A pressão que vai contra a aprovação do projeto de lei 510, que flexibiliza as regras de regularização fundiária de terras da União e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), foi impulsionada por celebridades como Anitta e Fábio Porchat, mas ganhou força dentre uma classe não tão habituada à envolver-se com política nas redes sociais. Uma análise foi feita a pedido do site Sonar e utilizou dados providos pela empresa de dados Arquimedes.
O levantamento analisou perfis que citam o projeto entre 27 e 29 de abril. A maior parte das menções foi feita por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, classe essa que já costuma participar de debates políticos nas redes, já 18% partiu de usuários do Twitter, mais especificamente, fãs da Anitta e grupos de Kpop, gênero musical surgido na Coreia do Sul e popular em todo o mundo, e participantes são conhecidos pelo interesse e envolvimento em temas de cunho político.
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Tais segmentos não são acostumados a fazer parte de discussões que envolvem o cotidiano político no Brasil, explica o sócio da Arquimedes, Pedro Bruzzi:
“Ainda que o assunto não tenha sido a principal pauta das redes ontem, conseguiu atenção prioridade, sobretudo por conta da presença de perfis de fora do debate político do dia a dia. A participação da Anitta causa esse comportamento diferente, trazendo muitos perfis diferentes para o contexto.”
Além de Anitta e Porchat, outros nomes importantes se empenham na causa contra o projeto. A atriz Leandra Leal, influenciadores da ONG GreenPeace Brasil, uma rede de mídia de esquerda Mídia Ninja, o influencer Kaique Brito, de 16 anos, conhecido por seus conteúdos divertidos na rede social TikTok e que se tornou recentemente embaixador da WWF-Brasil, outra entidade de proteção ao meio ambiente ativa no país. Parlamentares de escolha como Marcelo Freixo (PSOL-RJ) e Alessandro Molon (PSB-RJ).
Análise ao Sonar, feita pela empresa Arquimedes (Reprodução/Sonar)
Anitta chegou a citar diretamente presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), com pedidos para que o texto não fosse votado. Na última semana a cantora e o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, protagonizaram uma discussão no Twitter, motivada pela participação de Anitta em uma mobilização massiva de Tweets contra a permanência de Salles em seu cargo. O ministro compartilhou uma publicação da cantora que pedia sua saída do ministério e ironizou: “Fica na sua aí, ô Teletubbie”.
Em meio à pressão, o Senado adiou, na última quarta-feira (28), a votação do projeto. Com o apoio da bancada ruralista, o texto do senador Irajá (PSD-TO) estende para todo o país normas que hoje se aplicam apenas à Amazônia Legal. A proposta modifica o marco temporal para a comprovação da ocupação da terra. O(A) interessado(a) deve ser capaz de demonstrar a ocupação anterior a 25 de maio de 2012. Atualmente a data é marcada no ano de 2008. A regra é válida para propriedades com até 2.500 hectares.
(Foto destaque: Anitta reúne celebridades e fãs, impulsionando a pressão contra projeto de regularização fundiária. Reprodução/Instagram)