Celebridades

Marco Pigossi revela processo de autoaceitação da sexualidade: ''Hoje me sinto invencível''

Em relato à revista Piauí, o ator lembrou do medo de se assumir homessexual ao longo da carreira, falou sobre a fake news de um suposto envolvimento com Rodrigo Simas e o distanciamento do pai, eleitor de Bolsonaro.

07 Jan 2022 - 22h30 | Atualizado em 07 Jan 2022 - 22h30
Marco Pigossi revela processo de autoaceitação da sexualidade: ''Hoje me sinto invencível'' Lorena Bueri

Em novembro do ano passado, Marco Pigossi, de 32 anos, assumiu o relacionamento com o cineasta italiano Marco Calvani. Até então, ele nunca havia comentado sobre sua sexualidade. Em entrevista ao repórter João Batista Jr, da revista Piauí, o ator contou sobre o processo de autoceitação da sua orientação sexual e revelou que se destanciou do pai após a última eleição presidencial.

Na conversa, Pigossi falou que como não tinha referências, nem via representatividade na tv, achava que sua orientação era algo passageiro. ''Eu não tinha referência alguma no meu convívio e, quando assistia à televisão, nada servia como alento. Nas novelas ou nos programas de humor, quase sempre os gays eram retratados de forma caricata, pejorativa. Então, me sentindo solitário e sem emparo, me restava torcer para que fosse apenas uma fase''.

Coincidentemente, o primeiro papel de grande repercurssão de Marco foi Cássio, um gay afeminado na novela ''Caras & Bocas'', de Walcyr Carrasco, no ano de 2009. ''Na minha cabeça, não havia nenhuma margem de chance para eu me assumir. Se fizesse isso, todas as portas se fechariam para mim de forma automática (...) Essa possibilidade me aterrorizava'', lembrou ele. 


Marco Pigossi como Cássio, na novela ''Caras & Bocas'' (Foto: Reprodução/TV Globo)


Para lidar com sentimentos tão conflituosos, o galã revelou ter precisado fazer terapia três vezes por semana. ''Era como se eu tivesse usando uma máscara de heterossexual. A alegria de fazer um personagem que caiu no gosto do público me trouxe aflição. Precisei de ajuda. Recorri à terapia durante a gravação da novela. Fazia análise três vezes por semana. Eu sofria por não ser 100% verdadeiro, mas o fato de ter um corpo e modos que se encaixam num certo 'padrão de heterossesexualidade', que não denunciam minha orientação, acabou me dando o que chamo - ironicamente - de 'privilégio do ármario'. Isso me ajudava a proteger minha carreira e a mim mesmo da hostilidade e violência tão comuns no trato das populações LGBTQIAP+ no Brasil''.

Dentro da própria emissora que trabalhava, Marco se sentia pressionado. Ele relembrou uma entrevista do diretor de dramaturgia da época, Silvio de Abreu, para a Folha de São Paulo. ''Ele dizia que atores gays não deviam assumir sua sexualidade publicamente, pois as donas de casa e telespectadoras em geral enxergam o galã como 'machão'. Era uma declaração clara de que não era bem-vindo que um ator homossexual abordasse o assunto em público - e isso vindo da boca de uma figura de grande proeminência na emissora''.

O ator também relembrou quando teve uma crise de pânico após ter circulado nas redes sociais uma fake news de que ele e Rodrigo Simas teriam um affair. ''Quando estava no ar com a novela 'Fina Estampa', viajei para o Rio de Janeiro, onde faria gravações. Quando desembarquei, abri meu celular e li uma notícia: que eu estava tendo um relacionamento com um ator da mesma novela. Era tudo invenção, mas as pessoas acreditam no que querem acreditar. Comecei a tremer e suar. Liguei para meu parceiro, chorando. Eu dizia para mim mesmo que minha carreira tinha acabado. A crise me deixou com sequelas. Passeia a tomar antidepressivos e ansiolíticos. O pânico de sair do armário contra minha própria vontade ficou ainda maior''.


Marco Pigossi e seu namorado, o cineasta Marco Calvani (Foto: Reprodução/Instagram)


Ainda durante a conversa, Pigossi abordou a relação com o pai, Oswaldo Pigossi, que é eleitor de Jair Bolsonaro. ''Minha vida amorosa não era assunto. Durante oito anos do meu namoro com um homem, minha família sempre soube. Mas meu namorado e eu nunca jantamos com meu pai, que jamais perguntou sobre meu relacionamento. E, quando meu pai votou em Bolsonaro, senti uma dor profunda. Afinal, Bolsonaro era o sujeito que dissera preferir um filho morto a um filho gay. Que gay é resultado de falta de surra. Meu pai e eu ficamos sem nos falar durante o ano da eleição - e até hoje temos contatos esporádicos. Sou o primeiro gay com quem ele lida. Pouco a pouco, espero que ele aprenda a lidar com naturalidade''.

Por fim, Marco contou como se sentiu com a forma acolhedora que os fãs e seus colegas receberam a sua sexualidade. ''Recebi mais parabéns do que no dia do meu aniversário. Foi uma libertação. Uma festa. Nada como viver às claras, ser o que se é em privado e em público. Talvez os futuros galãs não sintam o mesmo medo que eu senti de perder minha carreira. Naquele feriado, as repostas foram um alento imenso, o acolhimento de um mundo inteiro. Tomei um porre. E hoje me sinto invencível''.

 

Foto destaque: Marco Pigossi. Reprodução/Instagram

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