A revolução da Fórmula 1 e como a inteligência artificial virou essencial

Em um esporte onde frações de segundo fazem a diferença, a Fórmula 1 (F1) se reinventa silenciosamente, não apenas em termos de potência de motor ou aerodinâmica, mas principalmente através da inteligência artificial (IA) e do uso massivo de dados.

Os dados como novo combustível

Cada corrida gera uma verdadeira avalanche de informações. São milhares de dados coletados em tempo real sobre a telemetria dos carros, o desgaste dos pneus, a velocidade em cada volta e o histórico de desempenho dos pilotos e das equipes. Esses números, que antes exigiam longas horas de análise manual, hoje são processados instantaneamente por sistemas inteligentes.

Além disso, entram na equação dados considerados “menos importantes”, mas igualmente valiosos. Plataformas digitais e redes sociais fornecem informações sobre o engajamento dos fãs, suas reações durante as provas e perfis demográficos detalhados do público.

A união entre a técnica e o comportamental, permite que os modelos de inteligência artificial transformem um grande volume de informações em insights acionáveis, ou seja, em decisões práticas que impactam diretamente o desempenho nas pistas e a forma como as equipes se conectam com seus torcedores.

Parceria estratégica entre IBM e Ferrari

Segundo o diretor de IA e dados da IBM Brasil, Fabrício Lira, a empresa atua junto à Ferrari em quatro frentes importantes, sendo elas o engajamento de fãs, inteligência artificial aplicada, consultoria em tecnologia e infraestrutura. Essa parceria busca integrar inovação tecnológica tanto dentro quanto fora das pistas, ampliando a eficiência operacional da equipe e aprimorando a experiência do público.

Já nas pistas e durante as corridas os modelos desenvolvidos com apoio da IA ajudam a determinar os momento ideal e mais importantes para as paradas nos boxes, além de realizar a comparações de desempenho entre pilotos e definir estratégias de corrida mais precisas em segundos. Esses sistemas analisam dados em tempo real, durante as corridas e fornecem recomendações que podem alterar o rumo de uma prova em segundos.

Isso monstra que a inteligência artificial não está mais restrita só aos bastidores. Ela se tornou uma parte essencial da tomada de decisões, influenciando diretamente os resultados e tornando-se, de fato, o novo “engenheiro de pista” da Fórmula 1.

Algo que chama atenção é a mudança de que não é mais apenas “quem está no carro”, mas sim “quem está assistindo” que importa. Para Lira, “antes tínhamos um torcedor de fim de semana; agora temos um torcedor do ano inteiro”.

A IA ajuda a mapear perfis de fãs, se eles são jovens, mulheres, públicos conectados e a adequar experiências, criar pontes entre pista e comunidade. O resultado é fidelização, engajamento mais profundo e novas camadas de receita.

Impactos práticos nas corridas

Os modelos de inteligência artificial ajudam as equipes a prever o desgaste dos pneus, indicando o momento ideal para realizar as paradas e qual composto deve ser utilizado em cada fase da corrida. Essa previsão pretende reduzir a margem de erros e pode ser decisiva para o desempenho final dos pilotos.


IA nas corridas (Vídeo: reprodução/YouTube/@olharDigital)


Além disso, a tecnologia permite realizar comparativos detalhados de desempenho entre pilotos e entre voltas, possibilitando ajustes quase em tempo real. Essas análises ajudam a identificar padrões de pilotagem, eficiência em curvas e até o impacto das condições climáticas na performance do carro.

O cruzamento de dados da pista com o histórico de corridas e as condições ao vivo resulta em decisões mais estratégicas e informadas. Assim, o “novo engenheiro de pista” da Fórmula 1 é híbrido, uma combinação entre o raciocínio humano e a precisão da máquina, entre o conhecimento técnico e a inteligência dos algoritmos.

Desafios e considerações éticas

Apesar de todos esses avanços com a inteligência artificial, ainda tem muita coisa importante para se pensar. Uma delas é a questão da confidencialidade dos dados. As equipes de Fórmula 1 lidam com informações sigilosas e por isso protegem ao máximo suas informações. E com isso qualquer vazamento pode acabar entregando a suas estratégias e dar uma baita vantagem para os seus rivais.

Outro ponto é a dependência que a tecnologia pode proporcionar. Quanto mais as decisões passam a depender de sistemas automáticos, maior será o risco de dar algum problema durante as corridas. Pois um erro de cálculo ou uma falha nos sensores pode mudar completamente o resultado de uma corrida, ainda mais em um esporte que cada milésimo de segundo conta.

Também tem o desafio mais impactante para quem consome, o de manter a emoção do esporte. A Fórmula 1 sempre teve aquele toque de imprevisibilidade, o erro humano, o improviso e isso é parte que torna tudo tão empolgante. Se a IA assumir demais os controles, corre o risco de perder um pouco dessa magia, que encanta os fã.

E por fim vem a questão da inclusão digital. Já que a IA está transformando até a forma como o público acompanha as corridas, é importante garantir que todo mundo possa participar dessa nova era independente da idade, do acesso à tecnologia ou de onde viva.

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