Socorristas buscam mais de 200 alpinistas presos no Everest após nevasca extrema

Uma nevasca intensa e inesperada atingiu o lado tibetano do Monte Everest, a montanha mais alta do mundo localizada entre o Nepal e a China, deixando mais de 200 pessoas presas em acampamentos de alta altitude. O evento climático extremo ocorreu entre sexta-feira (3/10) e domingo (5/10), surpreendendo centenas de alpinistas e praticantes de trekking que aproveitavam o que historicamente é uma estação de transição favorável para a montanha. Equipes de resgate correm contra o tempo para alcançar os isolados e evitar mais fatalidades, em uma operação dificultada pelo acúmulo de neve e o risco persistente de hipotermia.

Cerca de mil pessoas atingidas pelo Nevão

A nevasca rapidamente isolou os grupos. Relatos indicam que, inicialmente, cerca de 1.000 pessoas ficaram presas em acampamentos localizados no vale de Karma, na encosta leste, a altitudes de quase 5.000 metros. A violência da tempestade forçou montanhistas a remover neve das barracas a cada dez minutos para evitar serem soterrados, com muitos expressando temor de morte.


 Grupo de alpinistas fica isolado após nevasca atípica no Everest (Vídeo: reprodução/X/@Ravi4Bharat)

350 já foram salvos

Uma grande mobilização de resgate foi iniciada pelas autoridades chinesas, envolvendo centenas de socorristas, incluindo a equipe Blue Sky do Tibete. Até o momento, a operação foi bem-sucedida em guiar aproximadamente 350 alpinistas e trilheiros para a segurança na pequena cidade de Qudang, onde receberam assistência, comida e foram monitorados. No entanto, o foco agora está nos mais de 200 que permanecem presos. As autoridades afirmam manter contato com o grupo via rádio e outros meios, indicando que os sinais vitais estão, por enquanto, estáveis.

Alerta da crise climática

O momento e a intensidade da nevasca preocupam especialistas. Outubro é tradicionalmente um mês com temperaturas amenas e céu claro, sendo um dos favoritos para expedições. Guias locais relataram nunca ter enfrentado um clima tão ruim nesta época do ano. O especialista britânico em expedições, Nick Hollis, destacou que a crise climática está tornando as previsões meteorológicas mais imprevisíveis em todas as cadeias de montanhas, com o Everest não sendo exceção. O risco se agrava, pois a região já enfrenta problemas de superlotação em suas rotas. O resgate dos grupos remanescentes é uma corrida contra o tempo, com equipes usando cavalos e trilhas abertas na neve para levar suprimentos e retirar os afetados antes que o clima possa piorar.

Resgate de turista brasileira no Monte Rinjani expõe histórico de mortes em trilhas

Juliana Marins, de 26 anos, está isolada em um penhasco no Monte Rinjani, na Indonésia, desde sábado (21), após cair durante uma trilha. As operações de resgate enfrentam dificuldades causadas pelo terreno acidentado e pelas condições climáticas adversas. O caso destaca um histórico de acidentes graves na região, que registrou ao menos três mortes entre 2022 e 2025.

Resgate enfrenta limitações técnicas e climáticas

Juliana fazia a trilha com um grupo de turistas e um guia local. Durante o segundo dia da caminhada, pediu para descansar e se separou do grupo. Momentos depois, caiu de um penhasco e permaneceu desaparecida até ser localizada por drones de equipes de resgate. Ela está a aproximadamente 500 metros abaixo da trilha principal, imóvel entre rochas e vegetação densa.

As condições climáticas dificultam o uso de helicópteros e reduzem a visibilidade no terreno. Tentativas anteriores de resgate foram interrompidas por neblina e falhas no uso de cordas, que não atingiram a profundidade necessária. A trilha principal foi interditada para facilitar o acesso das equipes, mas outras rotas da região permanecem abertas.

A família da brasileira afirma que ela está sem alimentos, água ou roupas adequadas. Críticas foram direcionadas ao ritmo do resgate e à falta de estrutura. O governo brasileiro enviou representantes à região além de solicitar reforços ao governo indonésio. Dois alpinistas experientes foram integrados à operação, mas até a noite de segunda-feira (23) não havia confirmação de sucesso nas ações.


Reportagem sobre o caso da turista brasileira (Vídeo: reprodução/YouTube/Domingo Espetacular)

O caso ganhou repercussão internacional, com mobilizações nas redes sociais em apoio à brasileira. O embaixador do Brasil na Indonésia reconheceu falhas iniciais de comunicação com autoridades locais, e o Itamaraty segue acompanhando as operações.

Histórico de acidentes na região do Rinjani

O Monte Rinjani, segundo vulcão mais alto da Indonésia, possui trilhas que exigem preparo físico e orientação adequada. Desde 2022, ao menos três mortes foram registradas em rotas da região. Em 2022, um turista português de 37 anos caiu de uma altura de 150 metros ao tentar tirar uma foto próximo ao cume. Seu corpo foi resgatado após quatro dias de buscas.

Em 2024, uma turista suíça percorreu uma trilha não oficial no Monte Anak Dara e foi encontrada morta após cair em um barranco. Em 2025, um cidadão da Malásia caiu de uma ravina de 80 metros na trilha de Torean. Nos três casos, foram identificadas condições como clima instável, trilhas inseguras e ausência de equipamentos adequados.

Além desses episódios, o Monte Rinjani é conhecido por sua instabilidade climática, presença de desníveis acentuados e histórico de atividades vulcânicas. Em 2016, cerca de 400 turistas precisaram ser evacuados por conta de sinais de erupção. Mesmo com os riscos, a região continua atraindo milhares de visitantes todos os anos.