A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), alertam que o mundo está diante do maior declínio de vacinação em crianças em cerca de 30 anos.
Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (14), e apontam que a porcentagem de crianças que receberam três doses da vacina contra difteria, tétano e coqueluche (DTP3) – tipo de marcador de cobertura vacinal dentre ou entre países – acabou caindo 5 pontos percentuais de 2019 a 2021.
Com isso, cerca de 25 milhões de crianças perderam uma ou mais doses do imunizante por meio de serviços de vacinação apenas em 2021. Um aumento de 2 milhões comparado em 2020 e de 6 milhões de crianças a mais em comparação com 2019.
Criança se vacinando contra poliomielite (Foto: Reprodução/Divulgação)
As instituições destacam que essa queda coloca as crianças em risco para adquirirem doenças que poderiam ser evitadas com a vacina.
Segundo a OMS e o Unicef, essa queda pode estar associada e diferentes fatores.
Segundo o levantamento, crianças que vive em ambientes de conflito, onde o acesso à imunização é muitas vezes desafiador. A análise também indica um aumento da desinformação dos pais e responsáveis, e de problemas relacionados à Covid-19, como interrupções de serviços e cadeia de suprimentos, desvio de recursos para esforços de resposta à pandemia e restrição de circulação, medidas que limitaram o acesso e a disponibilidade dos serviços de imunização.
“Este é um alerta vermelho para a saúde infantil. Estamos testemunhando a maior queda sustentada na imunização infantil em uma geração. As consequências serão medidas em vidas”, disse Catherine Russell, diretora-executiva do Unicef.
“Embora uma ‘ressaca’ pandêmica fosse esperada no ano passado como resultado das interrupções e bloqueios da Covid-19, o que estamos vendo agora é um declínio contínuo. Covid-19 não é desculpa. Precisamos recuperar a imunização dos milhões que estão faltando ou inevitavelmente testemunharemos mais surtos, mais crianças doentes e maior pressão sobre os sistemas de saúde já sobrecarregados”, completa Catherine.
Mesmo com o aumento de crianças não vacinadas, um outro levantamento feito aponta que alguns países conseguiram garantir uma cobertura de vacinação infantil aceitável para as autoridades de saúde.
Uganda e Paquistão foram um desses países que mantiveram ou conseguiram retomar e manter alto os níveis de imunização de rotina, voltando para os níveis de quando ainda o mundo estava na pré-pandemia.
Entretanto a OMS e o Unicef alertam que para poder manter o níveis de cobertura mundial alto, é preciso que todos se esforcem para que não tenha novos surtos ou pandemias. Especialistas argumentam que o declínio acentuado de dois anos segue quase uma década de progresso estagnado. Para poder resolver o problema, será preciso ir além das interrupções relacionadas à pandemia, mas enfrentar os desafios sistêmicos de imunização nos países.
Foto destaque: Criança se vacinando. Reprodução/Divulgação