O levantamento se deu através de um grupo de coral formado por pacientes com afasia – um transtorno de linguagem que acontece após uma lesão cerebral, ele pode afetar a fala, a compreensão, leitura e escrita da pessoa afetada – realizado pelo projeto PREMUS, coordenado pelo professor Teppo Särkämö, e analisou como pessoas com afrasia utilizam o canto como instrumento de exercício da fala e comunicação.
Em contraponto às análises realizadas nos pacientes com afrasia, a equipe de pesquisadores também realizou uma série de ressonâncias magnéticas no cérebro de jovens de meia-idade e de idosos saudáveis que também cantam em corais.
Os resultados obtidos sugerem que as partes do cérebro utilizadas durante o canto sofrem alterações mais sutis do que as responsáveis pela fala, ou seja, o canto parece estimular um efeito global no cérebro, que evitar deteriorá-lo com a idade.
Cantar pode auxiliar no desenvolvimento do cérebro (Foto: Reprodução/ Superinteressante)
O estudo revelou que os sistemas parietal e frontal do cérebro, que regulam o comportamento do indivíduo, são mais ativas durante a prática do canto e a utilização de controles verbais é maior. Na comparação dos resultados com o dos idosos saudáveis, notaram-se efeitos positivos na função auditiva, cognitiva e melhora na interação social, fatores esses que contribuem, por exemplo, para a prevenção de demência.
Testes neuropsicológicos foram realizados nos membros do coral e os resultados apontaram para um melhor desempenho nos exercícios, maior facilidade cognitiva e maior interação social, além disso, foram feitos encefalogramas nos mesmos pacientes analisados e indicaram níveis, comparativamente mais avançados, de processamento auditivo e percepção sonora sobre tons.
Särkämö afirma estar planejando aumentar a abrangência do estudo para analisar também os efeitos de cantar em idosos com Alzheimer e desenvolver ensaios clínicos em escalas mais abrangentes para testar a efetividade da prática com mais variáveis, no entanto, acredita-se que os mesmos efeitos não seriam sentidos em pacientes com a doença, segundo Särkämö é possível que eles apresentem dificuldades para aprender e lembrar novas letras.
Foto Destaque: Jovens cantanto. Reprodução/BBC