Um recente estudo feito por pesquisadores da USP foi publicado na revista Cancer Research revelando que os tratamentos usados no combate ao câncer no cérebro podem alterar a forma de como o DNA tumoral age diante dos medicamentos. A descoberta pode representar o primeiro indício para a mudança em como esse tipo de câncer é tratado.
O Glioma é um dos cânceres mais comuns do cérebro, tendo sua incidência maior em pessoas idosas a partir de 75 anos e raramente aparece em crianças. Uma das características seria a classificação da agressividade e gravidade desse tipo de tumor, essas alterações são as chamadas de alterações epigenéticas, ou seja, processos bioquímicos que modificam o padrão de expressão dos genes.
Uma das autoras do estudo Tathiane Malta explica que as alterações epigeneticas precisam ser confirmadas e desenvolvidas na progressão de tumores mais agressivos "Observamos nos pacientes com tumores de baixo grau que receberam tratamento uma alteração epigenética que deixou esses tumores parecidos com tumores de alto grau, que são muito mais agressivos; parece então haver uma associação entre o tratamento e as alterações no DNA desses pacientes”.
Foto de um medico com uma interface de saúde(Reprodução/Busakorn Pongparnit/viagettyimages)
Características mais relevantes
Alguns aspectos observados nas alterações na epigenética foram a maior proliferação de células tumorais, o aumento de células vasculares e mudanças no microambiente tumoral. No entanto, a mais notável em pacientes IDH1 mutantes foram os que são tratados com quimioterapia ou radioterapia, apresentaram alterações maiores no epigenoma tumoral.
“Vimos que esses gliomas apresentam níveis iniciais elevados de metilação do DNA, que são progressivamente reduzidos quando há recorrência da doença após a quimio ou radioterapia, e se tornam mais agressivos”, relata Malta. “Já o epigenoma dos pacientes IDH selvagem – os inicialmente mais agressivos – são mais estáveis, com níveis relativamente baixos de metilação, ou seja, nesse caso, os tumores primários são bastante parecidos com os recorrentes, inclusive porque já se encontravam em um grau máximo de agressividade. Isso quer dizer que o tratamento, de alguma forma, modifica esse tumor, e essa mudança está associada à agressividade.”
Avanços nos estudos
Em âmbito atual, com a ajuda da FAPESP, avaliações dos cientistas sobre a evolução epigenética dos gliomas foram à pressão terapêutica. Os dados incluíam informações tanto sobre o tumor primário quanto o pós o tratamento, o que permitiu uma melhor comparação.
Os estudos são para entender como a descoberta pode seguir a sua real importância para o tratamento logicamente não só dos gliomas, mas outros tipos de câncer. E, a primeiro momento, a realizar tratamentos de linhagens de tumores e, na sequência, em modelos para confirmar os resultados já obtidos.
Foto em Destaque: Abordagens terapêuticas(Reprodução/Charday Penn/GettyImages)