A série "Pedaço de Mim", que estreou no começo de julho, é um melodrama produzido pela Netflix em parceria com A Fábrica. A trama gira em torno de Liana, interpretada por Juliana Paes, uma mulher grávida de gêmeos, cuja situação se complica devido ao fenômeno da superfecundação heteroparental, quando dois óvulos de uma mesma mulher são fecundados por espermatozoides de homens diferentes durante no mesmo ciclo menstrual. Isso se dá após a personagem engravidar e logo em seguida sofrer uma violência sexual, resultando em uma gestação incomum que levanta temas profundos como violência sexual e direitos reprodutivos.
Fora das telinhas, a superfecundação ocorre em cerca de um caso a cada 13 mil nascimentos, mas sua frequência pode estar crescendo devido ao uso de medicamentos que estimulam a ovulação e ao aumento de relações sexuais com múltiplos parceiros no período fértil, diz especialista.
Pedaço de Mim
Família da série "Pedaço de Mim" posa para foto: Liana (Juliana Paes), o marido (Vladimir Brichta) e seus dois filhos (Foto: reprodução/ Netflix)
A série "Pedaço de Mim"é o primeiro melodrama do Brasil, produzido pela Netflix, que conta com a parceria de A Fábrica. A trama apresenta a história de Liana, protagonizada por Juliana Paes (45 anos), uma mulher grávida de gêmeos, casada com Tomás (Vladimir Brichta, 48 anos). Esse drama poderia ser comum, se não fosse pelo fato raro de as duas crianças terem dois genitores, ou seja, na história, sua personagem engravida e logo após sofre uma violência sexual, o que resulta na gestação de gêmeos com pais diferentes. Tal condição médica extremamente rara é chamada de superfecundação heteroparental. Esse fenômeno, apesar de parecer ficcional, é real e documentado, o que torna a narrativa ainda mais instigante pelas implicações emocionais e sociais da superfecundação. A história também aborda questões profundas sobre a violência sexual e direitos reprodutivos, além de enfatizar as complexidades da biologia da reprodução humana.
Explicação científica
A superfecundação heteroparental consiste quando dois óvulos de uma mesma mulher são fecundados por espermatozoides de homens diferentes durante o mesmo ciclo menstrual, resultando em gêmeos bivitelinos (não idênticos) com pais biológicos distintos.
Médica fazendo ultrassom na barriga da paciente (Foto: reprodução/ Pony Wang/ Getty Images Embed)
Embora extremamente rara, vale ressaltar que essa situação é possível, pois, exige que a mulher ovule dois óvulos no mesmo ciclo (o que normalmente acontece uma vez apenas durante o ciclo menstrual) e tenha relações com diferentes homens dentro da janela fértil, que dura de 12 a 48 horas para os óvulos e cerca de 72 horas para os espermatozoides, diz Daniela Maeyama, obstetra da Maternidade São Luiz Star, da Rede D'Or.
Projeção futura
Segundo a obstetra, estima-se que a ocorrência da superfecundação heteroparental seja de um caso a cada 13 mil nascimentos, embora sua frequência possa estar aumentando devido ao uso de medicamentos que estimulam a ovulação e ao comportamento sexual que envolve múltiplos parceiros durante o período fértil.
Foto Destaque: Vladimir Brichta, Juliana Paes e Felipe Abib na série 'Pedaço de Mim', da Netflix (Reprodução/Netflix)