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De acordo com especialistas, desabamento pode ter sido por conta das chuvas fortes

Com 7 mortes, desabamento pode ter acontecido pelas intensas chuvas que estão acontecendo. Especialistas dizem que o acidente foi um evento natural, que não é tão comum mas pode acontecer.

09 Jan 2022 - 15h21 | Atualizado em 09 Jan 2022 - 15h21
De acordo com especialistas, desabamento pode ter sido por conta das chuvas fortes Lorena Bueri

De acordo com os especialistas, o desabamento do paredão no lago de Furnas, Capitólio (MG), pode ter sido causada pela erosão do solo e infiltrações das chuvas fortes que o estado está tendo há dias. A Marinha e Defesa Civil de Minas Gerais estão investigando a causa do desabamento e se os barcos de passeio poderiam estar no local, devido as condições climáticas e os alertas meteorológicos. Eles também destacaram que conforme o turismo avança, os paredões e falésias costumam ceder naturalmente.  

O desabamento em Capitólio começou na tarde de sábado (8), onde deixou 7 mortos, dezenas de feridos e 3 desaparecidos. 4 pessoas ainda estão internadas. A especialista em turismo geológico e professora da Universidade Federal de Goiás, Joana Paula Sanchez, disse que se tivesse um mapeamento técnico da região, o acidente poderia ter sido evitado e que pessoas estivessem tão próximas do local.  

Em uma entrevista, Joana disse: “Nessa região, que tem muito quartzito, que sofreu uma deformação, é comum que essas rochas sejam fraturadas. Cair um paredão de pedras não é tão comum, mas pode acontecer.” 


Agentes procurando pelas pessoas desaparecidas. (Foto: Reprodução/Handout/ Minas Gerais Fire Department/ AFP)


A especialista em turismo ainda completou: “O que acontece hoje em dia é que a gente não tem mapeamento geológico nesses locais de uso turístico. É muito raro existir uma análise geotécnica, uma análise por um geólogo, de riscos desses locais. Faltam profissionais, mas falta muito mais as gestões públicas saberem que o geólogo não é só para mineração. A gente trabalha também com risco de acidente. Esse acidente poderia ter sido evitado sim. Esse bloco já estava se deslocando da parede, dá pra ver que ele já estava fraturado.” 

Já o tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, explicou sobre a situação: “A entrada de água nessas áreas pode fazer a rocha perder a coesão, que é a resistência interna.”

Aihara também afirmou que o desmoronamento de rochas é comum em Capitólio, mas o que agravou foi o tamanho e o modo que as pedras caíram. “Nesse caso, como a gente teve esse tombamento perpendicular, e pelo tamanho da rocha, a gente acabou tendo essas pessoas diretamente afetadas. Geralmente, esse tipo de desmoronamento acontece com as rochas caindo até mesmo de pé, e não perpendicular, como foi nesse acidente.” 


Momento em que acontece o desabamento em Capitólio. (Vídeo: Reprodução/Redes Sociais/YouTube)


Assim como o tenente Pedro Aihara, Fabio Braz Machado, professor de geologia da Universidade Federal do Paraná e membro da Sociedade Brasileira de Geologia, também acredita que as chuvas contribuíram com o desabamento. O geólogo disse: “Essa questão das chuvas muito intensas, por períodos muitos longos, [faz] o solo se encharcar. O sedimento se encharca e não existe mais aquela penetração ao longo da superfície, então começa haver o escoamento. […] Outra coisa que chama atenção é esse fraturamento horizontal. Você vê que o bloco se desprende numa fratura praticamente em 90 graus. Você vê que começa a rachar horizontalmente na base e, depois desprendimento verticalizado, quando o bloco tomba.” 

O especialista em gerenciamento de risco, Gustavo Cunha Melo disse que a rocha de Capitólio que despencou aparentava estar com erosão. Ele disse: “Desabamentos de falésias acontecem em algumas praias do Nordeste. E, no caso desse cânion, são acidentes naturais, eles vão acontecer. Essa rocha estava com muita erosão, totalmente fragmentada. Aparece uma cicatriz incrível na rocha e ali iria desabar em algum momento.” 

Tiago Antonelli, do Serviço Geológico do Brasil, também concorda que o que aconteceu é uma queda natural. Tiago explica: “A queda, do meu ponto de vista, está ligada a vários fatores, mas principalmente, nesta época do ano, às chuvas que percolaram as trincas e fraturas que existem. […] Esse tipo de evento é natural e ocorre aos milhares no Brasil inteiro. O que acontece é que hoje o turismo está avançando para regiões que antes não se conhecia. E hoje as pessoas estão portando celular e câmera fotográficas e, com isso, conseguem relatar esse tipo de evento e até sofrer com as consequências. Mas, no meu entendimento, é um evento natural que acontece aos montes no Brasil inteiro.” 

Cristiano Silva, prefeito de Capitólio, disse que não existia uma norma que impedia as lanchas de estar no local, próximas do paredão.

 

Foto Destaque: Capitólio. Reprodução/OGlobo

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