Primeiro, precisamos entender o que é TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo). Para o psiquiatra Daniel Costa, que deu entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, pelo menos 2% da população brasileira tem TOC e este se caracteriza por apresentar dois principais sintomas: as obsessões e as compulsões. O primeiro envolve preocupações, pensamentos e imagens ruins que invadem a mente do paciente. Já as compulsões são comportamentos repetitivos realizados para aliviar o desconforto provocado pelas obsessões.
"[O TOC] está associado a algum tipo de prejuízo, de impacto. As pessoas acabam se atrasando frequentemente para compromissos e progridem com muita dificuldade nos estudos e na carreira profissional", informou Costa.
Contudo, muitas pessoas demoram a buscar ajuda. Segundo a psicóloga e coordenadora do projeto de pesquisa no IPq, Alice de Mathis, os sintomas do transtorno começam ainda na infância e devem ser observados pelos pais. E na maioria das vezes os sintomas mais leves passam despercebidos pela família, o que contribui para a demora na busca pelo tratamento.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (HC) da USP, pessoas com TOC podem levar, pelo menos, quatro anos para iniciar o tratamento. No estudo foram avaliados mais de 500 pacientes em oito centros de pesquisa, especializados no transtorno.
Para o psiquiatra Daniel o atraso da busca pelo tratamento se dá muitas vezes pela vergonha que o paciente sente em relação aos sintomas. "A grande maioria dos pacientes reconhece os pensamentos como exagerados, absurdos, sem sentido". "Eles falam 'Eu sei que a possibilidade, por exemplo, de eu pegar uma doença se eu encostar nessa maçaneta é mínima, mas ainda assim eu não consigo evitar esse pensamento e não consigo evitar ter uma reação emocional desconfortável'", explicou o psiquiatra.
Esse atraso é extremamente danoso, já que o TOC, se não tratado, pode acarretar em outros transtornos ainda mais graves com a depressão e a ansiedade generalizada. Por isso, o tratamento deve ser iniciado o mais cedo possível, após o diagnóstico.
O tratamento do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) consiste em duas linhas: a medicação e a terapia cognitiva comportamental, e vai depender da avaliação médica (Reprodução: Dmytro Zinkevych/Aleteia)
Segundo a psicóloga Alice de Mathis existem duas linhas de tratamento, a medicação e a terapia cognitiva comportamental, forma de psicoterapia que se baseia no conhecimento empírico da psicologia. O tratamento mais adequado vai variar de acordo com a avaliação do médico. "Se for um caso leve, só a terapia comportamental tem um bom resultado. Se o caso for de moderado a grave, aí seria interessante a associação tanto do remédio quanto da terapia", afirmou.
Foto Destaque: Estudo afirma que pessoas que sofrem de TOC levam pelo menos 4 anos para buscar um tratamento. Reprodução: Alyne Mendonça