O “scotch naufragado”, termo utilizado para referir-se ao líquido envelhecido no fundo do mar depois de um naufrágio, está dando o que falar entre os adoradores de uísque. E tudo começa em 1854, quando o The Westmoreland, um navio a vapor, naufraga nas águas do lago Michigan.
Além da tripulação, composta por 17 pessoas, ter falecido, o conteúdo do navio também se perdeu: 280 barris de uísque. Essa carga valiosa foi esquecida, até que em 2010, o mergulhador Ross Richardson encontrou os destroços da embarcação. O The Westmoreland foi descoberto a 60 metros pés abaixo da superfície de Platte Bay, no Michigan.
De acordo com o mergulhador e sua equipe, as águas geladas e calmas da região foram ideais para que a embarcação permanecesse preservada. Inclusive eles estimam que se trata de um dos destroços do século XIX mais bem preservados que já foram encontrados até então.
The Westmoreland naufragado (Foto: Reprodução/Chris Roxburgh/UOL)
Ainda não há confirmações de quanto do líquido sobrou, nem sua qualidade, uma vez que a bebida foi repousada na madeira, e não no vidro. No entanto, independente destas condições, o preço do que ainda resta pode ser bem elevado. Uma garrafa de uísque resgatada na Escócia, por exemplo, foi leiloada em 2021 por quase R$ 81 mil.
Considerando a melhor hipótese, o estoque do The Westmoreland pode conter ainda 56 mil garrafas de uísque. Se por acaso elas fossem avaliadas da mesma forma que o caso escocês, isso equivaleria a mais de R$ 4,5 bilhões. No entanto, não são apenas colecionadores que desejam experimentar a bebida.
O mergulhador Richardson afirmou recentemente, ao jornal britânico “The Mirror”, que uma destilaria regional deseja salvar a bebida para fins científicos. Segundo ele, “a composição genética do milho era muito diferente em 1854 e pode ter tido um sabor diferente do milho de hoje”. A candidata mais provável para essa pesquisa seria a Traverse City Whiskey Co., uma das maiores destilarias artesanais de Michigan.
Embora muitos queiram colocar as mãos no líquido precioso encontrado, isso ainda não será possível devido à burocracia para se retirar quaisquer artefatos dos Grandes Lagos. É necessário ter licenças para isto, e obter autorização pode ser um processo complicado e demorado.
Foto Destaque: Uísque - Reprodução/Steve Buissinne/Pixabay