Saúde

Varíola dos macacos e Covid-19, entenda as diferenças

O grande número de casos registrados da varíola dos macacos preocupa a população sobre o surgimento de uma nova pandemia. Especialistas explicam porque o vírus não representa os mesmos riscos que a Covid-19.

04 Jun 2022 - 16h33 | Atualizado em 04 Jun 2022 - 16h33
Varíola dos macacos e Covid-19, entenda as diferenças  Lorena Bueri

Dois anos após o surgimento do novo coronavírus o mundo passou a ficar em alerta novamente, dessa vez pelo vírus monkeypox, também conhecido como varíola dos macacos. Em menos de dois meses centenas de casos já foram relatados ao redor do mundo e a forma rápida com que o vírus vem se multiplicando chamou a atenção da população para o início de uma nova pandemia.

Segundo especialistas em saúde, apesar de uma preocupação válida, a varíola dos macacos é muito diferente da covid-19, não apenas em sua composição genética, mas também nos sintomas causados e nas formas de transmissão.

Autoridades americanas, como Jennifer McQuiston, veterinária e vice-diretora da Divisão de Patógenos e Patologia de Alta Consequência do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, e o presidente norte-americano Joe Biden têm tentando desvincular as duas doenças no entendimento do público. Segundo McQuiston “isso [a varíola dos macacos] não é Covid”; já o presidente Biden disse, em entrevista a jornalistas em viagem recente a Tóquio, achar que o surto da monkeypox “não chega ao nível do tipo de preocupação que existia com a Covid-19”.

Para entender melhor porque autoridades de nível global e a comunidade médica não estão tão preocupados com o surto da doença, listamos algumas diferenças entre a varíola dos macacos e a covid-19, que vitimou mais de seis milhões de pessoas em dois anos de pandemia.

Os vírus

O monkeypox, patógeno causador da varíola dos macacos, diferentemente do SARS-Cov-2 é um vírus de DNA, possuindo uma carga genética muito mais complexa que o causador da covid-19, um vírus de RNA.

Segundo o virologista Rodrigo Rodrigues, professor adjunto da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), “o vírus de DNA tem o que chamamos de uma taxa de mutação menor, ele muda menos do que o vírus de RNA”, na prática isso significa que enquanto o SARS-Cov-2 pode se modificar infinitamente, ocasionando o surgimento de variantes mais letais e resistentes, o monkeypox não consegue fazer o mesmo, o que “reflete também em algumas características biológicas desse vírus: as células que ele vai infectar, o tipo de problema que ele vai causar”, ressalta o virologista.

Outras diferenças dos vírus estão em seus tamanhos e ações reparadoras. O vírus da varíola dos macacos consegue reparar danos causados a si durante a invasão de células saudáveis, algo que o novo coronavírus não faz. Seu tamanho também é bem maior.

“A partícula e a estrutura dos vírus são muito diferentes. O monkeypox tem a camada externa, que chamamos de capsídeo, mais resistente, é um vírus bem maior, quase o dobro do tamanho do coronavírus. E a composição de proteínas é mais robusta, o vírus de DNA também sobrevive mais tempo no ambiente em comparação com o vírus da Covid, por exemplo”, explica Rodrigues.

Formas de transmissão

Apesar de os dois vírus serem transmitidos através do contato com partículas salivares algumas diferenças são observadas. O SARS-Cov-2 é espalhado por micropartículas, também conhecidas como aerossóis, que por permanecerem mais tempo suspensas no ar possuem uma capacidade de transmissão muito maior que o monkeypox.

A varíola dos macacos é repassada através de partículas maiores de saliva, chamadas de gotículas, bem como pelo contato com as secreções cutâneas causadas pela doença.

A virologista Clarissa Damaso, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro e membro do Comitê Assessor da Organização Mundial da Saúde para Pesquisa com o Vírus da Varíola, explica que “na Covid há uma transmissão respiratória em que você está mais distante [da outra pessoa] e pega. [Na varíola do macaco] o respiratório é face a face, tem que alguém falar muito próximo para que caiam gotículas em cima de você e entrem pela mucosa de sua boca, tem que ter contato com saliva, com secreção de espirro, da tosse, ou o contato com a pele”.


Profissional da saúde segura teste positivo para o vírus da varíola dos macacos. (Foto: Reprodução/ REUTERS)


As doenças

Conforme a infectologista Raquel Stucchi, enquanto na Covid-19, sendo um quadro de vias aéreas superiores, os pacientes começam a sentir dores no corpo, febre, coriza, tosse e até mesmo falta de ar, os sintomas causados pela varíola dos macacos normalmente são febre, mal-estar, o aparecimento de gânglios no pescoço, embaixo dos braços e na virilha, e bolhas na pele, que cicatrizam e somem sozinhas após cerca de uma ou duas semanas, o período de incubação do vírus.

Enquanto na covid ter comorbidades como hipertensão, diabete ou doenças crônicas podem levar ao agravamento dos casos, na varíola dos macacos elas não costumam estar relacionadas a uma gravidade da doença. O grupo de risco da monkeypox é composto por pessoas imunossuprimidas, que realizaram transplantes, em tratamentos oncológicos, crianças e grávidas.

O grande risco da varíola dos macacos, segundo Raquel, está no número de lesões que o paciente apresenta no corpo, que em grande quantidade indicam uma maior circulação do vírus no corpo, o que pode ajudar a desenvolver infecções bacterianas, devidos as feridas abertas, pneumonia ou uma infecção no sistema nervoso central.

O virologista Rodrigo Rodrigues ainda destaca que os riscos de uma nova pandemia são muito baixos, visto que diferentemente do SARS-Cov-2 o vírus da varíola dos macacos é conhecido e estudado desde a década de 1970, já existindo até mesmo protocolos de tratamento para a doença.

 

Foto Destaque: Enfermeiros vestindo equipamentos de segurança individual para se protegerem contra a Covid-19. Reprodução: Pressmaster/Envato Elements. 

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