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"Uma Noite em Miami" pode levar primeira cineasta mulher e negra para o Oscar

Uma Noite em Miami tem texto do incrível Kemp Powers que teve a ousadia em adaptá-lo de uma peça teatral dele mesmo, somos inseridos numa noite “fantasiosa” que tenta remontar um encontro, talvez o encontro mais significativo de toda a história de

21 Jan 2021 - 20h58 | Atualizado em 21 Jan 2021 - 20h58
'Uma Noite em Miami' pode levar primeira cineasta mulher e negra para o Oscar Lorena Bueri

 

 

Com a grande pandemia que assolou todo o mundo, cinemas fecharam as portas e as produções, filmagens, edições feitas em estúdio também tiveram que ser canceladas. O mundo parou e o mundo do pop estacionou. Mas, em pouco tempo engatamos a primeira e voltamos a rodar. O fato dos cinemas fecharem, as plataformas digitais viram uma oportunidade de mostrarem serviço e elevar a importância e valor de existirem. Muitos longas prontos para as telonas, tiveram que se readaptar para as telinhas dos streamings disponíveis no mercado. E não só, muitas empresas viram a grande chance que estavam tendo de também lançar o seu produto em suas novas plataformas digitais.

E assim foi feito! Longas como Mulan, da Disney, Mulher Maravilha, da Warner Bros e DC Comics foram lançados diretamente nas plataformas digitais. Outros longas foram sofrendo várias vezes reagendamento de estreias aguardando o tão sonhando lançamento dos cinemas. Entre eles os mais aguardados como Viúva Negra e Eternos da Marvel Studios, 007, Um Lugar Silencioso 2 estão à espera esperançosos de serem vistos na tela grande.

Enquanto isso, chegamos em 2021 com o Oscar de sua 93ª edição batendo à nossa porta. Por conta do momento atípico que estamos vivendo a Academia decidiu alterar algumas normas especificamente para essa edição, afim de que as produções cinematográficas não saiam totalmente prejudicados. Assim sendo, além de alongar o prazo para que os estúdios e produtores inscrevessem suas produções, a Academia também abriu a regra para que filmes lançados diretamente em plataformas digitais ou em on demand, VOD, também pudessem concorrer, ou seja, a regra é que tenham sido lançados, mesmo que não tenham sido numa sala de cinema.

 

Uma diretora em ascensão

 

Poster Oficial de "Uma Noite em Miami. Reprodução/AmazonPrimeVideo


Assim aconteceu com Uma Noite em Miami (One Night In Miami, 2020). Com texto do incrível Kemp Powers que teve a ousadia em adaptá-lo de uma peça teatral dele mesmo, somos inseridos numa noite “fantasiosa” que tenta remontar um encontro, talvez o encontro mais significativo de toda a história de luta e de igualdade social dos anos 60. Mas, as novidades não param por aí. Quem dirige os trabalhos é a vencedora do Oscar Regina King por sua atuação em Se a Rua Beale Falasse (Sony, 2018). King desejou que seu primeiro longa-metragem tivesse tido a chance de ir para o cinema. Assistir toda essa grande experiência, não só dela, mas do público em rever aquele ano nas telonas, seria único, uma experiência única e emocionante. Mesmo assim, sua estreia no Festival de Veneza fez de Regina King a primeira cineasta mulher negra a disputar o Leão de Ouro.

Com um discurso situacional localizado, semelhante a The Boys In The Band (Netflix, 2010) e uma epopeia surreal conflituosa no estilo A Voz Suprema do Blues (Netflix, 2020), Uma Noite em Miami (Amazon Prime Video, 2021) acontece num plano médio / americano com cenas fortes e profundas num quarto de hotel. King não se preocupa em fazer uma introdução inserindo no contexto os quatro protagonistas: o lutador pré-convertido Cassius Clay/Muhammed Ali (Eli Goree), seu mentor espiritual, a figura Malcolm X (Kingsley Ben-Adir); o cantor soul Sam Cooke (Leslie Odom Jr.) e o jogador pré futuro ator Jim Brown (Aldis Hodge). Mesmo assim, Regina capricha numa introdução colocando o público ciente do recorte que fará das vidas de Cassius, Malcolm, Jim e Sam.


Regina King. Reprodução/BANG Schowbiz/MSNEntretenimento


Supondo que a bagagem história já está embutida no público, Regina King insere-nos num contexto estadunidense trazendo entre os protagonistas uma discussão, por vezes, enfadonha, mas muito carregada de humanidade e sofrimento. Sofrimento, por vezes imposto pela cultura social norte-americana que insiste sempre em impor um regime autoritário, segregagional e preconceituoso.

 

As apostas para o oscar

Antes do dia 15 de março, não saberemos dizer se King estará nos representando. Sua direção é de arrancar elogios. King consegue levar para as telas um protesto humano reclamando por esperança, condenando o sangue que corre pelas ruas da intolerância religiosa, preconceito e condenações sem justiça igualitária. Um debate que vai do racismo e perpassa pela religião, raça, preconceito, liberdade econômica e direitos civis. A mensagem de Regina King transborda resiliência e compaixão. 


Trailer Oficial de "Uma Noite em Miami". Reprodução/YouTube/Prime Video


O encontro desses quatro memoráveis homens da história nos apresenta uma cena de diálogo conflituoso, mas que nos prende até o final. Dilemas pessoais, críticas rasas da vida, até mesmo segredos e desabafos, dores da vida diária são jogados ao chão por berros e inconformismos que os amigos são impostos a ter que lidar. A personagem de Bem-Adir ao mesmo tempo que é enigmática, ela é humorada com sua máquina fotográfica responsável em registrar, desde a vitória do lutador e seu amigo até o encontro do quarteto que ficará para a história.

Por fim, Regina King nos faz mergulhar na mente desses homens, nos faz relembrar do movimento #BlackLivesMatter, tudo isso, porque ela faz a história acontecer não como um simples teatro adaptado da vida real, mas é a própria vida de cada um de nós sendo representada ali, naquele quarto, às escondidas, celebrando ao mesmo tempo uma amizade e a exclusão social.

A linguagem visual, a trilha sonora, a atuação, a autoadaptação de Powers e o talento de King faz do longa uma verdadeira história de vida. Uma Noite em Miami está disponível na plataforma de streaming da Amazon Prime, onde foi lançado dia 15 de janeiro.

 

 

Foto Destaque:  Eli Goree é Cassius Clay/Muhammed Ali; Kingsley Ben-Adir é Malcolm X; o cantor soul Sam Cooke é interpretado por Leslie Odom Jr. e Jim Brown por Aldis Hodge em longa de Regina King. Reprodução/AmazonPrime.

 

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