Saúde

Super-resistentes podem ser esperança para o fim da covid-19

Pesquisadores desvendam porque algumas pessoas são mais resistentes ao coronavírus e como isso pode ajudar a desenvolver métodos mais eficazes de combate ao vírus.

03 Jun 2022 - 21h00 | Atualizado em 03 Jun 2022 - 21h00
Super-resistentes podem ser esperança para o fim da covid-19 Lorena Bueri

Você conhece alguém que, mesmo após dois anos de pandemia, conseguiu evitar contrair a covid-19? Apesar da onda da variante Ômicron ter sido mais intensa, com um maior número de casos, muitas pessoas ainda conseguiram evitar a infecção pelo vírus. Pesquisas tentam desvendar o mistério por trás da super-resistência dessas pessoas, e cientistas acreditam que a resposta ajudará a desenvolver uma cura para o coronavírus.

Desde o início da pandemia pesquisas vêm sendo desenvolvidas para entender porque algumas pessoas, mesmo sem fatores de risco, são mais suscetíveis à infecção. Os estudos apontaram para uma mutação genética no sistema de defesa dessas pessoas; pelo menos 20% dos indivíduos analisados apresentavam mutações nos genes que produzem interferon, substância usada pelo organismo como primeira linha de defesa contra ataques virais. Do mesmo modo que a genética pode ser um determinante para o agravamento da doença, ela também pode ser o fator por trás da resistência de algumas pessoas ao SARS-Cov-2.

Segundo os pesquisadores alguns genes podem ser responsáveis por conferir aos indivíduos essa super imunidade e a identificação desses genes pode levar ao desenvolvimento de novos tratamentos, vacinas ou até mesmo uma cura para a covid-19. O geneticista Salmo Raskin, diretor do Laboratório Genétika, em Curitiba, explica que “identificar as variantes no material genético que ajudam a proteger essas pessoas também ajuda a entender o mecanismo de ação por trás dessa proteção e isso sim pode servir para um grande número de pessoas”.

Algumas hipóteses já foram levantadas, como a ausência de um receptor para o vírus e até uma poderosa resposta imunológica dos indivíduos. Mas para entendermos melhor como ocorre a proteção precisamos primeiro entender como o vírus age no nosso organismo.

Como ocorre a infecção

O SARS-Cov-2 é um betacoronavírus de RNA com extremidades projetadas em espículas, também conhecidas como proteínas spikes - essas espículas são responsáveis por darem ao coronavírus o aspecto de coroas – e são divididas em dois domínios, o S1, que é responsável por fazer a ligação com a proteína receptora (ACE2), e o S2, responsável pela fusão do vírus com a membrana celular do hospedeiro. A enzima conversora da angiotensina 2 (ACE2) é uma proteína presente na superfície de diversas células do corpo humano, como o epitélio do sistema respiratório, e serve como receptora para as proteínas spikes do coronavírus.

Simplificando, o SARS-Cov-2 entra no nosso corpo através de gotículas suspensas que inspiramos através da boca ou do nariz, após alcançar o interior do nosso corpo a proteína Spike, proteína de ligação, se ligará ao receptor ACE2, podendo em seguida realizar a fusão celular; durante o processo de fusão há a ativação de proteínas transmembranas, que auxiliarão no processo de invasão do vírus.

Na imagem abaixo é possível identificar as espículas do SARS-Cov-2 entrando em contato com a membrana celular.


SARS-Cov-2 entrando em contanto com célula humana. (Foto: Reprodução/National Geographic Portugal)


Mutação genética

Uma das hipóteses do porque algumas pessoas são resistentes a covid-19 acredita ser possível que algumas pessoas possuem tipos raros da proteína ACE2, que dificultaria a aderência da proteína spike a membrana celular, impedindo assim a invasão das células pelo coronavírus. Análises genéticas recentes confirmaram a mutação genética do receptor em algumas pessoas, o que explicaria o baixo risco de contaminação desses indivíduos.

Mutações na expressão de proteínas são conhecidas como polimorfismos. Na década de 1990 pesquisadores descobriram que alguns indivíduos, que possuíam polimorfismo para a proteína CCR5, eram imunes a infecção pelos HIV, vírus causador da Síndrome de Imunodeficiência Humana, Aids. A mutação desativa o receptor CCR5 nos glóbulos brancos, impedindo a entrada do HIV na célula. A descoberta levou ao desenvolvimento de novos medicamentos contra a Aids, capazes de bloquear o vírus, e até mesmo a cura de duas pessoas, que ficaram livres da infecção após receberem transplantes de medula óssea de doadores com a mutação na proteína CCR5.

Resposta imunológica poderosa

Um estudo publicado na revista Nature mostrou que indivíduos que foram altamente expostos ao vírus da covi-19, e não foram infectados, possuíam um sistema imunológico que conseguia controlar o vírus. Embora não tivessem contraído o vírus, exames de sangue comprovaram que eles possuíam células T protetoras, responsáveis pelo reconhecimento e expulsão das células contaminadas, evitando a replicação e instalação do vírus no organismo. Por esse motivo os testes de PCR e anticorpos dessas pessoas apresentavam resultados negativos, porque elas nunca foram, de fato, infectadas pelo coronavírus.

A descoberta pode auxiliar no desenvolvimento de imunizantes que tenham como alvo ensinar o corpo a produzir essas células T, capazes de atacar diferentes partes de proteínas virais e gerar imunidade por anos, e não apenas meses como fazem os anticorpos.


Pesquisas continuam sendo desenvolvidas para encontrar métodos mais eficazes para contenção do novo coronavírus. (Foto: Reprodução/SUSConecta)


Um estudo, desenvolvido com casais onde apenas um dos parceiros contraiu o vírus, descobriu que as pessoas que não adoeceram têm uma ativação maior das células NK (natural killers, ou exterminadoras naturais, em português). Tais células atuam como a primeira barreira de defesa do nosso organismo contra ataques virais.

Outros indivíduos também apresentaram um aumento nos genes que impedem a replicação do vírus. A mutação também é capaz de desfazer o RNA viral da célula, principalmente nas que servem como porta de entrada para o vírus no organismo, localizadas no interior do nariz.

Os estudos estão sendo desenvolvidos com a participação de voluntários do mundo todo. Para garantir a efetividade dos resultados, os voluntários são indivíduos que estiveram expostos ao vírus, antes da vacinação e sem nenhuma proteção, e mesmo assim não foram infectados. Espera-se que as descobertas levem ao desenvolvimentos de novos medicamentos e imunizantes que ajudem a controlar os casos e as infecções pelo SARS-Cov-2.

 

Foto Destaque: População brasileira ainda usa métodos de prevenção contra o coronavírus, como o uso de máscaras e álcool em gel. Reprodução: SUSConecta.

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