Trump diz que Irã não retirou material nuclear das instalações bombardeadas

Nesta quinta-feira (26), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou via rede social, Truth Social, que o Irã não retirou o material nuclear de Fordow, instalação subterrânea que era usada para enriquecer urânio que foi bombardeada na noite de sábado (21), horário local de Brasília.
Segundo ele, a remoção do material seria muito perigosa, muito pesado para movê-lo, e que isso levaria bastante tempo para ser feito.
O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, diz não ter conhecimento de informações que houve remoção do material por parte do Irã antes dos ataques americanos.

Bombardeio a Fordow

Dan Caine, chefe do Estado-Maior dos Estados Unidos, contou em entrevista coletiva nesta quinta-feira (26) que nos ataques contra Fordow, foram usadas bombas destruidoras de bunkers e que o alvo foram os poços de ventilação da usina.


Bombardeio Fordow (Vídeo: reprodução/YouTube/@opovo)

De acordo com Caine, apesar do Irã ter tentado cobrir os poços com concreto, as tampas foram destruídas, o que permitiu uma abertura que facilitou os ataques seguintes. “Os armamentos utilizados foram planejados, projetados e lançados para atingir Fordow”, completou ele.
Ainda na mesma entrevista coletiva, Hegseth disse que os ataques contra Fordow foram “altamente bem-sucedidos” e que o presidente Donald Trump conduziu muito bem “a operação militar mais complexa e secreta da história“.
Rafael Grossi, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica da ONU, afirmou que as centrífugas de Fordow não estão mais funcionando e isso é possível saber, pois a vibração característica que elas causam quando estão em funcionamento estão cessadas.

Khamenei rebate

O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, rebateu as afirmações de Donald Trump. Nesta quinta-feira (26), Khamenei declarou que Trump exagerou quando falou sobre os impactos causados pelos ataques às usinas nucleares do Irã.
Para a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), ainda é cedo para afirmar os reais danos que possam ter ocorrido nas usinas. Segundo a CNN e o The New York Times, há um documento confidencial norte-americano que diz que os ataques não destruíram os componentes-chave do programa nuclear do Irã, e que o desenvolvimento das usinas só seriam atrasadas por alguns meses e não em décadas, como Trump havia alegado.
Esmail Baqai, porta-voz da política externa do Irã, falou em entrevista à Al Jazeera que houve danos consideráveis nas instalações, mas nega que tenham ficado vastamente destruídas.

Líder do Irã diz que “a batalha começa”

Em uma publicação feita no X (antigo Twitter), o líder do Irã, Ali Khamenei, disse que “Em nome de Nami, a batalha começa. Ali retorna com seu Zulfiqar.” Junto ao texto, ele também publicou uma ilustração em que há fogo no céu, em alusão aos mísseis, e homens sendo guiados por um líder que empunha uma espada e está acompanhado de leões. 

“Zulfiqar” no Islã, é uma espada sagrada pertencente ao imã Ali, sucessor do legado de Maomé.  Ali Khamenei é o aiatolá do país, sendo a principal figura religiosa e política no Irã.

Os ataques

Tudo começou quando Israel realizou um bombardeio no centro do programa nuclear do Irã. Segundo o país e veículos internacionais de notícias, oficiais e cientistas iranianos morreram no ataque.

A ofensiva foi uma forma de impedir os avanços dos estudos nucleares do Irã, que, conforme dito por Israel, seria uma forma de aniquilar o estado israelense.

Teerã, capital iraniana, respondeu com o envio de drones a Tel Aviv e considerou o ataque como uma “declaração de guerra“. As investidas entre ambos os países continuam.

Já os Estados Unidos, apoiadores de Israel, não fizeram nenhuma ação oficial, porém nesta quarta-feira (18), o presidente Donald Trump disse que é “tarde demais” para uma negociação com o Irã.


Declaraçaõ do aiatolá no X (Foto: Reprodução/X/@Khamenei_fa)

Conflitos

O Irã não é o único país do Oriente Médio que está em conflito com Israel. A Palestina sofre intensos bombardeios do país, que também disputa a Faixa de Gaza com o grupo Hamas, porém, os ataques contínuos desde 2023 deixam civis e inocentes mortos e feridos.

Nesta segunda-feira (16), dezenas de palestinos que aguardavam ajuda humanitária morreram após disparos de tanques israelenses. Também, na semana passada, o estado de Israel interceptou um barco que enviava suporte humano para a Faixa de Gaza, contendo alimentos e remédios.

A embarcação, conhecida como “Madeleine”, tinha como tripulação o ativista brasileiro Thiago Ávila e a sueca Greta Thunberg. Ávila foi levado a uma prisão solitária, mas foi liberto e voltou ao Brasil na sexta-feira (13).