Verena Paccola, de 23 anos, é natural de Indaiatuba, cidade localizada no interior de São Paulo e se considera cientista desde criança, quando participava de olimpíadas de neurociência de sua escola. Antes mesmo de entrar na faculdade de medicina da USP, Paccola já estagiou no hospital Albert Eisten e participou de um programa da Nasa, em que descobriu 25 asteroides.
Segundo os dados da Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), as mulheres correspondem somente a 30% dos cientistas do mundo. Desse modo, Paccola reconhece sua responsabilidade enquanto cientista e fonte de inspiração para outras mulheres. “Quero tirar o máximo disso e inspirar outras meninas, até porque já passei por muitas situações de desigualdade na área acadêmica, de machismo e assédio”, afirmou Verena.
A fim de celebrar o Dia da Menina e Mulher na Ciência, comemorado em 11 de fevereiro, a Forbes entrevistou Verena a respeito de sua trajetória. Ao ser questionada como ela recebeu todo o prestígio ano passado, após se tornar Forbes Under 30, a cientista afirmou que estar nessa posição e receber reconhecimento pelo seu trabalho, expande a representatividade, o que possibilita que mais meninas sonhem em ocupar esses lugares na ciência.
Sobre seu maior objetivo na carreira, Verena afirma que deseja se formar em medicina e ganhar o prêmio Nobel da Medicina. Além disso, ela pretende continuar inspirando mulheres e pensa em ir para o espaço, a fim de fazer pesquisas sobre o cérebro em gravidade zero.
Para que mais mulheres ingressem na ciência, Paccola afirma que “quanto mais a gente tiver programas voltados especificamente para meninas na área da ciência e mais divulgação de mulheres e meninas que já fazem ciência, mais meninas vão acreditar que elas podem estar onde elas quiserem, e que apesar de ser uma área subrepresentada pelas mulheres, a gente pode mudar isso num futuro próximo”.
Verena Paccola e criador do programa Caça Asteroides. (Foto: Reprodução/Metrópoles)
Verena afirmou já ter sido assediada dentro de lugares acadêmicos, tanto em laboratórios quanto em centros cirúrgicos. A cientista já realizou pesquisas para diversas instituições, como Unicamp, Unifesp, UFMG e Universidade do Canadá. Atualmente, está na USP e tem pela primeira vez, uma mulher como sua mentora.
Para incentivar cada vez mais mulheres a ingressarem na ciência, Paccola acredita que deve existir uma corrente de apoio e compartilhamento. Dessa forma, há união e força. Além do mais, para ela, deve-se colocar as mulheres em cargos de poder também, porque a maioria são homens.
“Quando as meninas vêm falar comigo, eu sempre falo que elas vão precisar de três coisas para conseguir alcançar os objetivos: curiosidade, coragem e empatia. Primeiro, você tem que ter a curiosidade de explorar o mundo, de ir atrás de respostas e de trilhar o caminho que você quiser percorrer. A coragem para derrubar as barreiras que já existem historicamente e enfrentar os desafios que vão aparecer que vão ser vários, mas com coragem você vai conseguir persistir e erguer a cabeça para ocupar o seu espaço. E empatia porque quando eu olho em volta eu vejo que não sou a única mulher passando por isso, então sempre estender a mão para as outras e fazer uma corrente mesmo, porque juntas nós vamos mais longe. São essas três coisas que eu levo comigo todos os dias para alcançar meus objetivos”. Esse é o recado que Verena deixa para as mulheres.
Foto Destaque: Verona Paccola. Reprodução/Victor Affaro/Forbes