Um novo tratamento para o combate do melanoma, tipo mais agressivo de câncer de pele, foi aprovado pela agência norte-americana “Food and drug admimistration” (FDA). Trata-se da terapia celular com nome de lifileucel, da empresa de biotecnologia Iovance Biotherapeutics. A comunidade científica comemorou a primeira terapia celular aprovada para o tratamento de tumores sólidos.
Base do tratamento
O tratamento inédito tem como base o mecanismo imunológico TIL, sigla em inglês para “linfócitos que infiltram o tumor”, no combate contra o câncer. Essa imunoterapia coleta um tipo de glóbulo branco essencial para o sistema imunológico, as células T, que são encontradas em todo o organismo, inclusive no tumor. As células T agem penetrando o tumor, ao reconhecerem os antígenos presentes na superfície das células cancerígenas, e o matando.
Como a quantidade natural dessas células é insuficiente para o combate contra os tumores, o novo tratamento age justamente na ampliação da quantidade de células T em laboratório, para então reinseri-las no paciente. Vale ressaltar que essa abordagem de tratamento não é novidade no meio científico. A técnica foi desenvolvida ainda na década de 80 pelo pesquisador e cirurgião Steven Rosenberg e resultou na remissão de 20 pacientes com melanoma, em ensaios clínicos feitos no National Cancer Institute. No entanto, a técnica pôde ser disponibilizada comercialmente devido ao desenvolvimento e aprimoramento da separação e expansão das células T, o que tornou o processo mais eficiente.
O tratamento
O primeiro passo da terapia lifileucel consiste na remoção do tumor, ou parte dele, e no isolamento dos TILs, para que sejam cultivados e multiplicados em bilhões de células no laboratório. Antes da infusão, o paciente é submetido à quimioterapia. Em seguida, é feita a infusão das células no paciente em conjunto de uma administração de altas doses de uma proteína que apoia o crescimento da atividade das células imunológicas, a interleucina-2.
Empresa biotecnológica Iovance Biotherapeutics (Foto: reprodução/Iovance Biotherapeutics)
Após a infusão, o paciente recebe suporte para os possíveis efeitos colaterais e para ajudar na recuperação. A grande maioria dos efeitos colaterais são dos preparativos para a infusão (a quimioterapia e a interleucina-2). No entanto, existe chance do tratamento causar doenças autoimunes, com os TILs atacando células normais.
O tratamento é atualmente utilizado apenas como última linha, em pacientes que não responderam a outras terapias. No entanto, tanto a Iovance quanto outras empresas estão o testando como segunda ou primeira linha dde ação, já que há evidências de que ele pode ser ainda mais eficaz nesses casos.
Foto destaque: Iovance Biotherapeutics (reprodução/Iovance Biotherapeutics)