Os brasileiros não possuem uma boa relação com o sono. Estamos entre os três países que menos dormem no planeta, sendo o campeão absoluto entre os países da América, de acordo com a Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. As causas ainda estão para ser determinadas, mas as consequências são cada vez mais exploradas.
Dessa vez, um estudo publicado na Experimental Physiology mostrou que nossos padrões de sono podem influenciar a chance de se ter doenças, como diabetes tipo 2 e doenças cardíacas.
Os estudiosos da Rutgers University, em Nova Jersey, viram que aqueles que ficam acordados mais tempo têm uma capacidade reduzida de usar gordura como energia, o que significa que as gorduras podem se aglomerar no corpo. As diferenças de metabolismo possuem relação com o quão bem cada grupo pode usar insulina para promover a captação de glicose pelas células para armazenamento e uso de energia.
Para os testes, os voluntários foram separados em dois grupos (matutinos e noturnos) com base em seu “cronotipo”, a propensão natural a buscar atividades e dormir em momentos diferentes. Eles usaram imagens avançadas para avaliar a massa corporal e a composição corporal, bem como a sensibilidade à insulina e amostras de respiração para medir o metabolismo de gorduras e carboidratos.
Por uma semana, os voluntários foram fiscalizados, para avaliar seus padrões de atividade ao longo do dia. Eles comeram uma dieta controlada de calorias e nutrição e tiveram que jejuar durante a noite para diminuir ao máximo o impacto da dieta nos resultados.
Pessoa com insonia. (Foto: Reprodução/Pexels)
Porém, os resultados foram diferentes entre os grupos. Os “noturnos” demonstraram resistência à insulina, importante para o metabolismo. Sem ela, a glicemia não é consumida, pois a glicose não conseguiu entrar na célula. O motivo por trás dessa mudança na preferência metabólica entre os dois grupos ainda não foi esclarecida.
“Essa análise permite continuar nossa compreensão de como os ritmos circadianos (suas funções ao longo de um dia) do nosso corpo afetam nossa saúde. Como o cronotipo parece afetar nosso metabolismo e ação hormonal, sugerimos que o cronotipo possa ser usado como um fator para prever a chance de se ter certos tipos de doenças nas pessoas”, explica o autor do estudo e professor da Rutgers University, Steven Malin.
“Mais estudos são fundamentais para analisar a relação entre cronotipo, atividade e adaptação metabólica para identificar se fazer exercícios no começo do dia traz maiores benefícios à saúde”.
Conforme uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), 76% dos brasileiros têm pelo menos uma queixa relacionada à qualidade do sono.
Foto destaque: Pessoa na cama. Reprodução pexels.