Os botos-cinza está em ameaça. Em 1980, a Baía de Guanabara era palco para cerca de 400 animais, porém, após 42 anos só existem apenas 30 vivendo na região. Ocorreu uma redução de 92%. Os números foram realizados pelo Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
Neste momento, os pesquisadores afirmam que a população é reflexo da dominação humana sem restrição e sem preservação do ecossistema. Além disso, destacou a diferença entre os números de animais com outros locais sem interferência.
“É uma população praticamente vestigial. Para se ter ideia, outras baías costeiras, que também têm o mesmo boto, como a Baía de Sepetiba e a Baía de Ilha Grande, hoje, são cerca de 1.500 animais em Sepetiba e mais de 2 mil na Baía de Ilha Grande”, destacou.
De acordo com o último Boletim de Saúde Ambiental do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), dos 15 municípios banhados pela Baía de Guanabara, apenas Niterói apresenta bons índices de tratamento de esgoto e coleta de resíduos sólidos. Na média geral da área, 35% dos esgotos são tratados e quatro das cinco regiões da baía têm a qualidade da água classificada entre moderada e extremamente ruim.
Além da ausência de tratamento, o despejo industrial é a ameaça para sobrevivência dos botos. Componentes tóxicos são prejudiciais à água.
“O que chega na Baía Guanabara não é só esgoto, não é só matéria orgânica. Chega muito mais coisa de origem industrial. Muitos desse compostos mexem com duas coisas fundamentais: o sistema imune e o sistema reprodutivo. E com o acúmulo desses poluentes, os animais morrem em decorrência de doenças, ficam mais suscetíveis a doenças das mais variadas. A gente sabe que eles estão entre os animais mais contaminados do mundo”, afirmou José Laílson.
Além da falta de limpeza nos esgotos e águas, diversos fatores ambientais contribuem para esse declínio.
Reprodução: Golfinhos na Baía de Guanabara. Reprodução/MAQUA/UFRJ