Quem já assistiu a série “Black Mirror” possivelmente se lembrará do primeiro episódio da segunda temporada, intitulado “Be Right Back”, em que a protagonista Martha mantém contato com seu falecido marido através de uma rede social.
Agora falar com os mortos pode ser possível na vida real. Isso graças à empresa de tecnologia HereAfter Al, sediada na Califórnia, Estados Unidos. A proposta é que, a partir da criação de uma “versão digital” das pessoas, combinando ferramentas de voz e inteligência artificial avançada, os vivos poderão se comunicar com os mortos. Mas como funcionará?
O aplicativo desenvolvido por eles funcionará como uma espécie de biógrafo, ou seja, aos poucos, as pessoas responderão milhares de perguntas – como “qual sua comida favorita”, “quem foi seu primeiro amor”, “conte experiências que mudaram sua vida” – sobre si mesmos para criar um “eu virtual”.
As respostas serão em áudio. Posteriormente, o aplicativo irá categorizar e organizar as respostas de acordo com todas as histórias contadas, iniciando na infância e estendendo-se até a vida adulta. Além disso, serão organizadas histórias sobre relacionamentos, experiências pessoais e personalidade. Assim será feita a versão “virtual” dos indivíduos.
Será possível também enviar fotos, vídeos e documentos que melhorem ainda mais o “produto”, para que quando o indivíduo não estiver mais presente, os familiares possam acessar e ter uma experiência mais detalhada e realista.
Cenas do episódio "Be Right Back" de "Black Mirror". (Foto: Reprodução/Netflix)
No entanto, essa ferramenta de “imortalidade” foi questionada em um artigo publicado no MIT Technology Review. No trecho, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts afirmou que “a ética para criar uma versão digital de alguém é complexa (...) a tecnologia, para alguns, pode ser alarmante e assustadora. Conversar com estas versões digitais pode até mesmo prolongar o luto e tirar a pessoa da realidade”.
Já o The Washington Post chamou o novo aplicativo de “o próximo passo na busca humana pela imortalidade”. Caso os indivíduos não queiram criar suas versões digitalizadas por conta própria, o acesso ao aplicativo poderá ser dado como presente por filhos e netos, portanto, as perguntas serão personalizadas para cada um.
Foto Destaque: Inteligência Artificial. Reprodução/ Law Vision