Saúde

Nova geração de drogas circula no mercado ilegal

Os chamados pró-fármacos são substâncias que o corpo humano pode produzir, o que acaba por dificultar sua detecção.

31 Jul 2023 - 11h00 | Atualizado em 31 Jul 2023 - 11h00
Nova geração de drogas circula no mercado ilegal Lorena Bueri

O mercado ilegal conseguiu uma nova forma de burlar agências reguladoras por meio de pró-fármacos, substâncias que podem causar efeito depois de serem decompostas por enzimas do sistema digestivo ou por outras reações químicas do nosso corpo.

Diferentemente da maioria de substâncias ilícitas, os pró-fármacos funcionam por meio de interação com receptores das células cerebrais, estimulando ou bloqueando a liberação de substâncias chamadas neurotransmissores. Seu tempo de duração é curto, até serem transformadas em substâncias inativas, que são eliminadas do corpo pela urina. 

Há o uso de farmacológicos legítimos, cerca de 5% a 7% dos medicamentos estão nessa categoria, mas o uso para dificultar a detecção de drogas é relativamente novo.

Primeiros casos

Em 2014, o governo do Reino Unido relatou o ALD-52 (1-acetil-LSD), um pró-fármaco que é convertido pelo corpo em LSD, mas ainda não havia relatos de confisco de drogas ou danos reconhecidos. Desde então, muitos outros pró-fármacos foram identificados ao redor do mundo. 

Na pandemia de covid-19, a apreensão de pro-fármacos de LSD aumentou na Itália, assim como no Japão, mas com compostos similares ao LSD. 


Mercado ilegal encontra novos jeitos de burlar fiscalização (Foto: Steve Buissinne/Pixabay)


A droga recreativa GHB também tem um pró-fármaco, o GBL (gama-butirolactona). Em 2022, o Reino Unido criou controles mais rígidos sobre o GBL, que era vendido como produto de limpeza. Após recomendações do Conselho Consultivo sobre o Mau Uso de Drogas do governo britânico, o pró-fármaco foi considerado droga da classe B, como a maconha, por exemplo.

Os primeiros relatos desses pró-fármacos de LSD feitos no Brasil foram realizados ano passado, em 2022.

A detecção

Para detectar drogas, agências reguladoras precisam de amostras de referência para comparar a droga ou equipamentos avançados para descobrir sua estrutura molecular. Uma mudança química pode levar a diferentes padrões, esses novos medicamentos são facilmente perdidos.

Os pró-fármacos são convertidos dentro do corpo antes de serem ativos, então eles ficam ausentes em casos de overdoses fatais, pois o que causa o dano é o produto dessa transformação.

A identificação correta de qual droga foi usada pode ajudar a indicar as tendências de vendas ilegais, o uso e a disponibilidade. 

A inclusão dos pró-fármacos vem sendo progressiva, e estão principalmente em regulamentações mais rígidas.

 

Foto Destaque: agrupamento de drogas. Reprodução/Myriams-Fotos/Pixabay

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