Embora o encontro entre o presidente Lula e Alberto Fernández, presidente da Argentina, tenha causado rumores acerca da criação de uma moeda comum, tanto o peso, quanto o real, não deixarão de existir. Segundo uma carta conjunta dos presidentes, a ideia é “avançar nas discussões sobre uma moeda sul-americana comum”, a qual seria utilizada somente para fluxos comerciais e financeiros.
A partir de então, especulou-se que seria criada uma moeda zonal para a América do Sul, assim como na União Europeia. No entanto, as autoridades e os especialistas afirmam que uma união monetária completa é uma possibilidade distante. No momento, segundo o presidente Lula, as primeiras negociações estão voltadas para o desenvolvimento de uma moeda comum comercial para reduzir as dependências do dólar norte-americano.
Para a Reuters, Gabriel Galípolo, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, afirmou que a “unidade de contabilidade regional” virá junto com o aumento de créditos a fim de apoiar as exportações para a Argentina, por meio de bancos que operam no país. Ele ainda explicou que o governo brasileiro ajudaria oferecendo garantias aos bancos, os quais fornecessem financiamentos, enquanto a Argentina se responsabilizaria por fornecer garantias por meio de ativos como grãos, petróleo ou gás.
Encontro entre Fernando Haddad e Sergio Massa em Buenos Aires. (Foto: Reprodução/Agustin Marcariam/Reuters/Forbes).
Diferentemente do euro, que é utilizado para todos os tipos de transações dentro do bloco europeu, a nova moeda seria voltada exclusivamente para fins comerciais, portanto, tanto o peso quanto o real continuariam circulando e existindo. A moeda comum, então, seria utilizada em câmaras de compensação para realizar pagamentos comerciais entre Brasil e Argentina, o que reduziria, em partes, a dependência do dólar.
Isso seria fundamental para a Argentina, uma vez que após anos de crises de dívida, apresenta baixas reservas em moeda estrangeira. O professor de Economia da Universidade Federal do ABC, Fábio Terra, afirmou que “essa moeda não circularia dentro do Brasil ou da Argentina. É especificamente para ser um denominador comum das trocas comerciais”.
O valor da moeda ainda será debatido, mas Galípolo confirmou que o governo brasileiro pretende tomar como referência as stablecoins. Ele também afirmou que “o real terá o maior peso na equação porque é a moeda mais líquida que temos no mercado internacional”.
Brasil e Argentina já tentaram conversar sobre a união monetária em outros momentos. No final dos anos 80, o assunto ficou esquecido devido à dificuldade de implementação e em 2019, o ex-presidente Jair Bolsonaro divulgou planos para unificar a moeda, porém, nunca se concretizou. A equipe econômica do atual governo acredita que a nova moeda, voltada para fins comerciais, poderá ajudar o país a recuperar negócios e acordos com a Argentina.
Foto Destaque: Dinheiro. Reprodução/Steve Buissine/Pixabay