Com o preço da gasolina ultrapassando a marca dos 6 reais e a conta de luz permanecendo na bandeira vermelha (neste mês de setembro), de acordo com o decreto da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), o aumento da tarifa de R$ 9,49 vai para R$ 14,20, fazendo o mercado começa enxergar gargalos nas operações dos varejistas. Esse cenário afetou negativamente o desempenho das ações do setor durante essa semana.
Levantando dados dos dias entre 30 de agosto e 3 de setembro o setor caiu 5,30%. Os ativos da Lojas Renner (LREN3) caíram 4,02% e os papéis do Magazine Luiza (MGLU3) declinaram 4,91%, nesse mesmo período.
Foto: Reprodução/Magalu
Helder Wakabayashi, especialista de investimentos da Toro, afirma que as fortes quedas são reforçadas pela alta da taxa básica de juros, que está atualmente 5,25%, afetando a disponibilidade de crédito. “Além do aumento do preço dos produtos, que faz com que o consumo diminua”, disse ele.
Outro grande problema para Helder é a crise hídrica, que afeta a formação de preços do varejo. “Os estabelecimentos precisam de energia para ficarem abertos, ou seja, a alta no gasto para manter as portas abertas é reverberado no preço dos produtos”, ressalta. “Além da própria gasolina que resultou no aumento do preço do frete, pois, a logística fica mais cara”, comenta o especialista.
De acordo com o último levantamento dado do PMC (Pesquisa Mensal de Comércio), as vendas das varejistas caíram 1,7% em junho, na comparação com maio, após registrar alta em dois meses seguidos. Enquanto o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro recuou 0,1% no segundo trimestre, em relação ao anterior, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na última quarta-feira (1º), a inflação de julho foi de 0,96% e o acumulado de 12 meses bateu 8,99%.
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Bruno Madruga, sócio e head de renda variável da Monte Bravo, aponta outros dois fatores para os papéis da Marisa (AMAR3) e da IMC (MEAL3) terem acumulado uma baixa de 10% nesse período de 30 de agosto a 3 de setembro. “O primeiro é o desemprego no Brasil, que apesar de ter recuado para 14,1%, (ou 14,4 milhões de brasileiros), ainda é um número alto e afeta o consumo nacional”. Bruno continua “E o segundo são os juros futuros que subiram forte e empresas de setores como tecnologia e e-commerce acabam sofrendo um pouco”. Os ativos da Marisa abriram a sessão do dia 3 de setembro a R$ 6,25, e da IMC a R$ 3,42.
Mas os problemas estão longe de acabar. O mercado continua ansioso até 10 de setembro, quando as vendas de varejo de julho serão divulgadas. O setor segue atento aos casos nacionais relacionados à variante Delta, que também podem impactar às vendas dos varejistas. “E as datas festivas tão aguardadas como Black Friday e Natal podem acabar não trazendo tanto retorno quanto o esperado” afirma Wakabayashi, da Toro.
No ano passado, segundo o Ebit|Nielsen, a Black Friday movimentou R$ 3,1 bilhões, apenas no dia 27 de novembro, montante de 24,8% maior que o registrado em 2019. Já no Natal, segundo a Serasa, o varejo teve o pior resultado desde 2003. Segundo a instituição, as vendas caíram 10,3% em relação ao ano anterior.
(Foto destaque: Conta de luz e preço da gasolina afetam os varejistas. Reprodução/iStock/Getty Images)