Na semana passada, os Estados Unidos enviaram para Uganda o antiviral da Gilead Sciences (GILD.O) e o medicamento experimental de anticorpo Ebola MBP134 da Mapp Biopharmaceuti Inc com o intuito de ajudar a proteger os profissionais de saúde que respondem a um surto que infectou 60 indivíduos e tirou a vida de 44, de acordo com fontes do governo dos EUA à Reuters.
Atualmente, não existem tratamentos ou vacinas comprovadas para a espécie sudanesa de Ebola, um dos quatro vírus conhecidos da enfermidade que podem causar febre hemorrágica em humanos, segundo informações da “CNN Brasil”. O surto confirmado pelo Ministério da Saúde de Uganda em 20 de setembro é o maior da espécie desde 2000.
EUA enviam anticorpo experimental e medicamento a Uganda para surto de Ebolahttps://t.co/JMr7vZfACB
— CNN Brasil (@CNNBrasil) October 19, 2022
Post sobre o assunto. (Reprodução/Twitter @CNNBrasil)
Jane Ruth Aceng, a ministra da Saúde de Uganda, divulgou as remessas dos EUA em uma reunião de autoridades de saúde da região africana na semana passada em Kampala e disse que foram administrados aos profissionais de saúde o remdesivir, que tem sido usado para o tratamento para Covid-19, e um anticorpo monoclonal não divulgado.
Joel Montgomery, o chefe do ramo de patógenos especiais virais e gerente de incidentes do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, disse que fornecer tratamento que proteja a vida dos profissionais da área da saúde pode ser fundamental para conter tal surto.
“Se os profissionais de saúde começarem a adoecer e morrer, isso afetará negativamente a resposta”, disse Montgomery (que havia acabado de voltar de uma viagem a Uganda). Em entrevista por telefone, ele disse, por exemplo, que os profissionais de saúde podem estar relutantes em ajudar na resposta.
Em comunicado, a Organização Mundial de Saúde disse que a agência está trabalhando com parceiros em Uganda para ajustar a infraestrutura para um ensaio clínico e está apoiando o uso de antivirais e anticorpos monoclonais não testados e vai coletar dados sobre sua eficácia.
O grande surto das espécies de Ebola do Zaire na África Ocidental de 2014 a 2016 levou a tratamentos e vacinas eficazes, no entanto não há forma de tratar ou vacinas comprovadas para as espécies do Sudão.
Em 4 de outubro, a Mapp Biopharmaceutical, com sede em San Diego, recebeu um contrato de US$ 110 milhões da Autoridade de Pesquisa e Desenvolvimento Biomédico Avançado (BARDA) do governo dos Estados Unidos para desenvolvimento avançado e também compras potenciais de MBP134, uma combinação de anticorpos monoclonais.
A Gilead, por sua vez, não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. Segundo a “CNN Brasil”, um estudo de MBP134 e remdesivir em primatas não humanos mostrou que qualquer medicamento administrado individualmente resgatou 20% dos animais que foram infectados com as espécies sudanesas de Ebola, contudo quando administrado em combinação, 80% dos animais infectados sobreviveram.
O presidente do Mapp, Larry Zeitlin, por e-mail, disse que o MBP134 atualmente está sendo testado em testes iniciais em voluntários humanos saudáveis. O mesmo diz que todos os participantes concluíram o estudo e os dados estão sendo analisados, bem como disse que, no geral, o MBP134 foi bem tolerado.
Larry Zeitlin disse que, quando solicitado, a empresa fornece seu medicamento de forma gratuita para uso compassivo, aguardando aprovações regulatórias e éticas. O presidente do Mapp se recusou a dizer quantas doses são fornecidas pela empresa.
Foto Destaque: Remdesivir, o remédio contra o ebola. Reprodução/Ulrich Perrey/Pool/AFP.
