Saúde

Primeira cirurgia de redesignação sexual pelo SUS na Bahia marca conquista após década de espera

A Bahia celebrou um grande passo no campo da saúde com a realização da primeira cirurgia de redesignação sexual através do Sistema Único de Saúde (SUS), nessa quarta-feira (09).

17 Ago 2023 - 17h57 | Atualizado em 17 Ago 2023 - 17h57
Primeira cirurgia de redesignação sexual pelo SUS na Bahia marca conquista após década de espera Lorena Bueri

A primeira intervenção cirúrgica de redesignação sexual realizada na Bahia pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ocorreu no Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes), que faz parte da Universidade Federal da Bahia (Ufba), localizado em Salvador.

Yohana de Santana, uma mulher trans, passou pelo procedimento na quarta-feira (09), após ter sido acompanhada pelo Ambulatório Transexualizador do Hupes desde 2018. No entanto, a espera pela oportunidade de realizar a cirurgia se estendeu por mais de uma década.

Dez anos de espera

Dentro do Ambulatório do Hospital Universitário, Yohana de Santana passou por avaliações de diferentes profissionais, incluindo equipes de endocrinologia, psicologia e serviço social, que a consideraram apta para o procedimento cirúrgico.

Yohana de Santana expressou sua emoção, descrevendo o momento como a concretização de um longo desejo. Ela mencionou que desde 2010 vinha buscando essa oportunidade, mas faltavam os meios para realizá-la. Ela também se sente emocionada por ser a primeira mulher trans a realizar a cirurgia pelo SUS na Bahia.


Yohana de Santana realiza o procedimento. (Foto: Reprodução/Ascom Hupes/Ebserh/Ufba/Acordacidade)


A cirurgia de redesignação sexual envolve a modificação das características sexuais/genitais para que correspondam ao gênero com o qual a pessoa se identifica.

Fases do procedimento

Luciana Oliveira, endocrinologista e coordenadora do Ambulatório Transexualizador do Hupes-UFBA/Ebserh, explicou que o pós-operatório inclui orientações específicas, como o uso de hormônios por alguns anos, permitindo à mulher trans vivenciar experiências semelhantes às das mulheres cis, como a menopausa.

Além das cirurgias de redesignação sexual, o Hupes-Ufba planeja realizar outros tipos de procedimentos, incluindo mamoplastia masculinizadora, histerectomia, tireoplastia e plástica mamária. A expectativa é que pelo menos um desses procedimentos seja realizado mensalmente, aguardando o credenciamento do Ministério da Saúde para expandir a oferta.

Uma série de critérios deve ser atendida para se qualificar para esses procedimentos, incluindo idade acima de 21 anos, pelo menos dois anos de acompanhamento psicológico e inscrição em um dos dois centros de referência na Bahia: Hupes-UFBA ou Centro Estadual Especializado em Diagnóstico, Cuidado e Pesquisa (Cedap).

O Ambulatório Transexualizador do Hospital Universitário Professor Edgard Santos foi criado em 2018 e oferece atendimento clínico a pessoas trans e travestis residentes na Bahia que buscam acompanhamento. A equipe do ambulatório, composta por profissionais de endocrinologia, enfermagem, serviço social, psicologia e psiquiatria, já atendeu mais de 400 pacientes.

Foto destaque: Bandeira da transsexualidade. Reprodução/Getty Images/ MarieClaire

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