Celebridades

No Dia da Consciência Negra, Léa Garcia fala sobre a luta contra o racismo na TV brasileira.

Atriz reflete sobre a carreira artística marcada pela luta que a acompanhou em mais de 70 anos de televisão e torce por um futuro melhor para os afrodescendentes do Brasil.

20 Nov 2022 - 16h30 | Atualizado em 20 Nov 2022 - 16h30
No Dia da Consciência Negra, Léa Garcia fala sobre a luta contra o racismo na TV brasileira.  Lorena Bueri

Hoje é o dia da consciência negra e muitos artistas prestaram homenagens  e reflexões sobre lutas antirracistas e histórias de superação e fé. Entre eles,  Léa Garcia. Durante entrevista, a atriz falou sobre como sua jornada no cinema brasileiro sofreu com o racismo estrutural e reforçou a importância da data. “Espero que minha tataraneta viva em um Brasil igualitário”


                                     

                                                                          Ipeafro (Foto: Reprodução/Google)


Quando Léa tinha 17 anos, nem sonhava em seguir carreira no teatro. Mas durante um passeio pelo  ponto do Bonde, na Praia de Botafogo, no Rio de Janeiro, seu caminho foi direcionado à arte cinematográfica.  O artista plástico, ativista pan-africanista e criador do Teatro Experimental do Negro (TEM), Abdias do Nascimento (1914-2011), cruzou o caminho da jovem. “Você não gostaria de fazer teatro?”, perguntou.  A ideia pareceu distante. A vontade de Léa era ser escritora, assim como Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre, mas sem saber, suas veias já eram preenchidas por sangue vanguardista.   

Após uma reflexão sobre o futuro, ela resolveu aceitar o convite, fazendo posteriormente, o cinema e a televisão brasileira serem consagrados com seu talento. A atriz ficou famosa por ser uma grande ativista contra o machismo estrutural e racismo. Hoje durante um bate-papo, diante da piscina do hotel Copacabana Palace, no Rio, Léa contou um pouco sobre sua história, marcada pela fome de liberdade. Aos 89 anos foi questionada “O que representa a data de hoje”? Em resposta, a atriz enfatizou a luta escravista.

“É de extrema importância porque foi quando tornamos Zumbi o nosso herói. Ele lutou contra a escravidão e quis, naquele tempo, fazer uma pequena África em Quilombo dos Palmares. Não foi possível, mas deixou esse legado de independência, igualdade e preservação da cultura e ancestralidade negra. Por isso, tornou-se o nosso herói, e não a princesa Isabel.”, Léa também comentou sobre a discriminação racial do passado e como ele está presente nos dias de hoje:           

“De quando comecei para cá, houve um pequeno avanço dentro de empresas de TV, cinema e teatro, principalmente depois da morte de George Floyd (em 2020). Atitudes foram tomadas nos EUA e no mundo em apoio à luta antirracistas e começamos a perceber por aqui a presença de negos em propagandas. As jornalistas pretas passaram a ter evidência, assim como os atores, que ganharam papéis menos estereotipados.”

Quando entrou no teatro, Léa passou por muitas exigências que não eram discutidas na época. “Vivi experiências em que precisei ter um grande altruísmo para continuar. Conversava sobre isso com Ruth de Souza esses dias. Passamos por muitas exigências. Tínhamos que chegar com o texto na ponta da língua, estar sempre cheirosas e elegantes. As outras podiam errar. Nós, não. Podíamos interpretar personagens subservientes, mas precisávamos mostrar que nós não éramos. Naquela época, o racismo era camuflado na TV.”                                                                                              

Recentemente, Léa Garcia, Tais Araújo, Lázaro Ramos e outros artistas do país, encontraram Viola Davis (Atriz e produtora norte-americana, considerada em 2012 uma das 100 pessoas mais influentes do mundo e grande representante afrodescendente), durante sua passagem pelo Brasil para divulgar o novo filme, A Mulher Rei.

 


Memórias Cinematográficas (Foto: Reprodução/Google


Sobre o encontro, Léa comentou: “Não queira saber como fiquei emocionada. Além de ser uma excelente atriz, Viola é muito consciente, como mulher negra, da nossa carga. É uma das poucas a falar sobre isso de forma aberta”.                                                 

Ao fim da entrevista, a atriz falou do que espera do Brasil que sua tataraneta vai viver: “Torço por um país justo e igualitário, que respeite as diversidades. É isso que quero, e muito mais.”

LÉA GARCIA

Nascida no Rio de Janeiro em 1933, tornou-se atriz em um momento onde o país não dava reconhecimento para mulheres afrodescendentes. Filha de Stela Garcia e José dos Santos Garcia, foi morar aos 11 anos com sua avó, após o falecimento da mãe. Seu desejo para o futuro era se tornar escritora, mas a ideia mudou após conhecer Abdias Nascimento, artista plástico, ativista e criador do Teatro Experimental do Negro, que apresentou-a ao teatro e com quem teve dois filhos: Henrique Christovão Garcia do Nascimento e Abdias do Nascimento Filho. Entre seus títulos estão a indicação ao prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes (1957) e o prêmio de melhor atriz no Festival de Cinema de Gramado (2004- 2008- 2013).

 

Foto destaque: Observatório da TV. Reprodução/Google

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