Criada na década de 50, a telemedicina é motivo de debates a muitos anos, tendo seu ápice durante a pandemia de Covid-19. Recentemente a atuação médica à distância nas trincheiras da guerra entre a Rússia e a Ucrânia chamaram a atenção mundial para essa outra forma de se fazer medicina.
A mais de 2 mil quilômetros de distância a equipe de médicos do Sheba Medical Center, o maior hospital israelense, situado na cidade de Tel Aviv, atende diariamente milhares de ucranianos localizados em áreas de conflito. O ‘arsenal telemédico’ precisa apenas de internet para funcionar e um pequeno kit tecnológico, capaz de registar exames físicos, ultrassonografias pré-natal, monitoramento de sinais vitais, análises sanguíneas e outros tipos de exames. Gadi Segal, chefe de telemedicina interna no Sheba, afirma que “os limites da geografia e da distância estão sendo abolidos pela Telemedicina. Podemos executar o melhor julgamento clínico e as melhores consultas profissionais de pacientes em uma zona de guerra e até mesmo na linha de frente”.
Paciente manipulando ultrassom portátil em teleconsulta. (Foto: Reprodução/Sheba Medical Center)
Com dispositivos portáteis a delegação de voluntários enviada pela United Hatzalah Israel – maior organização independente, sem fins lucrativos – para a Ucrânia pode contactar especialistas e receberem diagnósticos de imagens analisadas pelos departamentos médicos do Sheba, bem como a verificação de pulmões, boca, olhos e ouvidos de crianças refugiadas acudidas na capital da Moldávia, Chisinau, e demais localidades como Polônia, Hungria e Eslováquia. Outras empresas como a ViveoCares Foundation e a Telemedi (“Doctors for Ukraine”, médicos pela Ucrânia em tradução livre), estão oferecendo assistência telemédica gratuita a população ucraniana.
Esperança para o futuro?
A pandemia do novo coronavírus nos mostrou a importância da prevenção de um colapso na área da saúde: a superlotação dos hospitais, a falta de leitos, médicos, enfermeiros e medicamentos causou preocupação na população e uma alta procura por alternativas de atendimento, mesmo em casos menos graves, a exemplo o médico de familia – modelo que vem ganhando cada vez mais espaço no Brasil por ter uma abordagem multidisciplinar, que envolve desde o estilo de vida do paciente até seu contexto socioeconômico.
Assim como a telemedicina o médico de família tem a tecnologia como aliada, otimizando consultas, detecção de doenças, entre outros processos, independentemente da localização do paciente. Além de aumentar a eficiência dos profissionais, o uso da telemedicina pode reduzir custos associados a utilização de espaços físicos ou necessidade de deslocamentos, assim como pode permitir um respiro a clínicas, hospitais e laboratórios, que não sofrerão mais com a superlotação.
Foto Destaque: Médicos do mundo todo se unem para ajudar refugiados da guerra na Ucrânia. Reprodução/EPA/Miguel Candela.