Em estudo recente, cientistas propuseram o uso de Inteligência Artificial para a detecção e o monitoramento de uma doença degenerativa, a Esclerose Lateral Amiotrófica, ou ELA. No artigo, que tem a presença do pesquisador brasileiro Guilherme Oliveira, os autores utilizaram IA para analisar vídeos faciais de pacientes à procura de sinais de paralisia facial.
Detalhes do estudo
O artigo foi publicado na Digital Biomarkers, uma revista científica que reúne trabalhos que combinam Ciência da Computação, Engenharias, Biomedicina, Informática e outras disciplinas próximas. Oliveira, um dos brasileiros do estudo, explicou à CNN, em entrevista, que desenvolve essa pesquisa desde seu doutorado, na Universidade Estadual Paulista (Unesp). Atualmente, o pesquisador trabalha na Austrália, no Instituto Real de Tecnologia de Melbourne (RMIT).
No artigo, os autores explicam que a ELA, doença focal no estudo, é uma condição que causa fraqueza e a perda de certos movimentos musculares voluntários. Um dos sinais precoces dela é a redução da expressão facial, mas que pode ser bastante sutil e propensa a diagnósticos equivocados. Por isso, a proposta do estudo foi utilizar ferramentas de Inteligência Artificial para analisar a expressão facial de indivíduos saudáveis e diagnosticados com ELA, e comparar as diferenças.
O objetivo de utilizar IAs não é substituir o lugar dos médicos, mas de auxiliar os profissionais na hora de fechar um diagnóstico e acompanhar o paciente. Ainda para a CNN, Guilherme Oliveira afirma que a IA “não é algo para substituir os exames tradicionais, é para ajudar a identificar para monitorar o progresso [da doença], sempre auxiliando um médico”.
Ferramenta poderia auxiliar no diagnóstico médico e acompanhamento de pacientes com a doença (foto: reprodução/andresr/Getty Images embed)
De acordo com os autores do artigo, mais investigações ainda são necessárias. No estudo atual, todos os pacientes analisados tinham por volta de 60 anos. Por isso, no futuro o foco deverá ser em analisar como fatores de idade e etnia impactam no processo, para então otimizar a técnica e incluir pacientes mais diversos na população estudada, aumentando assim a quantidade de dados disponíveis.
Expectativas para o futuro
O estudo abre portas para um uso ainda mais amplo de Inteligência artificial na detecção de outras doenças. O grupo de pesquisadores pensa em expandir para outros casos e já chegaram a testar a ferramenta em pacientes com Doença de Parkinson, que também causa fraqueza muscular, e vítimas de Acidente Vascular Cerebral, ou AVC.
Foto destaque: pesquisadores (reprodução/Nitat Termmee/Getty Images embed)