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Botos-cinza cai em mais de 90% em 40 anos no Rio de Janeiro

A Baía de Guanabara era palco para cerca de 400 botos-cinzas, porém, após 42 anos só existem apenas 30 vivendo na região. Ocorreu uma redução de 92% por conta da falta de tratamento.

02 Mai 2022 - 19h42 | Atualizado em 02 Mai 2022 - 19h42
Botos-cinza cai em mais de 90% em 40 anos no Rio de Janeiro Lorena Bueri

Os botos-cinza está em ameaça. Em 1980, a Baía de Guanabara era palco para cerca de 400 animais, porém, após 42 anos só existem apenas 30 vivendo na região. Ocorreu uma redução de 92%. Os números foram realizados pelo Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro. 

Neste momento, os pesquisadores afirmam que a população é reflexo da dominação humana sem restrição e  sem preservação do ecossistema. Além disso, destacou a diferença entre os números de animais com outros locais sem interferência.

“É uma população praticamente vestigial. Para se ter ideia, outras baías costeiras, que também têm o mesmo boto, como a Baía de Sepetiba e a Baía de Ilha Grande, hoje, são cerca de 1.500 animais em Sepetiba e mais de 2 mil na Baía de Ilha Grande”, destacou.


Ausência de tratamento nos esgotos da Baía de Guanabara atrapalha sobrevivência dos botos-cinza na região. (Foto: Reprodução/Marcos César Santos/Instituto de Oceanografia (IO)/USP)

De acordo com o último Boletim de Saúde Ambiental do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), dos 15 municípios banhados pela Baía de Guanabara, apenas Niterói apresenta bons índices de tratamento de esgoto e coleta de resíduos sólidos. Na média geral da área, 35% dos esgotos são tratados e quatro das cinco regiões da baía têm a qualidade da água classificada entre moderada e extremamente ruim.

Além da ausência de tratamento, o despejo industrial é a ameaça para sobrevivência dos botos. Componentes tóxicos são prejudiciais à água. 

“O que chega na Baía Guanabara não é só esgoto, não é só matéria orgânica. Chega muito mais coisa de origem industrial. Muitos desse compostos mexem com duas coisas fundamentais: o sistema imune e o sistema reprodutivo. E com o acúmulo desses poluentes, os animais morrem em decorrência de doenças, ficam mais suscetíveis a doenças das mais variadas. A gente sabe que eles estão entre os animais mais contaminados do mundo”, afirmou José Laílson.

Além da falta de limpeza nos esgotos e águas, diversos fatores ambientais contribuem para esse declínio. 

Reprodução: Golfinhos na Baía de Guanabara. Reprodução/MAQUA/UFRJ

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