo corredor e me puxou pelo cabelo. […] Eu sou impulsiva e eu sempre me desculpo, mas isso não quer dizer que eu não te amo”, escreveu Ventura. Em outras mensagens, Diddy diz a ela que outras mulheres “fariam de tudo” para estar no lugar que ela estava.

Novas testemunhas no caso Diddy

Além disso, o agente Joseph Cerciello, da Homeland Security Investigations, e Brendan Paul, ex-assistente do rapper, também foram interrogados. Eles trouxeram novas informações, inclusive sobre como funcionava o esquema da compra de drogas para as festas do rapper, as famosas “Freak Offs”, que envolviam atos sexuais.


Sean "Diddy" Combs e Cassie Ventura (Foto: reprodução/Jeff Kravitz/Getty Images Embed)

Brendan Paul informou que nunca esteve presente nos quartos de hotéis do cantor, então não sabe sobre atividades ilegítimas que o mesmo poderia praticar dentro deles. Entretanto, o ex-assistente de Combs disse que via o rapper usar drogas, como cocaína, ecstasy e maconha, e que às vezes parecia estar chapado. Paul alegou que transportava apenas pequenas quantidades desses narcóticos, e que comprava as drogas com um antigo assistente de Diddy, Phillip Pines.

Nesse último testemunho, também foi apresentado ao júri uma situação em que Diddy reservou diárias de hotel com um nome falso, “Joseph Chavez”. Uma cobrança de US$ 3.750 (ou cerca de R$ 20.690 na cotação atual) foi feita por conta de móveis danificados. Os documentos foram analisados por Joseph Cerciello, que depôs no tribunal e trouxe essas informações. Segundo ele, havia fluidos corporais manchando o piso de madeira e os móveis.

Cronograma do julgamento

Os promotores e a defesa do rapper afirmam que pretendem encerrar o caso até a próxima quarta-feira, tendo uma alegação final feita pelo juiz no dia seguinte. Alterações podem ser feitas de acordo com novas manifestações das partes.