Especialistas alertam para o uso contínuo do Rivotril, remédio para o tratamento de sintomas como ansiedade, fobia social e epilepsia. O aviso visa chamar atenção para os possíveis riscos de abuso, tolerância e dependência do medicamento. O psiquiatra Márcio Bernik alerta para os perigos da prescrição imediata e sem indicações para o abandono do clonazopam.
Perigos do uso contínuo
Nos anos de 1960, as farmácias começaram a comercializar benzodiazepínicos, medicamentos para o tratamento de alguns sintomas psicológicos e quadros psiquiátricos. O Rivotril está neste conjunto e, atualmente, é um dos mais conhecidos pelos consumidores.
Passadas algumas décadas, porém, a prática mostrou que o uso dessas medicações, das quais o Rivotril é a marca comercial mais famosa, requer alguns cuidados básicos.
No entanto, profissionais da saúde indicam que haja um limite para o consumo desses comprimidos. Especialistas explicam que, quando há um uso contínuo dessa substância, os pacientes irão precisar ser remediados com maiores doses para atingir o mesmo efeito.
Com isso, o remediado pode acabar criando uma dependência emocional com as pílulas. O psiquiatra Márcio Bernik, coordenador do Programa de Transtornos de Ansiedade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo (IPq-FMUSP), diz que o remédio deve ser prescrevido com certo cuidado: “Os benzodiazepínicos não são nem venenos, nem panacéias universais”.
Márcio Bernik, psiquiatra e coordenador do IPq-FMUSP. (Foto: reprodução/Simpósio da Ansiedade)
Abandono do medicamento
Bernik explica que o medicamento irá trazer um alívio durante certo tempo. “Eles podem ajudar no período de duas a três semanas em que os antidepressivos demoram para começar a fazer efeito”, explica o médico.
Porém, Márcio relatou que já atendeu pacientes que usam o medicamento há anos e não receberam orientações para abandoná-los. O psiquiatra contou sobre uma paciente que, após uma separação com o marido, foi até um posto de saúde e recebeu a orientação médica. Mas, o médico acrescentou que “isso aconteceu em 1968 e ela continuou a tomar o remédio por décadas” .
Para que aconteça o abandono do medicamento, o indicado é procurar um médico que prescreve um “desmame”. É um momento que as doses são diminuídas ao longo do tempo, para que os sintomas de abstinência sejam controlados.
Foto destaque: Caixa de Rivotril. Reprodução/ICTQ