Com a pandemia da COVID-19 ainda em andamento, uma segunda ameaça à saúde pública coloca o mundo em alerta: um surto global de varíola dos macacos. Até o dia 8 de junho, 29 países das Américas, Europa, Norte da África, Oriente Médio e Austrália haviam relatado mais de 1.000 casos suspeitos e confirmados da doença, também chamada de ‘monkeypox’. A varíola dos macacos é endêmica na África Ocidental e Central, e o vírus causa ocasionalmente surtos em outros lugares do mundo, mas a maioria é rapidamente contida ou se dissipa.
Esse surto parece muito diferente, diz Anne Rimoin, epidemiologista da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, que há muito estuda a varíola dos macacos na República Democrática do Congo (RDC). "Ficamos preocupados quando notamos um vírus fazendo coisas que normalmente não vemos", diz a epidemiologista.
A confirmação da ‘monkeypox’ em pessoas que não viajaram para uma área endêmica é atípica, e mesmo um caso da doença em um país não endêmico é considerado um surto. Embora a maioria dos casos não esteja associada a viagens a partir de zonas endêmicas, os Estados-Membros estão relatando também um pequeno número de casos em viajantes da Nigéria, como foi observado anteriormente.
O aparecimento súbito e inesperado da varíola dos macacos simultaneamente em vários países não-endêmicos sugere que pode ter havido transmissão não detectada por algum tempo desconhecido seguido por eventos amplificadores recentes.
Manifestação de sintomas da varíola dos macacos no corpo. (Foto/Reprodução/TTD)
A OMS avalia o risco ao nível global como moderado, considerando que essa é a primeira vez que muitos casos e sintomas da ‘monkeypox’ são relatados simultaneamente em países não endêmicos e endêmicos em áreas geográficas da OMS amplamente díspares.
A epidemiologista Rosamund Lewis, diretora da OMS e chefe do departamento de análise do vírus, salienta que a ‘monkeypox’, que causa lesões cutâneas semelhantes às da varíola humana, não é facilmente transmitida, e sua propagação pode ser tipicamente limitada por casos isolados. "Não é uma preocupação para a maioria das pessoas", declarou.
Não existem tratamentos especificamente aprovados para a varíola dos macacos, mas vários antivirais e um tratamento com anticorpos são por vezes utilizados para tratar a infecção. As pessoas que foram recentemente expostas ao vírus em países como França e EUA também podem receber uma de duas vacinas — ACAM200 ou JYNNEOS — para reduzir a gravidade dos seus sintomas ou prevenir a infecção completamente. As vacinas ainda não estão disponíveis em larga escala mundial.
Foto destaque: Vírus da varíola, dos quais existem muitos tipos, incluindo varicela, varíola dos macacos e varíola humana. (Reprodução/AFP)