De acordo com a visão dos especialistas, o Brasil deve atingir o pico de contágio da variante Ômicron do coronavírus dentro de 2 ou 3 semanas. Considerando outros países, a tendência é que se atinja o pico de casos e, em seguida, uma queda acentuada.
A variante foi identificada na África do Sul, país que atingiu o pico de casos no dia 17 de dezembro de 2021, quando alcançou o índice de 23 mil novos casos. Hoje, os números despencaram para aproximadamente 5 mil casos. Enquanto no Reino Unido, o pico da média de casos foi atingido em 6 semanas, com 182.890 registros. Já no Brasil, nesta terça-feira (18), o país registrou um novo recorde na média móvel de casos da Covid-19 desde o início da pandemia, com 83.205 casos por dia.
Cientistas divulgam primeiras imagens em alta resolução da variante Ômicron. (Foto: Divulgação/Instituto Gamaleya)
Durante uma entrevista à CNN nesta segunda-feira (17), o infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Julio Croda, falou sobre o avanço da variante Ômicron no Brasil.
Segundo Croda, o pico da variante Ômicron pode ser atingido no final de janeiro a início de fevereiro, e a situação pode piorar nas cidades com baixa cobertura vacinal devido à maior suscetibilidade dos não vacinados:
“A Ômicron é mais transmissível, em pessoas vacinadas ela não causa doença severa, mas em não vacinados pode causar internação e óbito. A nova variante não vai causar o mesmo número de óbitos da variante anterior, mas pode estar associada ao aumento de número de hospitalizações e eventualmente pode impactar nos serviços de saúde, não é menos grave”, pontua.
O infectologista também explica que a onda forte da nova variante, após as festas de fim de ano, se tornou um tsunami:
“Vamos observar essa curva aqui e o estado onde isso será visto precocemente é São Paulo, que teve os primeiros casos. No entanto, como teve réveillon e férias, houve uma sincronização entre as regiões. É um tsunami que vem e vai muito rapidamente. Se considerarmos a semana entre Natal e Ano Novo como início da curva epidemiológica, teremos o pico no começo de fevereiro para depois começar a queda. Isso, claro, se a nossa curva epidêmica se comportar de forma semelhante”, salienta Croda.
A pós-doutora em epidemiologia pela Universidade Johns Hopkins, Ethel Maciel, alerta para a dificuldade de visualizar a situação atual do Brasil devido ao apagão de dados e a pouca disponibilidade de testes:
“O problema no Brasil é o de sempre: não temos testes, e com o apagão de dados temos menos noção ainda do que está acontecendo. É difícil cravar com precisão acertada”.
Com o avanço da contaminação, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica disse que a corrida global por testes levou a uma escassez de insumos e não há estimativa para a normalização do fornecimento.
Foto Destaque: Grande movimentação de pessoas na rua 25 de março em São Paulo. Foto: Reprodução/Bruno Rocha/Estadão Conteúdo/G1.