Pobreza menstrual, é um termo criado para designar a falta de recursos básicos para serem usados durante o período menstrual. Isso acontece por diversos fatores, e é mais frequente do que imaginamos, e ele não se dá somente a mulheres em situação de rua, segundo a UNICEF existem hoje, 713 mil crianças/adolescentes que vivem sem auxílio de um banheiro em casa, para fazerem sua higiene pessoal.
A prefeitura da cidade São Paulo, divulgou recentemente em nota o percentual de mulheres em situação de rua, e ele mostrou que passou de 14,8% para 16,6% entre os anos de 2019 e 2021. Essas pessoas que vivem em vulnerabilidade social, e passam seus dias menstruadas sem absorventes, água, sabonetes e papéis. E, por consequência dessa situação, muitas mulheres acabam adoecendo, por buscar soluções para conter o fluxo, como usar miolo de pão, papéis diversos ou jornais que acham em lixos, o que as levam a infecções e outras doenças ginecológicas. A Netflix produziu alguns documentários para retratam o assunto, com a intenção de o dar mais visibilidade, e valem muito a pena conferir:
- Absorvendo o tabu / Period. End of Sentence
(Reprodução/Youtube)
- Onde eu moro / Lead Me Home.
(Reprodução/Youtube)
Como supracitado, a Netflix usou de seu espaço para fazer uma crítica social, e falar sobre determinadas culturas que seguem dizendo que menstruar é uma situação vergonhosa, e que a mulher fica suja durante esse período. E aí, entra a importância de grandes plataformas, e projetos como o Girl Up - Elza Soares falando sobre isso. O clube Girl Up - Elza Soares hoje é composto por voluntários, e atualmente estão com 34 envolvidos, que dia após dia, seguem arrecadando produtos de higiene pessoal para distribuirem para mulheres que precisam. Além das coletas, e presenças em eventos, o projeto foi responsável por criar a 1° lei que garante a distribuição de absorventes em cestas básicas no Rio de Janeiro. "Depois que escrevemos uma lei estadual, no Rio de Janeiro, acerca da pobreza menstrual, outras meninas da rede Girl Up Brasil perceberam que poderiam entrar na política. Assim, começaram a redigir leis em seus respectivos estados. Uma ação feita apenas aqui no RJ, impactou o bastante para que hoje tivéssemos mais de 100 projetos de lei protocolados, puxados por meninas", conta Amanda, uma das integrantes do Girl Up - Elza Soares.
"Foi uma experiência extremamente inovadora para a gente. Quando escrevi, ainda tinha 17 anos, e nunca tinha lido um projeto de lei na vida, que dirá escrever um, né? Tudo começou com a campanha nacional #AbsorventeUrgente, nela, os clubes girl up arrecadavam absorventes e deixavam eles com ONGs que estavam doando cestas básicas, no início da pandemia, em 2020. Conseguimos um ótimo resultado, considerando que era nossa primeira campanha. Ainda assim, percebemos que não teríamos verba para ajudar todo mês, e as pessoas menstruam todo mês. Daí surgiu a ideia de entrar em contato com o poder público para resolver esse problema. Mandamos email para diversos políticos do RJ. Poucos responderam nossa solicitação para uma reunião, e outros nunca nos deram uma resposta. Ainda assim, o atual secretário da educação, Renan Ferreirinha, aceitou um encontro online conosco e confiou que poderíamos redigir uma lei. Depois disso veio muita pesquisa, sobre como funciona um PL e também sobre a pobreza menstrual em si - o que foi extremamente difícil, pois não tinham muitas pesquisas sobre o assunto. Depois da redação, a parte de protocolar ficou com o Renan. E deu tudo certo, nosso PL foi aprovado com unanimidade", completou.
O projeto tem o apoio da fundação ONU, e tem diversos parceiros nessa luta tão importante. Além do apoio a outros institutos, e cuidarem de diversas arrecadações, a equipe traz um conteúdo ótimo para suas mídias sociais, eles ajudam outros jovens com questões importantes, como o passo a passo para tirarem seu título de eleitor, conversam sobre temas importante como, violência doméstica, ensinam sobre a luta LGBTQI+, falam de forma aberta sobre vida sexual, e muito mais. "O clube funciona com diversas equipes, e uma delas é a equipe de mídias, coordenada por mim e pela outra liderança do clube, a Bia. Ensinamos as meninas a trabalhar com design, escrever conteúdo para os posts e explicamos como funcionam os algoritmos de cada rede. Sobre as ideias dos posts: trabalhamos com os temas bimestrais centrais do clube (todas as equipes agem focando no tema bimestral), diz Amanda.
Voluntárias em um evento sobre LGBTfobia nas escolas, com a comissão LGBT da AERJ. (Foto:Reprodução/Instagram)
O clube tem um site, e instagram bem completos com todas as informações, principalmente sobre como fazer para doar produtos/dinheiro para o projeto. Site: www.girlupelzasoares / Instagram: @girlupelzasoares.
"O clube foi criado enquanto eu estava no primeiro ano do ensino médio. Exatamente quando comecei a ter aula de sociologia e parei pra refletir e ler mais sobre a nossa sociedade, e ali percebi que situações que aconteciam comigo durante minha vida também eram passadas por outras meninas. Decidi ali que queria criar uma rede de apoio para que outras jovens. Alguns dias depois, uma colega do mesmo sistema de ensino, porém da Bahia, disse que fazia parte da rede Girl Up Brasil. Resumidamente, foi assim que tudo começou: chamei uma amiga da minha turma e fomos para a Quinta da Boa Vista com um quadro escrito - Primeiro Encontro Girl Up Elza Soares -", finalizou.
Voluntárias foram conhecer e entregar doações para a Aldeia Maracanã. (Foto:Reprodução/GirlUpElzaSoares)
Lançamento do Programa o "Livres para Estudar" – o qual combate à pobreza menstrual e à evasão escolar. (Foto:Reprodução/GirlUpElzaSoares)
O projeto abre vagas a cada seis meses, e o processo seletivo funciona com 2 etapas: formulário com informações e algumas perguntas acerca da igualdade de gênero e uma entrevista, para conhecerem melhor o candidato, e o clube não é fechado para meninas, qualquer jovem pode participar. Como foi visto acima, o projeto foi responsável pela campanha Sonhos de Natal, doando 3 caixas cheias de absorvente para o @institutoepossivelsonhar, com a ajuda de seus seguidores e parceiros. E, fizeram também uma grande doação para a universidade indígena @tekohawmarakana, por isso a importância de os seguirem em suas redes para quando acontecer campanhas de arrecadação como essas, você saber como e onde doar. Mas já adiantamos, que esses são seus canais oficiais para doações: Pix: contato@girlupelzasoares.org /Picpay: @girlupelzasoares.
Foto Destaque: Girl Up - Elza Soares/Reprodução/Instagram